A lua, gorda, flutua lipidinosa no cosmos,
O sol, desbotado e tênue, treme de frio ao te ver,
Os deuses, débeis e pusilânimes, sacam suas armas,
A alma, seja de quem for, esfacela-se ao te saber.
A flor, despetalada e malcheirosa, tenta o suicídio,
As beldades todas se curvam e amparam-se umas às outras,
As novidades são mais antigas em seu tempo,
As invenções já não servem para nada...
Os mares, cantados em cem mil versos, caem em prantos,
Torpes, eles secam opróbrios quando estás presente...
Os sem-fim entoados e atinados nas canções se prostram,
As canções emudecem constrangidas à tua vista.
Os espectadores reverenciam-te tímidos, acanhados,
Toda a beleza te amaldiçoa, contrariada e rendida,
E distraídas, correm às pressas as mais lentas intenções,
Em milhares de direções, sem rumo por tua causa, tua culpa...
Saltam de plataformas os trabalhadores da construção,
Tentam uma fusão os petistas e os amantes da direita,
E a estreita memória do elefante lembra sempre de ti,
E traz na mente tua foto estampando sua pequeneza comparada...
As baleias atracam no cais, como velhos barcos que não servem mais,
No mais, o mundo segue vergonhoso, frente ao gozo demovente
Poderoso inibidor das demais formas, das banais belezas,
E a certeza de que tu é, hoje, mais bela que o universo inteiro aliado!
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