O vento soprou pela janela
Espalhou as folhas da mesa
Jogou-as ao chão
Olhei o movimento dela
Simples e inquietante
A folha estava ali, esperando a poeira
E veio o vento, sem pedir licença
Num rompante
Jogou-a longe, moveu, sacudiu
E a folha gostou
Espalhada, estatelada, caiu
Lá ficou sem reclamar
Pensando no vento
Que lhe arrebatou, lhe deu importância
Um momento
O vento, sem cerimônia, lambeu
Refrescou sua existência, num enlace
Fez a folha se sentir mais
Alma
Deixou que ela voasse
Ela sentindo o vento, cedeu
Nunca vai esquecê-lo
Ele sopra eternamente
No coração de quem ama
Ela vê nele a vida, o frescor
Rompendo caminhos
Sacudindo e mexendo
Com a folha, comigo
Contigo, o meu amor
Gerson Rocha© |