Usina de Letras
Usina de Letras
70 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62236 )

Cartas ( 21334)

Contos (13264)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50635)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140808)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6191)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A última Valsa -- 04/10/2002 - 17:27 (Marcelo Santos Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ele estava de pé ao lado da janela observando o movimento das criaturas do lado de fora do seu pequeno mundo; as noites estavam chegando rápidas para ele, uma agonia ficar tanto tempo vagando por lugares que não lhe interessavam mais. A luz natural da Lua iluminava parcialmente seu rosto, uma figura fantasmagórica na penumbra, como se saida de um filme trash americano.
Fazia o mínimo para se manter de pé, vivo, não, não era a idade milenar que pesava nos seus ombros, eram os pensamentos que lhe atormentavam; lembranças como fantasmas jogando o eco de suas lamentações em sua cabeça.
Já tivera amigos, família, criara descendentes através dos tempos, matara por prazer, só para olhar nos olhos de suas vítimas e sorrir prá sí próprio; mantivera ao seu lado o seu mundo enquanto vivo, parentes, a família...Sacudiu a cabeça como em negação e saiu...Queria ver o colorido das ruas, a luz artificial da vida humana; de repente encontre algo com que se divertir.
Shoppings, restaurantes, de repente sentiu saudades do Sol, queria poder sentir a quentura reconfortante do astro rei que lhe foi roubado na aurora da sua vida. Olhou fotos, outdoors lhe tiravam a atenção, mas tudo mais era negro; as pessoas se divertindo com seus rostos iluminados, as crianças belas, apetitosas até brincando livres e sem medo, uma angústia estrema tomou seu corpo.
Encontrou num banco de uma praça escura um refúgio e as palavras, sons, pessoas e acontecimentos tomaram conta do seu silêncio: dialogos perdidos no tempo.
Se lembrou das brincadeiras felizes entre senadores romanos, as festas que frequentava, as sensações carnais que desfrutou, mas uma lembrança cruzou como um raio seu silêncio e as palavras começaram a jorrar no seu interior:
- Agora decidas, homem de bem...Sê forte e ganhe a eternidade, ou acabe aqui alimentando meu silêncio, o que queres?
- Me deu à eternidade, pois nada mais tenho...
- Então te possuirei como me possuiu a noite sem termo, que as trevas invadam teu ultimo segundo de vida e te guiem pelo sem fim da eternidade.
Lágrimas mancharam sua camisa enquanto seu corpo estremecia, depois de tanto tempo ainda sentia calafrios inexplicáveis.
A vingança veio assim que se descobriu imortal, de morte em morte acabou tomando para sí a herança de sangue do que o transformou. Se viu sozinho, se fastara de casa, perdera todos os laços como seus queridos amigos. Mais uma vez se deixou levar pela confusão da noite e entrou num cinema enele finalmente viu o brilho dourado do Sol iluminar suas lembranças, chorou mais uma vez...
Ali ficou pelo tempo necessário para se reestruturar e sair para a rua, parou diversas vezes e observou os transeuntes, alguns apressados, outros bem menos; casais se beijando, discutindo, troca de olhares...Ele só, no seu costumeiro silêncio, guardião de todas as dores imortais.
Será que ainda valia a pena observar tais sensações? Acompanhar o desenvolvimento da humanidade como mero expectador? Continuar com sua rotina idiota de beber sangue e não poder ver a luz do Sol?
Quantas perguntas sem resposta, quantas dores sem cura.
Voltou para casa, ligou sua Tv e sem vida se sentou em frente ao aparelho, não se importava com as notícias, não se importava com o mundo.
De repente a última lembrança lhe deu o veredicto que precisava e a imagem de sua mãe voltou a brilhar nas suas retinas, a última troca de olhares, o último sopro de vida, um circulo que se fechou...
Matar quem lhe havia dado a própria vida, acabar com o último olhar reconfortante que possuia, assassino...Chorou como a muito não havia chorado, mas viu através das lágrimas vermelhas o céu se iluminar, viu a vermelhidão do nascer do dia e sem forças se levantou, não fugiu, não se escondeu, apenas tirou sua roupa toda manchada de recordações tristes em forma de lágrimas e com um olhar prá dentro de sí ascenou para a lembrança de sua mãe...E foi se encontrar com as respostas de suas dúvidas, para o calor mortificante do Rei Sol.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui