Ao chegar o fim de semana,
Quando descansa o trabalhador,
O bar e´ o templo que irmana
Vizinhos, amigos e quem la´ for.
Torna-se o espaço da ilusao
E o copo de cerveja o remedio,
De uma esperança ja´ no chao,
Para a cura de nosso tedio.
Embora combatido pelos puritanos,
Rejeitados pelos falsos cristaos,
O bar vai resistindo aos anos
E deixando rastros pelo chao.
A Historia contara´ a verdade
De que foram os acontecimentos
Importantes, nascidos na amizade
De seus frequentadores atentos.
No bar nasce o bem e o mal.
Ambos terao grandioso fim.
A politica que mudou o seu fanal,
Nasceu numa cervejaria de Berlim.
Viaja celere a filosofia
Nas conversas de bar,
O vate faz sua poesia,
A moça chicletes vai comprar.
O bar nao e´ da arte o espaço,
Porem, e´ nele que a alma se cura
De todas as pressoes e do cansaço,
E ainda sobra algo da cultura.
Por isso que nao se julgue o bar.
Julgue-se das ideias a indigencia,
Cujo nascedouro e´ o proprio lar,
Onde provoca as maiores violencias.
Depois e´ que o indigente,
Vai ao bar explodir sua ira,
Nao pensa no amigo que e´ gente,
E no procedimento que lhe fira.
Todos nos passaremos nesta vida,
Passaremos pelos problemas do lar
E teremos nossas contas redimidas,
Mas, ficara´ aquela conversa de bar.
(Jeovah de Moura Nunes)
do livro "Bar, Cachaça e Poesia"
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