São por vezes gris e frias as manhãs
nestes tristes e vazios dias que passam
E por vezes é tão triste a voz dos pássaros
que pergunto: serão eles, amanhã,
uma lágrima a cair de outros pássaros?
É por vezes numa gota de orvalho
que avisto meus dois olhos pequeninos
E por vezes já não penso, já não falo
vendo quieto, com meus olhos de menino,
minha vida numa gota de orvalho...
Paro e escuto no silêncio que me é caro
um soar indiferente, um ritornelo
repetindo amargamente, com descaso
uma vida - a mesma vida que não quero:
"pára, escuta, aceita a vida, existe e cala-te"
Paro, escuto a voz dos pássaros e calo-me
nesta triste manhã fria de inverno
Todavia, escuto a voz dos que se calam
no silêncio e me observam tristes, sérios
para então lhes confortar com um vivo e claro:
"Não, eu vivo! Vivo a vida, sonho e quero!..."
© Brenno Kenji
29.07.2000
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