O Ser adeja imponente
e desnudo e circunciso.
Abre a boca e se afigura
um terceiro sol na face.
Preparo as fundas de jade,
arremesso-as em seu rosto.
Do olho vazado bebo
marfim-lava, eu gozoso.
Inteiriço, também triste,
ele me fita, insone.
E tremido eu lhe cravo
minhas garras em seu corpo.
Em meu rosto esfrego carne:
uns nacos e muito sangue.
Minha pele se avermelha.
E a língua lambe, lambe.
Que queres? — Ele pergunta,
rasgando-se Ele no peito.
Se me queres, podes ter,
nós tão um ao outro afeitos.
Não queiras esses pedaços,
não os queira tão somente.
E mostra-me um coração,
sereno e fulgurante.
Vem e toma, que é teu
— diz-me Ele em mudo semblante.
Dou-lhe as costas num volteio,
retirando-me alteroso,
a face inteira transida.
Não me chames. Eu sou morto.
|