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Poesias-->Edifício Santa Imaculada, 223 -- 09/12/2002 - 03:20 (Thiago R. M. Guedes) |
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Meio que sem saber
meio que sem pensar em nada
estava tudo tão azul
Estava tudo tão claro
Estava apenas ali na rua olhando aquele prédio
Estava tudo tão novo
Estava tudo com tão bom cheiro
Estava tudo me remetendo a esquecer os afazeres do dia
Oque havia de cinza já era
Nada havia restado daqueles lugares secos
Lúdicos
Me fizeram acreditar que eu era outro
Me fizeram acreditar que poderia o ser
Outro, nunca poderia
Por mais que faça
Por mais que mude
Ainda serei eu
Ainda fará parte de mim
Ainda fará parte dos meus vícios tantas vezes criticados
Ainda fará parte dos meus vícios tantas vezes bem vistos
Uma verdadeira vontade louca de mergulhar
Uma piscina grande, infinita
Uma piscina rasa e segura
Uma piscina de comprimentos inimagináveis, inalienáveis
Inalienáveis por mim
Eu posso, eu posso, eu posso
Não preciso fingir
Não preciso sorrir
Não preciso parar de dançar
Não preciso pôr o guardanapo no fundo do copo
Isso não me bem
Isso não me faz sentido
Tanto por vir
Tanto em mim
Uma visão de um prédio, um espelho da minha alma
Minha infinita alma, sou eterno
Você sabe o que isso significa?
Se quisermos nunca deixaremos de nos ver
Se quisermos sempre poderemos nos olhar
Sorrir do tempo
Sorrir de uma piada bem bolada
De uma estória
Sempre poderemos
Sempre poderemos nos apaixonar
Sempre poderemos voar
Sempre poderemos querer, realizar
Eu sou eterno, eu sou eterno
Eternos onde o norte é sermos iguais
Sermos tão parecidos
Somos todos um só
Eu, você, Deus, ela
Ela, eu sou a mesma coisa que ela
Assim como você
Assim como você também
Devemos nos amar tanto
Temos tanta luz
Temos tanta escuridão
Sabemos fazer com que as coisas façam sentido, gostamos disso
Podemos brincar com isso porque é bom
Podemos dançar pela eternidade porquanto isso nos for bom
Amando, nos encontrando, aprendendo, crescendo
O que seria do pensamento humano se vivêssemos mais 500 anos
Imagine minha maturidade com 423 anos
Imagine como eu poderia fazer amor com 423 anos
Em plena forma, saúde e felicidade
Um corpo que não sabe o que é mazela, não sabe o que é fim
Aquele prédio me fez pensar tanto, tanto
Havia parado ali porque peguei um cigarro,
Um que tinha acabado de fazer
Um com folhas de tabaco plantadas por mim
Por minhas mãos
Folhas regadas ao orvalho
Plantas que tiveram minha cachorrinha andando por entre suas folhas
Apenas balançando o rabinho, apenas fazendo isso
Como não tinha fósforo eu os pedi para um senhor que estava sentado no fiteiro
Em frente aquele prédio
Ele me deu um, oque foi o suficiente
O ar estava tão puro, o fumo estava do meu agrado
Agradeci
Continuei andando e sentei num bar
Pedi uma cerveja
Não fiz mais nada
Ali
Comendo amendoim
Tomando caldinho
Bebendo cerveja por toda a tarde
Ainda tonto chegue em casa
Imagine
No meu bolso uma caixinha de fósforos com as duas lixas ainda por usar.
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