O limiar é lâmina vítrea,
uma mínima espessura aguda.
Apóio-me, inteiro, no fio,
dilacerando-me a carne. Tenso
caminho sobre ele e mancho os pés
de rubor — onde a pele impoluta?
Passando-o, teria uns rios,
uns prados e um chilrear.
Uns olhos e um belo sorriso
candente a me inebriar.
As lágrimas me caem dos olhos,
ardendo em minha face gretada.
Um sol me lambe um dos lados, o outro
é treva e mais nada. Também é uns
braços puxando-me a veste o corpo
a alma. O limiar é a lâmina:
vítrea,
aguda,
salgada.
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