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Artigos-->Ainda não havia para mim Ritalina -- 30/11/2010 - 20:48 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ser adolescente já foi uma tarefa muito difícil. Há duas décadas e meia, adolescer era tentar descobrir o mundo lá fora - e aqui dentro - apenas com algumas pistas muito mal dadas por gente mais velha e tão confusa quanto nós. Os “coroas” estavam se lixando para as nossas neuras, o que nos deixava sozinhos, mas dava espaço suficiente para um ótimo exercício de autoconhecimento. Se tudo era proibido, tudo não podia e nada era muito conversado, precisávamos descobrir os caminhos por conta própria. E quebrávamos a cara. Não éramos felizes. Estávamos, porém, muito ocupados tateando por respostas. Foi sofrido, foi difícil, mas cá estamos, quase quarentões e, permita-me, mais felizes, em parte graças àquela saga da puberdade.

Como você já percebeu este é um texto que faz aquela já cansada comparação entre o hoje e o ontem para chegar à conclusão de que “éramos felizes e não sabíamos”. Bem, um pouco é isso mesmo, mas já afirmei, linhas acima, que não éramos felizes coisa nenhuma. E nem se atreva a dizer que sente saudades da adolescência! Não vou defender o passado, vou apenas usar o paralelo temporal para mostrar diferenças que merecem destaque. Se antes era difícil ser adolescente, continua sendo hoje. Isso não mudou. Os adultos (leia-se: “nós”, que fomos adolescentes e esquecemos) é que mudaram.

Parênteses: antes de dizer que todos facilitam as coisas para o jovem transformando-o num conformado mal formado, preciso avisar que me refiro a jovens que vivem sob a égide da classe média, média-alta. Os outros jovens, os de classe menos favorecida, também conhecidos como “pobres”, bem... os outros não estão lendo este texto. Minha generalização está perdoada pela separação não oficial de castas do Brasilíndia. Fecha parênteses.

Agora, escrevo: o mundo facilita as coisas para o jovem, pois eles são consumidores melhores se estiverem felizes, beirando o fastio sueco. Há, inclusive, uma vigília do descarrego que trabalha para manter a garotada sempre alegre e longe dos sintomas da possessão pela adolescência à moda antiga. Pintou dificuldade mínima e entra em ação uma estratégia coordenada de todas as forças muito vivas da sociedade para evitar o sofrimento juvenil. É a patrulha da Ritalina, nome do remédio mais popular entre os adolescentes, receitado feito aspirina.

Após alguns comprimidos de Ritalina, o penar da adolescência cessa. A menina e o menino podem permanecer eternamente na infância. Todos eles doentinhos, coitados e cuidados. É transtorno disso, déficit daquilo. Como diria meu amigo Cleido Vasconcelos: déficit de atenção e superávit de vagabundagem. Feliz era eu (enfim, a velha frase!) na minha infelicidade fundamental, ao melhor estilo anos 1980. Ainda não havia para mim Ritalina, mas muita coisa acontecia no meu coração! Ainda bem.
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