Na calada da noite, te pressinto:
olhos que me despem,
língua que umedece
e me invade a intimidade
degustando meus sabores
- mel, sal, acidez
e o néctar de meu sexo-flor -
Visto minha tez
de viscoso orvalho:
misto de saliva e orgasmo.
Na calada da noite, sou volúpia:
sonho luas,
viajo em fases,
guiada por mãos sequiosas
a tocar-me face,
ventre, membros...
Cálidas, preênseis,
me tateiam,
me torturam,
aprisionando-me seios.
Com desvelo,
dedos noturnos
desvendam meus segredos.
Na calada da noite, amanheço
com o toque de despertar
de um resvalar de dentes
e um suave roçar de pêlos:
barba, púbis, cabelos.
Espreguiço, brilho, ganho viço.;
hormônios espertam
ao som harmônico
de um respirar ofegante
- teus apelos em estribilho -
Na calada da noite, fantasio:
num instante de magia,
estrelo cintilante
neste céu particular,
onde noite e dia
são eterno resplendor
e, este amor calado,
velado ao mundo,
incontido, se revela:
carícia,
audácia,
poesia (e)terna
entre minhas pernas.
Valéria Tarelho
dez/2002
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