B-A BÁS DA VIDA
Vão-se passando os dias,
a gente avança na idade
o cabelo embranquecendo,
acabando a mocidade
achamos, então, que a vida
não nos trará novidade
Pois não é que, um dia desses,
numa conversinha à toa,
uma ‘menina’ me disse,
falando assim, “numa boa”,
vou-lhe ensinar o B-A BÁ,
porque nesse eu sou patroa
Eu fiquei muito intrigado
com a proposta da donzela.
Perguntei aos meus botões:
que B-A BÁ será o dela?
ela conhece a vida,
ou só a viu pela janela?
B-A BÁS, conheço vários
inquietos e comportados
alguns ligados à vida,
outros, meros proseados;
uns, simples como criança,
outros, bem mais complicados
o B-A BÁ da amizade,
este eu sei que ela conhece
desde o A até o Z,
amizade ela merece
pois amizade ela dá
desde que o dia amanhece
No B-A BÁ do trabalho,
não tem ela o que aprender.
Trabalha desde criança
e a lida a fez crescer
Digno trabalho engrandece
ela bem o sabe dizer.
No B-A BÁ da esperança,
do amor a Deus e ao irmão,
nisso também ela é dez:
o seu grande coração
conjuga o verbo ajudar
com a maior perfeição
Mas há outros B-A BÁS
aonde ela não transita.
Qualquer razão sei que há,
pois sendo moça e bonita,
claro que o seu coração,
como outro qualquer se agita.
Quis, então, lhe perguntar
como quem não entendeu:
menina, diz-me uma coisa,
à sua porta, já bateu
o B-A BÁ da paixão?
E você, como o atendeu?
E o B-A BÁ do amor
onde entra, nessa estória?
é para você uma ilusão,
um caminhar sem vitória?
ou é a estrada da vida,
onde reina a maior glória?
Já vi pessoas, às vezes,
refugiadas em escudo
“protegendo-se” do amor
crendo em que paixão e tudo
não passam de ilusão
e ainda dizem: “não me iludo!”
E assim, nessa modorra
com a vida em calmaria,
não acreditam que ocorra
algo bom em fantasia
e falam de algumas coisas,
somente por teoria.
Pois digo que vale a pena
Uma grande paixão viver:
Roer unhas, deprimir-se,
Se uma ilusão morrer,
E ser feliz, novamente,
Quando outra paixão nascer.
Nestes B-A BÁS, princesa,
É que deves adentrar.
Abre o teu coração
Pra uma paixão penetrar
Senão, vais-te consumir
sem o amor consumar.
(Do livro Quase Poemas, Ed. Alternativa, Palmas - TO/2002)
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