O cordel tem por ofício
quase a vida de um jornal.
Tem notícia,historia,anuncio
em reportagem em geral.
Presente no dia a dia,
quer na prosa ou na poesia,
é cartilha nacional.
Na feira ou folheteria
e nas bancas vai em frente
reportantdo ao povo imenso
as coisas de nossa gente
do bhóia fria ao doutor
do mestre ao construtor
no comércio refulgente.
O escritor é jornalista
lavra a terra e vê no chão
a semente que germina
o progresso da nação.
Como profeta feliz
reflorece no que diz
letra por letra a lição.
O progresso pouco a pouco
no sertão faz-se infinito
e leva a mão primitiva
todas as cores do infinito
revelando com altivez
que o povo unido tem vez
quando há irmandade no grito.
O meu irmão cordelista
da Bahia ou de Brasília,
de Goiás ou Mato Grosso,
Rio e São Paulo em vigília,
tem do trabalho a alegria
pois da prosa ou da poesia
ganha o sustento da família.
Tenho muito viajado,
e nos trechos por onde piso
vejo com satisfação,
que do lápis mais preciso
ou das cordas de um repente,
nasce o encanto aurifulgente,
de gente que tem juízo.
No folheto ou no improviso
o pensamento do autor
tem colorido de paz
quando semeia com amor
que o [povo unido é mais forte
e do progresso o suporte
da nação em seu esplendor.
O Cordel está presente
no acampamento operário
no escritório do doutor,
no metrô pelo itinerário
e no salão de barbeiro...
No teatro brasileiro
ganha chão pelo cenário.
Saiba que o poeta reporta
dos tempos toda finura
que até um pesquisador
defende a sua fartura.
Sempre existe um zombeteiro
que para não gstar dinheiro
diz: - Cordel? Não é cultura!
No entanto a escola da vida
demonstra o que é patente
que o Cordel é popular
e na cultura da gente
na mais terna galhardia
é folheto e antologia,
é magia aurifulgente.
Muito aprende quem é feliz
e quer da escola da vida
sua turma de trabalho
pois o círculo da lida
tem força quando une a gente
sem discriminar nem na mente
qualquer rota percorrida.
O Cordel está presente
na capital, no sertão,
na rede,na palafita,
no barco e no avião.
Anda até de bicicleta,
pois na sina do poeta
tem nobre motivação.
Só querendo ser sequência
sem jamais encher linguiça,
com imagem momentânea,
- no cinzento não há preguiça-
busco rima para cacto
e o assunto dá impacto...
O sertão quer mais justiça.
O Cordel é céu estrelado
da cultura farto esplendor,
pelos sertóes do nordeste
ou nas cidades em flor
não teme a voz do ranzinza
nem o carregado de cinza
que seu brilho tem valor.
O Cordel fala gostoso
para o ouvido do Senhor,
~` senhora ou senhorita,
porque pinta em sua cor
celestial e bendita
sem precisar fazer fita
o mundo de seu esplendor.
Sou andarilho, valente,
meu arco íris é a estrada
por onde o sonho é constante.
Na realidade dourada
de um mensageiro fiel
desempenho o meu papel
com fala mais sublimada.
Coloco a lauda na máquina
e dedilho um viiolão,
produzindo num repente,
o que vai na imaginação,
... e no folheto gravado,
vai do forno ao mercado
oirque do esp[irito é o pão.
Quando pinto minha tela
não descuido da tintura
porque sei que meu freguês
não vive só de amargura,
Sonha com amor e com a vida
e com o salário da lida
quer o direito de fartura.
Em qualquer rua gostosa
pelas mãos do próprio autor
ou do comércio sério
o Cordel é bom cantor,
tem o espaço que merece
conversa até em voz de prece
pois sempre é bom orador.
Por isto leitor amigo,
Pelo chão preto, Mocinho,
A festa dos papagaios,
são folhetos meus, onde alinho
mensagens ao seu alcance,
e espero que não se canse
com a embriaguês do meu vinho.
De poeta e louco há quem diga
que um pouco tem todo mundo.
Nasta pátria de poesia
o sonho é belo e profundo
quando há esperança no sonho,
o medo é menos risonho
quem luta não é vagabundo.
Todos nós somos irmãos
e de Deus a terra é nossa.
Quem faz boa semeadura
com amor e paz não há fossa,
tem sempre unida a família
se trabalha sem quizília
com a vida não se faz troça.
Meu tema apresento assim
com meu espaço contente,
porque o poeta inspirado
consegue ver, felizmente,
até o sexo de micróbio
e se o tempo o faz macróbio,
fica antigo e experiente.