Admoestação
Por todos os meios, tentei-te explicar,
A tão minha maneira, de te amar.
Se o faço com fados cheios de amor,
Tu dizes que gracejo com a dor.
Quando em letras, sangro o meu coração,
E me perco no luto, das horas mortas,
Tu replicas que o fiz com a intenção,
De fazer poesia, com linhas tortas.
Se pranteio na noite silenciosa,
Padecendo das tuas longas ausências,
Tu ousas chamar de vil mentirosa,
Ás minhas mais profundas dolências.
Mas, quando a minha alma cai em pranto,
Quando a outras dás o teu sorriso lindo,
Sarcástico dizes : « Não é pra tanto ! »
Só porque, por ti, ciúmes não sinto ?
Mas, agora, digo-te com clareza,
Sem trajar um poema, ou um soneto,
Que despojastes de toda a beleza,
Um amor que hoje, já não te prometo !
Cristina Pires
16/12/2002
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