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Artigos-->diferenças gritantes e explicitas -- 13/07/2000 - 17:56 (gutenberg costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DIFERENÇAS GRITANTES E EXPLICÍTAS











Juro que não lembro-me de nada especial que teria acontecido no hotel de cinco estrelas da cidade de Salvador(hotel da Bahia ), quando lá estive hospedado durante uma semana. O frio do ar central, o banheiro do apartamento tão luxuoso e perfumado, que dava-me vontade de ficar dormindo por lá quando chegava depois dos porres tomados no Largo do Pelourinho. O cineasta amigo Luiz Orlando, por ser negro e usar cabelos longos com tranças do tipo rastafare, quase que não subia no elevador para ver-me no 4º andar, com tanta segurança!. Já da hospedaria simples e acolhedora da cidade de Santa Inez, no Estado do Maranhão, eu tenho entre as saudades, muito o que contar. A boa prosa de seu dono e as piadas contadas durante as noites na calçada, entre os hóspedes, que só era interrompida com a chegada da dona oferecendo um cafezinho, como só uma mãe faria com seus filhos. Para o despertar se tinha duas opções: - o cantar do galo no quintal ou o rádio anunciando na voz do locutor: - “ Rádio Vale do Jequitinhonha acorda seu povo ouvinte tocando uma música de Luiz Gonzaga...”. Uma vez indo ao Juazeiro do Padre Cícero, resolvi ficar uns dias por lá no anonimato, como romeiro, e fui para uma daquelas pensões, que os ricos as chamam de “ranchos de romeiros”. Que beleza! você ficar sem muitas visitas e sem telefonemas chatos, lendo deitado numa rede e balançando-a com o pé na parede. Acordava sempre dando risadas todas as manhãs com o papagaio dos donos da pensão, cantarolando: - “Eu não sou cachorro não, pra viver assim tão humilhado....”. O café bem regional, era fraternalmente servido em cima de uma larga mesa para todos da casa. Na parede da cozinha, parecendo nossa sombra, um quadro da santa ceia! Eu na qualidade de escritor com dinheiro para escolher um hotel e me passando por pobre romeiro, não seria diante dos santos hóspedes, o Judas Iscariotes?. O paraíso durou pouco porque ao sair na cidade, logo fui achado pelo amigo escritor Daniel Walker, que é primo do famoso ator José Wilker, e aí tive que mudar-me para um hotel de luxo em que as recepcionistas de tão frias, mais pareciam robôs femininos: -“ Bom dia! Boa tarde! Boa noite!...”. Em Fortaleza/CE, eu sai do hotel que um taxista havia me indicado em menos de meia hora depois de hospedado. Depois de levada a minha mala e mal visto o apartamento, eu saio em busca de um barzinho para tomar umas geladas, no intuito de esfriar a cabeça da viagem. Andando uns 50 metros, eu me deparo com um casarão familiar antigo da rua Major Facundo, e em sua frente uma velha placa: - “ Aluga-se vagas para rapazes”. Dei logo um susto em dona Socorro ao dizer que ia ficar hospedado uma semana, sem apresentar-lhe minha bagagem. Ao buscar a mala no luxuoso hotel tive que pagar logo de cara a metade de uma diária, pois o recepcionista já tinha pago a comissão do maldito taxista, que não teve pena de meu bolso e nem do meu espírito. Até hoje eu recordo com muita saudade o tratamento recebido da parte de dona Socorro, sua família e dos outros hóspedes que lá já estavam morando. Muitos deles, há vários anos. Nem comentei com ninguém dali que eu ia lançar o meu segundo livro na cidade do famoso folclorista Leonardo Mota, que era falecido há décadas. Só uma coisa eu até o momento não soube! Será que o renomado professor da UFCE e escritor Renato Casemiro, teria achado-me assim tão amarrado ou doido? Porquê eu troquei o luxo de um hotel 3 estrelas, por aquela hospedaria tão velha e acolhedora da inesquecível dona Socorro?.





(*) É PESQUISADOR, ESCRITOR E FOLCLORISTA - NATAL/RN.

DIFERENÇAS GRITANTES E EXPLICÍTAS











Juro que não lembro-me de nada especial que teria acontecido no hotel de cinco estrelas da cidade de Salvador(hotel da Bahia ), quando lá estive hospedado durante uma semana. O frio do ar central, o banheiro do apartamento tão luxuoso e perfumado, que dava-me vontade de ficar dormindo por lá quando chegava depois dos porres tomados no Largo do Pelourinho. O cineasta amigo Luiz Orlando, por ser negro e usar cabelos longos com tranças do tipo rastafare, quase que não subia no elevador para ver-me no 4º andar, com tanta segurança!. Já da hospedaria simples e acolhedora da cidade de Santa Inez, no Estado do Maranhão, eu tenho entre as saudades, muito o que contar. A boa prosa de seu dono e as piadas contadas durante as noites na calçada, entre os hóspedes, que só era interrompida com a chegada da dona oferecendo um cafezinho, como só uma mãe faria com seus filhos. Para o despertar se tinha duas opções: - o cantar do galo no quintal ou o rádio anunciando na voz do locutor: - “ Rádio Vale do Jequitinhonha acorda seu povo ouvinte tocando uma música de Luiz Gonzaga...”. Uma vez indo ao Juazeiro do Padre Cícero, resolvi ficar uns dias por lá no anonimato, como romeiro, e fui para uma daquelas pensões, que os ricos as chamam de “ranchos de romeiros”. Que beleza! você ficar sem muitas visitas e sem telefonemas chatos, lendo deitado numa rede e balançando-a com o pé na parede. Acordava sempre dando risadas todas as manhãs com o papagaio dos donos da pensão, cantarolando: - “Eu não sou cachorro não, pra viver assim tão humilhado....”. O café bem regional, era fraternalmente servido em cima de uma larga mesa para todos da casa. Na parede da cozinha, parecendo nossa sombra, um quadro da santa ceia! Eu na qualidade de escritor com dinheiro para escolher um hotel e me passando por pobre romeiro, não seria diante dos santos hóspedes, o Judas Iscariotes?. O paraíso durou pouco porque ao sair na cidade, logo fui achado pelo amigo escritor Daniel Walker, que é primo do famoso ator José Wilker, e aí tive que mudar-me para um hotel de luxo em que as recepcionistas de tão frias, mais pareciam robôs femininos: -“ Bom dia! Boa tarde! Boa noite!...”. Em Fortaleza/CE, eu sai do hotel que um taxista havia me indicado em menos de meia hora depois de hospedado. Depois de levada a minha mala e mal visto o apartamento, eu saio em busca de um barzinho para tomar umas geladas, no intuito de esfriar a cabeça da viagem. Andando uns 50 metros, eu me deparo com um casarão familiar antigo da rua Major Facundo, e em sua frente uma velha placa: - “ Aluga-se vagas para rapazes”. Dei logo um susto em dona Socorro ao dizer que ia ficar hospedado uma semana, sem apresentar-lhe minha bagagem. Ao buscar a mala no luxuoso hotel tive que pagar logo de cara a metade de uma diária, pois o recepcionista já tinha pago a comissão do maldito taxista, que não teve pena de meu bolso e nem do meu espírito. Até hoje eu recordo com muita saudade o tratamento recebido da parte de dona Socorro, sua família e dos outros hóspedes que lá já estavam morando. Muitos deles, há vários anos. Nem comentei com ninguém dali que eu ia lançar o meu segundo livro na cidade do famoso folclorista Leonardo Mota, que era falecido há décadas. Só uma coisa eu até o momento não soube! Será que o renomado professor da UFCE e escritor Renato Casemiro, teria achado-me assim tão amarrado ou doido? Porquê eu troquei o luxo de um hotel 3 estrelas, por aquela hospedaria tão velha e acolhedora da inesquecível dona Socorro?.





(*) É PESQUISADOR, ESCRITOR E FOLCLORISTA - NATAL/RN.

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