- E aí, buzê... tudo em riba?
- É, indo ok, mon ami, e você? Aproveita que bebi umas a mais hoje e vou fingir que gosto de você.
- Tó na paz... sempre na paz, embora ocê me ache o bandido da luz vermeia.
- Que luz vermeia, camarada. Hoje em dia é Motoboy -isso sim que tira sangue fora das vêia. Mas tó mais bêbado hoje e por isso resolvi te azucrinar e é claro pondo a culpa nocê, meu caro. Porque eu sou sempre o santo da história. Fui pobre pobre pobre de marré marré marré e o mundo me deve - por isso continuo filha da puta tentando fuder todo o mundo e as mina de quebra!
- Mas, véio, você realmente pensa que a platéia tá aí pro seu teatrinho? Tá todo mundo levando sua vida numa boa com as alegrias e tristezas normais sem nem lembrar que V. Excia existe.
- É, mas eu ainda acho que isso é melhor do que pendurar abóbora no pescoço. Adoro ficar dando uma de intelectuar citando letras fora de moda de Lennon-Mac Cartney que me dão uma sensação de poder...!!!
- "Intelectuar dos pobre?" Bem apropriado, diga-se de passagem. Só rindo docê, ex-amigo, mas é aquela história. Cada um escolhe ser ridículo como quer. Eu por exemplo, escolhi ser feliz e fazer o que gosto - e sabe por quê? Porque sou competente e posso fazer isso, agora uns e outros preferem se esconder no mato e fingir que são bucólicos. Mas não liga não. No fim de tudo, as horas de vóo (ou de palco) são minhas, não suas. Se em vez de reclamar, criticar, caluniar, estivesse tocando e cantando e espalhando o amor, saberia quanta felicidade poderias ter.
...um deles então pegou a guitarra e o microfone e partiu para mais um show maravilhoso, cheio de luzes e de fãs. Enquanto o outro coçava a bunda devido a alguns picões e mutucas do mato ao lado, enquando escrevia críticas contra o mundo em seu PC imundo de nicotina e de frustrações...
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