Usina de Letras
Usina de Letras
47 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62275 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10382)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140817)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Não é rumor de correntes o que ouves... -- 18/12/2002 - 14:56 (Nilton José Mélo de Resende) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não é rumor de correntes o que ouves.

São as sandálias puídas da mulher-antiga.

Levando consigo espasmos, horrores,

carícias, mãos infantis e faces rosadas.



Desce escada. Sobe escada.

Sozinha tocando o lado na porta.

Que esperas, que ouves, mulher-murmurante,

em sussurros como se aguardasses respostas?



Prossegue em peregrinação a mulher-andarilha,

andeja, andrajosa. As mãos enfurnadas no vestido roto

de flores caídas, pétalas desmaiadas.

Mulher-enjaulada. Caminha ao quarto,



deslizando as unhas por sobre a parede.

Senta-se ao banco. Inicia ritual.

Sai da alcova a mulher rediviva,

empertigada agora à janela. Lança olhar sobre o mundo.



A mulher-ausente.

Ninguém a vê? Ninguém sabe dessa mulher-vivente?

Não é rumor de correntes o que ouves.

É o ruído surdo dos tamancos da mulher-encurvada.



Entra na sala. À frente, o oratório.

Ritual: caem os cordões que há pouco lhe adornavam o pescoço.

O dorso da mão é um lenço, manchando-lhe a boca.

Fios negros escorrem dos olhos borrados.



Ajoelha-se a mulher-miserável,

abrindo em lamentos a blusa arfante.

Agarra o rosário, em contas brilhando.

Eriçam os cabelos, as veias lhe saltam.



Em dor se contrai, os dedos tremendo.

Queda-se ao chão. Rente ao piso

a face pisada da mulher-sibilante:

Ai, valei-me. Ai, socorrei!

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui