DENTRO DA MELANCOLIA
Acordei
mesmo sem querer despertar.
Dóem dores
dentro e fora:
braços e pernas,
cabeça e coração.
Difícil andar
e respirar.
Não quero ver,
ouvir,
falar.
Quero janelas e portas fechadas,
sem sol nem ar.
Moleza no corpo,
pior que ter preguiça.
Nos olhos
aflora uma lágrima
pra quebrar a monotonia
e lembrar que estou viva.
Nenhuma alegria?
Sim,
uma enorme alegria
dentro desta tristeza indefinida:
no olhar apaixonado do meu cão,
inseparável companheiro,
nos pássaros que voam e pousam,
ciscando a comida das bandejas,
e no viço contente
das flores coloridas
por entre a eterna doação do verde.
15/04/2001
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