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Contos-->O PRECEPTOR -- 28/09/2002 - 03:36 (Danna D.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PRÓLOGO:

Era costume na Grécia antiga, os filhos de famílias abastadas serem entregues a um homem mais velho encarregado de cuidar da sua educação e de iniciá-los sexualmente. Acreditava-se que seu esperma transmitiria ao jovem pupilo heroísmo e nobreza.

- I -

Aos doze anos, meu nobre pai me confiara aos cuidados de Cadmo, um homem culto e conhecido, que nos honrara aceitando ser meu preceptor. Aos meus olhos era um homem de idade, afinal já contava trinta anos, embora se mantivesse belo e elegante pois quando jovem havia praticado atletismo. Passávamos horas estudando, ele me ensinando ciências e matemática e eu, sonhador, entusiasta pelo desenho e pela arte de uma maneira geral. Certa feita, Cadmo me surpreendeu desvendando meu pequeno segredo e ao invés de me castigar apenas sorriu e murmurou:
- Heleno, meu garoto, serás um grande artista.
Deste dia em diante passou a exortar meu amor pela arte e eu, orgulhoso, a exibir meus desenhos e pinturas rebuscadas. Não foi difícil perceber em seu olhar que elas lhe agradavam e que, mesmo não sendo eu um perito em cálculos, no fundo o deixava orgulhoso por meu talento.

- II -

Por vezes passávamos horas calados, eu com a cabeça em seu ombro e ele a acariciar meus cachos louros. Não havia noite em que antes de adormecer não encontrasse seus olhos límpidos a me observarem, como que avaliando meu crescimento. Nestes momentos, impelido por uma emoção estranha, abraçava seu pescoço para lhe desejar boa noite e recebia seu beijo cálido nos lábios. Era, então, possuído por uma sensação extraordinária que me levava à excitação, me enrijecendo o sexo. Não sabia explicar, porém, era notória a impressão de que havia algo represado em mim prestes a explodir.

- III -

Ao fim de alguns meses e após muitos beijos, cada vez mais ousados, notei que não mais conseguia me concentrar nas aulas. Apesar da minha pouca idade era assaltado por ereções freqüentes, principalmente quando estava ao seu lado. Isto se tornou tão evidente, que em certa ocasião Cadmo se levantou e, simplesmente, me tomando pela mão me conduziu, pela primeira vez, a seus aposentos. Neste dia nos tornamos amantes.

- IV -

A situação criada entre nós era tão arrebatadora que não nos afastávamos mais, passando, inclusive, a dormir no mesmo leito. Ele próprio me banhava, fato que me acarretava um prazer inigualável. Sua boca percorria, ávida, minha carne tenra e eu suspirava, morria e renascia em seus braços. Meu querido amante me ensinou a lhe dar prazer do mesmo modo e eu, de início, assustado ante a torrente que se precipitava em minha garganta temia morrer sufocado. Posteriormente, aprendi a lhe proporcionar prazeres mais sofisticados como lhe sugar os testículos, um a um e depois, mais experiente, a abocanhá-los com cuidado. Não havia censura entre nós. Todas as ousadias eram permitidas. Até os alimentos trocávamos, apaixonados. Passamos a viver estritamente um em função do outro.

- V -

Com o passar dos anos abandonei os desenhos e a pintura mergulhando fundo no estudo da Filosofia. Cadmo era um grande mestre e incentivador, sendo esta sua matéria preferida. Assim sendo, gastávamos horas e por vezes dias discutindo tópicos de um determinado assunto e tecendo comentários.
Além do profundo amor que nutríamos um pelo outro se criou um companheirismo ímpar que meu pai tentou destruir, ao me obrigar a um casamento indesejável. Aos seus olhos, com vinte anos, eu deveria constituir família e abandonar aquilo que ele chamava de pederastia. Recusei, furioso. Criou-se um problema familiar e meu preceptor, até então acolhido como amigo, foi proibido de pisar em nossa casa. Saiu de cabeça erguida. Eu, revoltado, o acompanhei.

- VI -

Optamos por deixar Atenas e nos instalamos em outra cidade onde criamos uma escola de filosofia. Nosso principal lema era a liberdade, fosse do pensamento ou do viver. Decorridos cinco anos figurávamos como cidadãos ilustres, sendo nossa escola frequentada pela nata da sociedade. Evidente que todos tinham conhecimento do nosso homossexualismo, mas éramos respeitados.
Infelizmente, Cadmo veio a falecer aos cinqüenta anos de uma doença desconhecida, que lhe provocava convulsões. Nesse tempo todo estive a seu lado e jamais o abandonei.


EPÍLOGO:

Aos trinta e cinco anos resolvi deixar a escola nas mãos dos nossos melhores alunos e saí pelo mundo, resolvido a pregar aquela filosofia que meu amor me ensinara.
Alguns me consideraram excêntrico. Outros anormal.
Da minha parte lhes digo que vivo tranqüilo e em paz, livre de todo e qualquer tipo de preconceito e, sobretudo, não me deixando prender às convenções sociais.

Escrito em 28/09/02
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