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Artigos-->Sensibilidade Racional -- 14/07/2000 - 10:40 (Aryane Amaral) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
10 de julho de 2000. Hipocrisia. Talvez seja uma palavra forte mas acho que é exatamente isso o que eu sinto a respeito da humanidade. Hipócritas! Não. Talvez seja algo além de simples hipocrisia. É realmente difícil caracterizar nós mesmos. O que na verdade quero dizer, tentando não me deixar levar pelo calor do momento, é que nossa existência passa por uma fase extremamente difícil, abalada pelos mais frívolos sentimentos, e banais acontecimentos que deixamos reger nossas vidas. Chegamos a tal ponto que o ser humano não mais significa um igual, mas sim algo em que se deve tirar o máximo proveito. Nos transformamos em monstros capita-listas, regidos pelo mais absurdo egocentrismo, não nos importando pelo que real-mente importa: nós mesmos. Nossa falsa moralidade - gloriosa hipócrita - rege toda essa superficialidade sentimental que abraçamos como forma de não nos odiarmos a nós próprios, sustentando-nos na mais total ignorância humana. No que nos transformamos? Ai de mim, querer explicar toda essa futilidade egoísta que nos guia através de uma luz mentirosa que falsamente nos levará ao caminho da salvação, aliviando assim todo esse concreto que sobre nossa consciência esmaga nossa alma. Alma? Será que ainda a temos? Não sei. Não me sinto melhor por escrever tais palavras, que excetuando alguns poucos sonhadores perdidos, não significará nada a ninguém. Quão vão se tornou a nossa existência? O que aconteceu com as relações entre nós mesmos, seres humanos, oriundos de uma mesma evolução, pertencentes a uma mesma espécie, e que agora nos enfrentamos como inimigos? Temo em pensar no futuro, com espantosos adventos tecnológicos, o que será de nós, esquecidos artistas, que ainda nos importamos com aqueles que nossa própria ganância cuidou de destruir? Eu sei, eu sou uma sonhadora, mas não sou a única, e é a estes poucos mas incorruptíveis poetas desiludidos que escrevo. Não pretendo mudar o mundo, ou talvez pretenda, mas não sou tão otimista, o que quero com esse manifesto é simplesmente não me calar, não me curvar a essa violência bran-ca que fere mais que o sangue derramado por aqueles que lutaram por suas honestas verdades.





Aryane Amaral





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