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Cronicas-->Jacas -- 22/07/2002 - 21:43 (JANE DE PAULA CARVALHO SANTOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jacas


_ Você já viu a jaqueira carregada que tem lá no início do eixinho?
Era minha amiga Dirce, transbordando de contentamento por que havia visto um elo na cidade, que ligava às suas origens. E eu, bicho urbano, como confessar que jamais havia visto uma jaqueira, quanto mais carregada? Aliás, jacas, com todo aquele tamanho, não deveriam nascer rasteiras?
Mas lá fui eu, contagiada pela euforia da minha amiga, à cata da tal jaqueira. E assim, todos os dias fiscalizava as árvores da asa sul - do início ao final. E... nada. Nem jaqueira, nem pessegueira, nem figueira... Não tinha a mínima de como poderia ser a aparência destas plantas - baseava-me apenas nos frutos que já vi.
_ Dirce, acho que comeram suas jacas...
_ Não! Eu as vejo todos os dias pela janela do ónibus. São enormes, mas estão verdes. Quando madurarem, vou armar um jeito de roubar uma...
_ Pois eu, há uma semana que não paro de olhar praquelas bandas e não consegui ver lhufas. Estou começando a achar que essa jaqueira é fruto de sua imaginação fértil.
Minha amiga, além de não gostar do trocadilho infame, se ofendeu por eu ter posto em dúvida sua maior certeza rural no centro urbano - veja, nascem jacas no planalto central. Tive medo de perder a amiga e resolvi não tocar mais no assunto, embora não conseguisse parar de procurar a jaqueira - em vão.
O tempo passa, as jacas amadurecem e são colhidas ou apodrecem e morrem, sei lá... Sei que esqueci o fato, minha amiga Dirce foi trabalhar noutro lugar e eu também fui cantar noutra freguesia. E anos depois, sem quê nem porquê, olhando pela janela do ónibus... ora bolas, as jacas da Dirce !
Uma sensação de vitória me rodou o corpo e eu me senti mais completa - afinal não seria intrínseco ao ser humano reconhecer jaqueiras? Tentei de todas as formas (juro, Dirce !) telefonar para minha amiga e me retratar, mas foi impossível. De qualquer forma, o cerne da questão é de madeira do cerrado, torta e grossa - inútil para construção, mas excelente no cenário da rotina, pano de fundo de nossas atuações. E a jaqueira continuará florindo (qual será a aparência de uma flor de jaca?) e rendendo frutos por tanto tempo quanto o criador desejar, ainda que no planalto central, mesmo que numa alucinação coletiva (com alguns anos de interstício).

Jane
28/03/98 22:15

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