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Cordel-->Virus na Agenda Eletrônica -- 16/07/2003 - 22:51 (João Afonso Carvalho Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Já não se pode negar
a força da informática,
que com "softs "e "hards"
faz nossa vida mais prática:
no trabalho, no estudo,
em pesquisa, em quase tudo
ela tem solucionática .

O computador faz tudo,
como também leva fama:
se o banco o seu saldo erra,
é dele que se reclama;
se o pagamento não sai,
"foi computador, uai!"
que criou todo esse drama.

Tem até uma estória
que me contaram outro dia
de bonita funcionária
que em computador fazia,
à noite, o seu trabalho
e, sem qualquer atrapalho,
bem satisfeita vivia.

Mas, passado algum tempo,
por descuido ou por descaso,
sua barriga cresceu
sem motivo, por acaso,
e diz que o computador
foi o ocasionador
da doença, nesse caso.

Até eu mesmo já vivi
uma estória interessante
em que o computador
foi a figura importante.
É o que agora vou contar,
e quem não acreditar
não estará sendo elegante.

Primeiro devo dizer
que uma agenda eu ganhei,
quando saí do Recife
e prá Cuiabá voltei.
Eletrônica, arretada,
é uma lembrança guardada
dos amigos que deixei.

Um dia eu fui com ela
à casa de uma vidente,
acompanhando um amigo,
que era o consulente,
dessa hora em diante
tornou-se mais operante
minha agenda inteligente.

Uma vez eu fui pescar,
na fazenda Limoeiro,
do amigo Joel Bulhões,
eu, ele e outro companheiro.
Era junho, estava frio,
mesmo assim fomos ao rio
ver quem pegava o primeiro.

Tentamos vários lugares
e peixe não aparecia.
Muito estranho, pois ali
pescava-se em qualquer dia.
Prá dar uma idéia do azar,
nem eu conseguia pegar ...
E isso já aborrecia.

Enquanto eu esperava
um grande peixe fisgar,
para distrair os outros,
na tralha, eu fui tirar
minha agenda eletrônica,
que como uma paixão crônica,
levo prá todo lugar.

E aleatoriamente
nas teclas fiquei mexendo
quando algo me assustou,
não acreditei, mesmo vendo
"a isca é inadequada!"
"a isca é inadequada!"
na agenda eu estava lendo.

Diante desse inaudito,
qual não foi meu espanto.
Que brincadeira era aquela
da agenda, ou era encanto?
ou então foi a Pituchinha
que fez uma brincadeirinha,
que disso ela gosta tanto...

O "display" continuava
piscando a estória da isca.
Como eu conheço a conversa
de que só ganha quem arrisca,
tirei do anzol o tucum
e enfiei um mussum.
Pois não é que um peixe belisca?!

Fisguei um grande pintado
- no Nordeste, surubim -
e fui dizendo pros outros
pescador bom é assim.
Então abri uma skol
fiz um brinde para o sol.
Acabou-se o tempo ruim.

Desse dia em diante,
nunca mais eu fui pescar
sem levar minha agenda,
para poder consultar:
se era bom o local,
se a isca era a ideal,
o tempo, a fase lunar.

Era tudo na batata,
nunca errou informação.
Comecei, então, a dar-lhe
mais ampla utilização:
dar recado e receber,
até mensagens fazer,
conforme a ocasião.

Se tinha aniversário
de algum amigo ou parente,
digitava o tele fone
e ela dali prá frente,
de tudo se encarregava,
que eu nem me preocupava,
pois ela era eficiente.

Numa outra pescaria,
com o João Carlos Rivera,
o sol brilhando bem quente,
e a agenda, feito fera,
com o seu "display" a piscar,
avisava: "vai esfriar".
Eu não acreditei, deveras.

Pois não é que, de repente,
o tempo já foi mudando,
o sol sumiu no horizonte
e o frio foi chegando.
O vento assobiava
e uma garoa brava
foi logo a gente molhando.

Acho que nem é preciso
dizer qual o resultado:
à noite, eu já estava
com um bruto resfriado.
E a minha agenda, molhada.
Permanecera ligada,
foi um descuido danado.

Como ela estava apagada,
achei que a bateria
havia se esgotado.
Logo cedo, no outro dia,
fui a uma loja trocar
mas, mesmo assim, ao ligar
o "display" não se acendia.

Qual não foi minha tristeza
diante da situação.
Levei-a à oficina
para verificação:
testar "ship", testar "bit",
pois sem minha agenda "hit"
não tenho qualquer ação.

Depois de testes e exames,
o resultado fatal:
"sua agenda está com vírus",
disse o técnico, afinal.
"E ele é novo, é diferente
dos que vi em minha frente.
Não está no manual".

Voltei prá casa com ela,
só como recordação,
já que funcionar não ia,
e fui me ocupar, então,
de curar meu resfriado,
que eu estava bem cansado,
quase arrastando no chão.

E para fazer um chá,
cortei um limão em cruz,
três folhas de eucalípto
e um dente de alho eu pus.
Três minutos prá "corar".
Depois disso é só tomar
e suar que nem cuscuz.

Quando fui tomar o chá,
ocorreu um acidente:
minha mão largou a xícara,
que estava muito quente,
derramou em minha agenda,
entrou chá em toda fenda.
Fiquei muito impaciente.

Larguei a agenda ali,
nem botei para enxugar,
o dia não estava bom,
irritado, fui deitar.
Minha agenda esculhambada,
mais a morrinha danada
para me aperrear

Acordei à tardezinha,
inda "mole prá besteira",
fui preparar outro chá,
e o que vi foi brincadeira:
uma luzinha bem fraca,
quase apagada, opaca
bem ali na prateleira..

Fui ver, era a minha agenda
que estava reacendendo.
Desliguei-a, e pra brincar
com o que estava havendo,
entornei mais chá sobre ela
e pulverizei canela
com Doril, que fui moendo.

No outro dia, espanto!
Sabem o que aconteceu?
a agenda funcionou,
seu "display" se acendeu.
Parecia nova em folha,
a não ser por uma bolha
do chá quente que "bebeu".

Mesmo assim inda fiquei triste,
porque a agenda jamais
voltou a exercitar
suas funções especiais.
Ela agora é comum,
como essas de qualquer um,
apenas para fins normais.

Tem ainda um detalhe
que quase me escapou:
pouco depois desse dia,
quando o tempo esfriou,
saiu um som da agenda
- isso até parece lenda -
mas juro que ela espirrou.
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