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Contos-->24 horas -- 29/09/2002 - 23:28 (Thiago Braz Novaes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


- Alô ?
- Quem é ?
- Sou eu idiota.
- Fala Neguinho.
- Sabe o plano, mano, terá que ser hoje.
- Mas eu não estou preparado!
- Então se prepare. Será às 5 horas, deixe a garagem entreaberta que no máximo cinco e meia eu estarei aí.
- Certo. eu ficarei esperto.
- Bom tenho que desligar. Tchau.
- Tchau.




"Bom, pelo começo vocês já devem ter percebido que esses dois amigos tramaram alguma coisa e esse mistério nós desvendaremos no decorrer dessa história ."

João José, o Neguinho, nome citado no diálogo anterior, é um rapazola de mais ou menos 28 anos que nunca estudou, muito menos trabalhou, ele vive em um barraco na favela da Rosinha subúrbio do Rio de Janeiro, ele é muito comentado por sua sutileza e astúcia quando o assunto é negócio.
Paulo Castro , de 19 anos, chamado pelos íntimos por PC, embora more no centro, num bairro rico e estude na melhor faculdade da cidade, é o companheiro inseparável de Neguinho. Os dois mantêm uma grande amizade sem preconceitos e que começou a muito tempo.
O cotidiano dos rapazes era se divertir e dar muitas risadas e como o ditado diz “estava muito bom para ser verdade”. Paulo começou a desconfiar do amigo e ficar preocupado pois este andava muito quieto e impaciente, foi quando decidiu interrogá-lo:
- O meu, o que está rolando contigo ?
- fica na tua que vai ser melhor para você ?
Depois dessa conversa os dois ficaram algum tempo sem se falar e só voltaram a conversar quando , já desolado, Neguinho pediu ajuda e um consolo:
- Pô cara, não agüento mais.
- Não agüenta mais o que ?
- É que... eu estou com um probleminha aí.
- Não enrola, desembucha logo.
- Eu... Eu estou metido em uma encrenca das piores, um lance da pesada e não sei como escapar dele. Lembra aquele dia que nós ficamos de se encontrar, eu não apareci e ti dei uma desculpa enrolada.
- É verdade tu me deixou na mão e depois daquele dia você nunca mais foi o mesmo.
- Pois é, estava andando pela rua e de repente dois homens elegantes me abordaram e logo foram perguntando o meu nome. Eu disse e eles falaram que eu deveria fazer um troço para o chefe deles. Entrei na maior furada.
- E o que eles pediram ?
- Eles mandaram eu roubar um carro de um empresário que fica sempre lá no shopping, na hora do aperto eu disse que faria e agora estou arrependido e na maior tensão. É isso, você é o único que pode me ajudar, bicho.
- Xiiiiiiiii é sujeira das grandes, eles não vão sossegar em quanto tu não arranjar a mercadoria. Mas fique tranqüilo pra tudo se dá um jeito. Ouça com atenção, o plano será esse...
João pensava que teria tempo para bolar um plano melhor e mais seguro mas foi surpreendido novamente pelos capangas que nervosos pela lentidão deram um prazo de 24 horas para terem o carro na mão se não Neguinho seria apagado do mapa.
É aí que vem a conversa dos dois amigos do começo da história.
Era o dia, ao colocar no gancho o telefone, João saiu do orelhão e foi direto para o seu barraco, onde tomou um copo de água com açúcar pois não tinha um tostão para comprar um calmante, apenas tinha alguns reais que seu companheiro lhe dera para pagar a circular até o local do roubo...
... Já na esquina da garagem do shopping Neguinho rezou uma das únicas coisas que sabia em relação a Deus, um sinal da Santa Cruz e beijou seu crucifixo que encontrara um dia jogado no barro perto da favela. Era hora de agir, usar a sua malícia e rapidez, é claro que ao entrar na garagem ele foi barrado pelo guarda mas conseguiu engana-lo facilmente.
Pronto, já estava dentro da garagem caminhou lentamente até o lugar onde lhe disseram que estaria o carro. Quando chegou perto, viu o nome do veículo, uma Mercedes-Bens muito bonita que chegou a deixa-lo um pouco extasiado. João, com a técnica que os homens lhe ensinaram, abriu o carro com uma facilidade que lhe espantou. É parece que ele tinha jeito pra coisa. O resto foi muito rápido, entrou ligou o carro, checou a gasolina, estava sob controle e saiu rasgando ,ou seja, cantando pneu, só viu o guarda gesticulando e a cancela toda arrebentada , pelo retrovisor.
A primeira parte do plano estava completa, foi aí que bateu o desespero, Neguinho começou a chorar como criança, infligiu a lei, era fugitivo e ladrão do carro de uma das pessoas mais ricas do país, logicamente que logo a polícia inteira do Rio de Janeiro estaria atrás dele e por um momento se sentiu perdido na cidade que ninguém melhor que ele a conhecia. O próximo dever o chamava, estava descontrolado, suas mãos e pés tremiam a consciência pesava e um barulho de celular o despertou, achou estranho porque o barulho vinha do seu bolso, o PC o havia colocado naquela tarde e na ansiedade ele nem percebera, sem hesitar atendeu, o amigo então lhe disse:
- É cilada, uma roubada, desligue rápido!
Antes de jogar o “destino” pela janela João ouviu os gritos de dor do seu amigo, certamente devia ter levado um coro dos policiais.
Isso só deixou Neguinho mais triste, se sentindo um monstro, pois havia metido seu melhor amigo, um jovem de futuro feito e garantido, num problema seu, tinha acabado de selar o destino do garoto, um moquifo de cimento, três paredes, uma grade de ferro com muitos homens fazendo guarda e outros lhe fazendo péssima companhia.





Foram poucos os momentos em que João ficou pensando , ouviu um zumbido em seu ouvido: era o som da sua morte - a sirene do carro policial que aumentava rapidamente e provavelmente vinha na sua direção. Não lhe restava mais nada e revoltado Neguinho não se rendeu, travou uma perseguição digna de filmes exagerados de ação, sobraram batidas em carros que não tinham nada a ver com a coisa, sinais vermelhos se tornaram verdes, pessoas quase eram atropeladas, o carro estava descontrolado, derrapadas e muitos automóveis ficaram pelo caminho, capotados, batidos, arrebentados e alguns até pegando fogo.
João José seguia firme e forte sem rumo quase sem gasolina e com a Mercedes toda destruída, mesmo assim chegou a ficar confiante em se salvar quando despistara todos os carros, infelizmente era só uma emboscada, logo a cem metros estava muito bem armada uma barreira policial, ele viu, não tirou o pé do acelerador, bateu, nada sofreu , quase desmaiado ouviu policiais berrando para ele sair do carro, mas ele tinha sua ultima tentativa, a arma, saiu do carro atirando, matando, instantaneamente a polícia também atirou, ele correu, foi atingido, não era mais um foragido agora era um morto á tiro. Esse foi seu final, para ele digno, para o amigo insuperável, insuportável tanto que este não agüentou muito tempo na prisão, condenado por ser cúmplice de um roubo que envolveu a morte de pessoas, PC passaria o resto de sua vida encarcerado, mas devido ao que ele fez, não ficou nem dois anos na prisão pois se suicidou cortando os pulsos e sem agüentar a dor da morte lenta se enforcou com uma corda. Para a família de João José ( enterrado como indigente) não teve s amargura pois este nem família tinha, enquanto , por outro lado, a família de Paulo Castro não escondeu o enorme sofrimento e não sobraram lagrimas da mãe ao ver seu querido filho morto naquele caixão de mogno e ouro descendo as cordas do túmulo.

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