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Artigos-->Seis coisas que o ENEM não é -- 18/10/2010 - 14:49 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
1) ENEM não é medida de excelência: Todo ano é a mesma novela. Uma escola particular de Ribeirão Preto espalha cartazes pela cidade com a notícia de que conseguiu o primeiro lugar no ENEM. Estamos novamente na época da divulgação da lista pelo INEP e lá está a propaganda. Não há outdoor divulgando a colocação do segundo colocado, nem do terceiro, muito menos do décimo. Se as orientações do INEP fossem seguidas, ninguém, nem o primeiro nem o décimo, deveria usar a nota do ENEM como diferencial competitivo. Não é proibido, mas é um flerte com a mentira. Do jeito que a propaganda vende – e a mídia repercute sem a devida crítica – parece que os primeiros são melhores que os últimos. Isso só é verdadeiro quanto ao desempenho dos alunos das terceiras séries do ensino médio na prova do ENEM num ano específico, e pode ser muito falso em termos pedagógicos.

2) ENEM não é qualitativo: Quando o INEP divulga um ranking com as “melhores” e “as piores” no ENEM, uma lista apenas quantitativa, passa a impressão de que a tal excelência educacional é demonstrada pela classificação no topo ou perto dele. Pode ser verdade e pode não ser. Depende de outros fatores não medidos na prova. Não se reconhece uma boa escola com base numa nota, assim como todo professor sabe que não é possível medir a capacidade de um aluno apenas por uma intervenção. Há muito mais a se levar em consideração. Há um contexto, o qual o ENEM ignora não por ser um prova deficiente, mas por ter outros objetivos.

3) ENEM não é sensível ao heterogêneo: É importante reconhecer, também, que o ENEM força as escolas a pensar em salas de aula homogêneas. No passado, havia uma crença de que os “bons” deveriam ficar juntos, nas classes “A”, e os “ruins” nas outras, “B”, “C”, “E”. Quanto mais próxima de “Z”, pior seria a classe. Essa exclusão, faz tempo, deu lugar à ideia de “educação para todos”. Tenho dúvidas de que a escola seja mesmo para todos, mas é verdade que o Brasil tem se esforçado para que ela se transforme nisso. Essa ideia de inclusão ampla produz salas de aula heterogêneas em todos os sentidos. O ENEM, no entanto, do jeito que está sendo usado, nega essa heterogeneidade e estimula a seleção prévia de alunos pelas escolas. Isso é ou não exclusão?

4) ENEM não é desculpa para condutas questionáveis: Escola que quer ficar no topo da lista do ENEM tem três alternativas: 1) escolher a dedo os alunos da 1ª série do ensino médio, impedindo que os menos dotados se matriculem; 2) aceitar alunos com diferentes perfis acadêmicos, incluindo aqueles com notas mais baixas, para depois tentar “sugerir” que eles se abstenham de fazer a prova (parece delírio, mas saiba que muitas escolas fazem isso com muito êxito); 3) contar com a sorte e só ser procurada por mentes brilhantes.

5) ENEM não é FUVEST: Como qualquer avaliação, o ENEM é o resultado de uma visada pedagógica e ideológica. É uma escolha. A maneira como se pensa uma prova define o que ela poderá e o que ela não poderá avaliar. O ENEM é uma prova feita para medir o domínio pelo jovem de certas habilidades que resultam em determinadas competências. É diferente da prova da FUVEST, por exemplo. Enquanto a FUVEST exige que os alunos tenham sido expostos e tenham assimilado e combinado determinados conteúdos das diversas disciplinas, o ENEM coloca o conteúdo em segundo plano e valoriza as competências pessoais na solução de problemas. Quem vai bem no ENEM, pode ir muito mal na FUVEST.

6) ENEM não é motivo para mudar seu filho de escola: Vejo, nesta época, pais alvoroçados pensando em transferir seus filhos para uma escola que tenha obtido nota maior no ENEM. Isso é muito bom, na medida em que exibe a preocupação das famílias com a vida acadêmica de seus herdeiros. Apenas questiono se esse deve ser o critério para escolher uma instituição de ensino. Talvez uma nota 60 no Enem demonstre que uma escola tem um grupo de alunos com nota 98 e outro grupo com nota 22. A média é 60, mas o que representam o 98 e o 22? Que a escola é boa para uns e péssima para outros? Ou que cada ser humano é diferente e consegue resultados diferentes na solução dos mesmos problemas?

Para encerrar: Escola boa continua sendo aquela que se compromete e se envolve de fato com a educação de seus alunos. Era assim antes do ENEM e continua sendo. Independente da nota de uma prova.



*Professor, publicitário e diretor do Núcleo Cassiano de Língua Portuguesa. Sugere a leitura da Nota Técnica sobre o ENEM no site do INEP: http://sistemasenem4.inep. gov.br/Enem MediasEscola/pdf/notatecnicaenem_2009_4.pdf
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