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Artigos-->O posto de gasolina do COC -- 18/10/2010 - 14:52 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O posto de gasolina é o Santa Cruz. Fica na Avenida Maurílio Biagi, bem em frente ao COC da Ribeirânea. O convite: vá abastecer seu carro nesse posto entre 12h e 13h de um dia de semana. Para que a aventura tenha o efeito chocante que eu, como proponente, gostaria que tivesse, escolha um dia em que a sua agenda estiver super apertada e que a ida ao posto de gasolina não possa demorar mais que os normais dez minutinhos.

Quando se encontrar a uns trezentos metros do local vai perceber que o movimento por ali, no horário, é bem maior que o normal. Na pista ao lado do COC, pais estacionam seus carros, às vezes em fila dupla, e aguardam seus rebentos como se aquele lugar fosse um estacionamento particular. Tudo bem, eles ligam o pisca-alerta! Que mais podemos exigir? Afinal, é rapidinho... Enfim, essa falta de noção de coletivo e de educação já foi motivo de outro texto meu aqui mesmo, e é rotina nas proximidades de qualquer escola particular de Ribeirão Preto. Não foi isso que me incomodou. Não se incomode também, leitor aventureiro. O pior está por vir.

Depois de perder mais tempo do que gostaria para conseguir chegar ao tal posto, finalmente encostamos numa das bombas, sem maiores dificuldades. Abastecido o carango, se você for do tipo que usa dinheiro de plástico, terá que parar o carro numa das vagas oferecidas pelo posto para clientes nessa situação, já que os caixas ficam no interior da loja de conveniência. A partir deste ponto, você começará a conhecer o tipo de exemplo que os pais da classe média dão a seus herdeiros. Todas as vagas disponíveis estarão ocupadas pelos carros de mães, muitas, e pais, alguns, que não abasteceram seus carros, não compraram nada na loja de conveniência, nem tem a intenção de fazê-lo. Estão ali apenas esperando seus filhinhos, cut-cut, que vão atravessar a Maurílio e entrar no carrinho. Eu não sabia, nem você, mas eles acham que aquela vaga é deles e que isso está absolutamente certo.

As vagas são poucas e não vai demorar para que todo o posto fique tomado por belos carros, num caos que já atrasou seus planos em muitos minutos. Mesmo que você queira surtar e sair do posto sem pagar, isso, além de muito feio, será impossível: o congestionamento particular do posto não permitirá. Quando sua sorte o acudir, e uma vaguinha for liberada por uma mãe que feliz e despreocupada conversa com a filhinha, você vai tentar pagar a gasolina que comprou no caixa da loja. Essa vai ser a pior parte. Alguns pais se atrasam e os meninos e meninas que estão por ali sem ter o que fazer vão fazer nada dentro da loja. Eis que o posto Santa Cruz se torna um segundo pátio do COC. Há tantos adolescentes concentrados ali que você vai demorar mais uns dez minutos para conseguir chegar ao caixa.

Conta paga, vista-se com a roupa da paciência do Dalai Lama e enfrente a zona do estacionamento antes de chegar ao asfalto. Quando fizer isso, não fique irritado com as mães que dirigirão do lado esquerdo da pista, 30 por hora. Ela está colocando o papo em dia com seus filhos, ora! Esse vai ser, provavelmente, o único momento do dia em que ela tentará, sem sucesso, educá-los. Seja consciente, caro leitor! Você só perdeu vinte e cinco minutos da sua vida.

Estou ficando cada vez mais casmurro, menos paciente com a folga alheia e nada disposto a aceitar isso tudo como normal. Essa coisa do “mas é rapidinho” tem me incomodado muito depois que comecei a calcular quantos minutos do meu tempo essa gente rouba. Eu não quero doar nem meu tempo, nem meu espaço para esse tipo de atitude, da qual o caso do posto do COC, ops!, posto Santa Cruz é apenas um exemplo. Motoristas que desrespeitam o sinal vermelho e ficam bravos com a buzina de protesto, furões de fila cheios de marra, grossos conversando durante o filme na sala de cinema. Há para todos os gostos.

Como a minha inclinação para a encrenca é cada vez menor, sobram-me, além do boicote ao posto, a escrita (que acaba ficando chata, com cara de desabafo) ou a reclusão preventiva. Outra possibilidade seria rezar para que um milagre ocorresse e as pessoas começassem a entender que aquilo que as incomoda deve ter grandes chances de incomodar o outro. Sei não...acho que vou acabar escrevendo uma biblioteca de textos queixosos e virar um eremita no fundo de minha casa antes que eles se toquem que tudo isso é, no mínimo, muito chato.



Professor, publicitário e diretor do Núcleo Cassiano de Língua Portuguesa. Faz tempo que não assiste ao filme “Um dia de Fúria”...
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