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Contos-->Aldo desgraçado no amor -- 03/10/2002 - 15:17 (Renato Essenfelder) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Todo mundo tem uma historia triste de amor para contar. Uma pequena tragédia, uma pequena novela de bolso sempre presente, de estimação. Dessas que se saca a qualquer interjeição e desfia-se lenta, triunfalmente. Mas ninguém como Aldo. Aldo é a desgraça encarnada, o amor frustrado em pessoa, em pessoas, nas todas as pessoas (erradas) a quem dedicou seu sempre renovado e eterno, interminável amor.

Já no tempo da camisolinha Aldo manifestara sua veia dramática, para os outros diversão ou talento. Aos treze punha o dorso direito contra a testa quando se lhe roubavam um boneco de momento, via filmes por alento, vez por outra ameaçava se matar. Foi aos catorze que conheceu com olhos de homem apaixonado Lia, a prima, o ar. Teve um troço, quase um rebento. Não queria se matar, mas só viver ao lado de Lia. Mas Lia era prima e nesses tempos tudo mais lento, complicado. Pelo menos para Aldo tudo muito, muito complicado demais. Mais do que para todos, qualquer outro. Estava convencido que seu destino era sofrer morrer por Lia. Quem entendia?

Crescido Aldo ainda ama que acha que ama e cisma que ama mais do que ama Lia. É certo que intercalou seu amor que mais que amor com umas duas Anas, vez por outra Carolina e até uma Bia, veja só, por uma letra que não Lia. Entrou para a faculdade de medicina para ver sangue e saber do corpo, saber do coração, tentar vencer o seu que – como dizia – era o de Lia. Mas desistiu da medicina – os médicos frios, os hospitais sem o perfume doce de Lia. Entrou para História só porque Lia das grandes Guerras nada compreendia.

De guerra Aldo passou a saber tudo em pouco, pouquíssimo tempo. Todas as guerras, em todos os lugares, em todas as nações. No seu corpo, no de Lia. E estudou o entreguerras e primaveras bélicas com afinco para nos jantares anuais depositar seu conhecimento as pés de Lia, que a esses tempos já seguia para a advocacia. Ela um ano apenas mais nova, mas Aldo jurava ela sempre treze e ele envelhecendo dois anos por ano, um em cada coração que no seu peito batia. Como era desgraçado no amor, Aldo!

Lia aos seus olhos era santa, para os outros não. E ele ouvia as muitas histórias em silêncio, sabendo que bem podia ser verdade que Lia... que Lia... Enfim. Aos vinte e dois ela arranjou namorado e apaixonada. Coisa rara em Lia. Coisa rara no ente que se ama mais do que ente que se deve amar. Algo mudou. Ela sempre soubera, claro, do amor de Aldo. Mesmo quem não conhecia Aldo sabia do amor de Aldo por Lia. Até eu, e justo você. Todos sabiam e levaram ao túmulo a certeza: ninguém nesta terra foi mais desgraçado no amor do que Aldo.

Com seus vinte e três anos (quarenta e seis?) ficou mais triste, sentindo-se mais distante do amor que cismava amar. O amor que lhe fazia mal, que lhe fazia tremer e do avesso acordar, querer dormir mais e viver menos, procurar Lia por cima do ombro nas lanchonetes e bares onde, sabia, ela ia. Voltou a dizer se mataria, se mataria. Mas como quem fala nada faz, Aldo continuou por muitos anos apenas falando se mataria, se mataria. Até que um dia foi atropelado e não sobrou nada do seu corpo, nem o coração jurado até o fim só de Lia, só de Lia. Ela na França, pela época da tragédia, já solteira. Estudando pintura ou poesia.

Mas Andréia, pobrezinha, que nem tinha entrado na história... Andréia do ex-namorado Carlos ficou chorando trinta e dois dias sem parar porque se partira o amor da sua vida, a quem amara mais do que se permitia. Desgraçado mesmo Aldo, que brincava com Déia fingindo ser ela Lia, enquanto a moça (pobrezinha?) nada fingia.
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