Foi numa viagem florida
Que imprudentemente descobri
Em meio a milhões de Ângelus,
Respirando fogo-fátuo,
Descobri que o mundo
É inane
E que cada um de nós
Tem sua própria sina,
Ardemos de ira
E pecamos, sempre ruborizados.
O chão suplica os passos
E os passos, rumos,
Os rumos, destinos
E os destinos, felicidade.
Somos todos supérstites
De um naufrágio,
Quando a Terra
Entrou em órbita,
Sobreviventes de amores impossíveis.
Descobri na beira do mundo
Que existe refrescância
Por conta de quatro ventos:
Flan, Dêibol, Sules e Escarche.
Cada um
Tem um espírito diferente.
Cada um sopra de um jeito.
Flan sempre justo,
Derruba as casas
Dos maus,
Desvia-se das moradias dos humildes.
Dêibol, igoroso,
Castiga quem não respeita o próximo.
Sules, calmo e sábio,
Sabe o que fazer
E não tem pressa em faze-lo
E, por fim, Escarche,
O mais intenso,
Varre os pecados do mundo,
Banha e purifica o Universo,
Diverte-se nas sendas da Terra,
Brincando nas fagulhas do Sol.
Um dia,
Quando andava só
E pensando em meus caminhos,
Passou Escarche
Dizendo-me que a felicidade
Esperava-me do outro lado da rua.
Foi quando vi aqueles olhos
De brilho muito intenso,
De beleza muito rara
E Dêibol trouxe-me a paixão,
Naquele mesmo momento.
Flan levou-nos para o mesmo lado
E só quando Sules quis
Eu a beijei,
Paixão arrebatadora,
Que passou como os quatro ventos,
Acabou no inverno.
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