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Artigos-->Meu mundo sem Maluf -- 18/10/2010 - 14:53 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Paulo Salim Maluf. Quando digito esse nome no meu Word aparece a sugestão “troque Maluf por ‘maluco’”. Deveria fazer muito sentido, mas acho que se pode usar uma série de adjetivos para o marido da Dona Silvia; “Maluco”, certamente, não é um deles. Maluf foi eleito, no último dia 03, deputado federal. Outra vez. O terceiro mais votado do país. Corre o risco de não assumir o cargo, embora quase 500 mil eleitores tenham votado nele. Problemas com o Ficha Limpa.

Nunca votei no Maluf. Não aprecio sua maneira de entender a política e a vida pública. Desconfio dos políticos obreiros. Embora ele diga que não há nada provado contra ele, sei que há. Provavelmente há muito. Provado e a ser provado. Ainda assim, prefiro dois Malufes a um Zé Dirceu. Nada a ver com siglas partidárias. Apenas me sinto mais seguro quando sei o que esperar de uma pessoa. Sou contra a candidatura de Maluf a qualquer público, mas não posso ser contra meio milhão de eleitores que o apoiam. Se não era para assumir o cargo, que não o deixassem ser candidato, concorrer e receber votos. Depois de eleito, Maluf passa a ser a antítese encarnada do Ficha Limpa. Com meio milhão de assinaturas dadas na urna.

Minha vida sem Maluf... Pensei sobre isso longamente hoje. Conclui que não conheço política no Brasil sem esse senhor de fala estranha, pedindo para virar caricatura, ele mesmo uma grande caricatura. Maluf, em minha vida, chegou bem antes de Lula. Lembro-me do carro oficial de governador biônico cortando o pouco asfalto do meu bairro na capital. Dezenas de batedores em motos gigantes para os meus olhos de moleque abriam caminho para o Landau preto (ou seria um Galaxie?). Dois Landaus (ou seriam Alfa Romeos?): um para o Maluf, outro para o prefeito Reinaldo de Barros. Eles descerraram a faixa na inauguração da minha escola primária, no finalzinho da década de 1970.

Maluf e Sílvio Santos, por motivos vários, ocupam o mesmo escaninho em meus arquivos mentais de figuraças. Os dois populares, os dois polêmicos, os dois comunicadores invejáveis, os dois corintianos, os dois imitados por deus e todo mundo. Ah! Os dois usavam 752 da Vulcabrás. (maldade sua: era 752, e não 171!). Sei que deveria odiar o Maluf pelo que ele já deve ter obrado, no sentido número 8 do Aurélio, Brasil e mundo afora. Deveria, mas não posso. Sou obrigado a assumir que não existe a minha vida sem Maluf. Isso não é nada bom, mas não sei o quanto seria bom se fosse outro a polarizar com o Tancredo em 1985. Quem teria sido? Mário Andreazza? E se o Andreazza ganhasse de Tancredo? Eu tinha medo do Andreazza. Tudo bem! Teríamos ficado livres de Sarney, é fato, mas o Maluf era o cara certo para perder naquele momento. Como foi perfeito nas outras nove derrotas que sofreu nas urnas. Maluf foi um bom inimigo a ser combatido, pois ele sempre esteve claramente do outro lado.

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Momento do delírio meu: Paulo Maluf com seu bronzeado libanês, à beira da piscina da casa no Jardim Europa, ceroulas de bolinhas, de gravata, pois não existe Maluf sem gravata, lendo o The Economist e esperando um telefonema de seus advogados. Ao receber a notícia de que ele, assim como Tiririca, será diplomado deputado federal normalmente, na minha fantasia pueril, dá um sorriso de canto de boca, dentes meio amarelos, ajeita os óculos gigantescos e diz: “Silvia, liga para o Flávio (Maluf, filho) e traz o babaganush. A vida continua, Silvia”. Com Maluf. Por mais Maluf, ops!, maluco que isso possa parecer.



*Publicitário, professor e diretor do Núcleo Cassiano de Língua Portuguesa. Agora acha que o Galaxie e o Landau eram o mesmo carro. Ou será que não?
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