130 usuários online |
| |
|
Poesias-->Cor sem cor -- 17/12/2002 - 12:11 (Javier Martínez) |
|
|
| |
Na madrugada das cinzas
o cigarro à espreita
a realidade confundida
o relógio vazio
o corpo futuro.
Cinzas do sul pobre e faminto
do norte ambicioso
dos conflitos leste-oeste
das bússolas histéricas
da carnificina celestial.
As cinzas mais cinzas em março
em janeiro pasmo, em aquário
entre pálidos invernos
de verões de fogo insano
e estações sem sossego.
Resquícios de um mundo otário
de vulcões e avenidas
de quebradas, de prefácios.
Chora a chuva nuvem cinza
o mar se evapora, cinzas d’água
o sangue coagula, vermelha cinza
o sertão, cinza de terra apagada.
Cinzas podres, cinzas velhas
cinzas frias, cinzas gastas.
Na madrugada das cinzas
as cinzas viraram cinzas
não há mais nada há dizer
a palavra virou cinza. |
|