Usina de Letras
Usina de Letras
143 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62210 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13568)

Frases (50604)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140797)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Elogio do Belo Monte -- 18/12/2002 - 15:09 (Nilton José Mélo de Resende) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vaca palustre.

Agrada-me isso de vaca palustre...

Ventruda, os olhos fitos na cria lassa:

Eurico, Estela, Jacinto, Amália...

Põe-se a gritar, cravando as patas no charco.



Andam trôpegos, sonambúlicos,

Os corpos imersos no lodaçal.



Onde está nossa mãe?

Cá estou.

Onde está nosso leite?

Cá está.



E tornam-se fortes, trincando os dentes.;

Baba viscosa a lhes escorrer.



Tomam os seios da mãe, generosa.;

Puxam-lhe as carnes, sugando-lhe a seiva.



Ressequida paira a mãe,

fincada quadrúpede.; os filhos correndo em derredor:

Onde está nosso leite?

Cá está. Cá está vossa mãe.



Ressequida, angulosa. Os flancos inertes.

Túrgidos os seios. Os cornos antenas ao alto.



Cá está vossa mãe. Onde estás?

Cá está vosso leite. Vinde tomar.



E vêm prestos, ricos.; ferindo-lhe nas mordeduras



Com o leite que bebeis, que pensais vós?

Não somos de pensares. Somos de beberes.

Mas... com o que recebeis, que pensais vós?

Somos de receberes.



Não vai algo de mim aí junto de vós?

Não lembrais de mim ao vos saciardes?

Ah fortuna atroz.



Cercam a mãe seca de seios inchados.

Cospem-lhe a face. Desferem-lhe escarros.

Pulam ao alto e caem em seu dorso.

Patadas febris afundam-na ao fosso.



Enterra-te. Vai, presença penosa.

Por que não o leite sem tuas lembranças?

Por que tu te grudas em nossa memória?



Vai tu e teu leite. Vai embora, nefanda.



Soltam risos argênteos.; mutantes

Saltando em cirandas.



Cá está vosso leite... vinde tomar...

Minha cria amada, onde estás? Cá está vossa mãe.



Vetusta, perene.

Vaca palustre.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui