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Contos-->Arielle -- 11/10/2002 - 17:41 (Marcelo Santos Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O calor insuportável dos trópicos me tirou da terra, ergui-me ainda tonto e o aroma da noite invadiu minhas narinas poderosas como a lembrança de velhos perfumes perdidos no tempo da minha memória...Estou só.
O mormaço das ruas, a mistura de sons e imagens me confundem os sentidos, acordo para o mundo aos poucos, sem a brusca procura do que foi perdido...Meu alimento...Sim!
O calor junto à provocação da sensualidade feminina, a libido fervendo em todos os cantos como estrelas que brilham, débeis na escuridão do espaço acima. Uma mulher caminha pelo mundo e fecha seus olhos ao desejo dos meus...Ainda estou só.
Sou um observador da noite; me iluminam luzes artificiais, olhos artificiais...Meu desejo por sangue é puro como de um doente à espera de um milagre; espero minha poção encantada, mas não quero qualquer sabor, quero o sangue moreno da mulher de ancas largas que vi no meu sonho perdido no mundo das trevas da minha alma...Onde estará?
A sensação, meu desejo é tão pulsante, tão forte que me assemelho ao garoto que vê à sua frente o momento sublime da entrega da carne...Como me lembro da sensação, o dia que sucumbi ao apelo da carne e cego de desejo me afoguei no perfume barato daquela meretriz, vagabunda, por isso para mim a mulher mais bela do mundo.
O desejo aumenta conforme a velocidade dos meus passos que ecoam no infinito da noite, meus olhos ardem à procura de sangue...Ali...Bem ali, sim! Sinto um calafrio percorrer as fibras secas do meu corpo centenário; A visão que pareceu estar estacionada numa dobra do tempo, minha querida prostituta Arielle, a morena dos meus sonhos, carne do meu desejo, alimento da minha alma...
Me aproximo dela como a sombra que se aproxima do homem e o persegue no calor do dia, sou uma sombra na própria noite, uso a treva para meu prazer e como uma brisa apaziguadora numa noite de calor me faço sentir...Arielle...Sou eu Renan!
Seus olhos se encontraram com os meus e no seu brilho morava a dúvida, como o total desconhecimento à frente do inanimado, do desconhecido, do mistério...
- Desculpe-me, mas quem é você?
- Como? Não me conhece, ora, não brinque desse jeito, tenho esperado por você há muito tempo!
- Deve estar me confundindo com alguém, por favor, se afaste, está atrapalhando meu trabalho...Ou quer me comprar por uma hora?
- Uma hora? Como assim? A dor de seu esquecimento me queimou por dentro, era como se eu tivesse decidido me jogar no fogo da minha redenção.
Mas algo me tirou do torpor em que me encontrava e vi nela minha fonte de sangue em meio ao oásis de fome que eu me encontrava e decidi dar-lhe o que merecia, o descanso da mortal eternidade.A segui então por becos fedorentos e tão escuros quanto minha alma; ela segurava minha mão fria e sorria para mim, como no passado, quanto mergulhados em paixão gozávamos o calor do Sol e o verde das montanhas de nossa terra, mas eram só lembranças mortas, que depois dessa noite estariam enterradas junto ao moreno corpo de Arielle.
Chegamos a edifício sombrio e subimos um sem fim de escadas que pareciam me levar direto às nuvens, Arielle arrumava os cabelos e me deixava à mostra sua nuca e seu pescoço cheirosos, minha boca salivou e meu corpo novamente ardeu...
Entramos no apartamento apertado, Arielle se dirigiu para o quarto enquanto pelo caminho suas roupas iam ficando, uma após a outra, construindo a trilha por onde eu, após um longo período teria meu instante de gozo sangrento...Ela voltou, vestindo nada além do sorriso que iluminou o pequeno cômodo, estávamos a sós, paradoxo...
Ela me deitou na cama e se pôs em cima de mim e beijando meu pescoço começou a trilhar o caminho que imaginava ser de prazer, mas antes dela perceber quer seus beijos não iriam ter efeito nenhum com um movimento rápido me pus sobre seu frágil corpo que estremeceu de prazer. Olhei bem fundo nos seus olhos, estavam semicerrados, mas tinham um brilho inconfundível:
- Agora minha querida, possuirei teu corpo, antes, teu desejo e tua vida...Abra os olhos para o teu destino!
- Venha querido faça valer o dinheiro que estás gastando...
E foi a última frase que ouvi daquela boca tão bela, tão ignorante...Cravei minhas presas em seu seio e abri de ponta a ponta seu corpo moreno e cheiroso, nunca me deliciei com um sangue tão doce, tão quente, tão apaziguador...Eu parecia ter mergulhado num mar vermelho de prazer e sorvi cada gota, cada sensação que pude absorver...Ela era minha, minha e da noite sem termo que cercou o instante como grandes mãos a proteger o único alimento, o último...


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