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Contos-->TIO BRASILINO -- 06/07/2000 - 00:26 (Vera Maria dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TIO BRASILINO

Ele não se casou de papel passado como todo mundo, mas, arranjou uma mulher, Zefinha. Eles compraram uma malhadinha que tinha de tudo plantado e, Brasilino, só andava limpinho e arrumado. Depois que Zefinha morreu, ele que já não tinha a cabeça muito boa, desandou de vez, ficou desorientado e a cada dia aparecia com uma mulher diferente. Passou a andar pelo mundo sem rumo, quase não tinha roupa para vestir. Eu mesmo, nunca o vi reclamando ou chateado da vida, sempre alegre, sorrindo e contando lorotas. Ele era alto, magro, tinha uma barba branca que contrastava com a cor da sua pele morena. Usava um chapéu de palha todo desbeirado, que nunca tirava da cabeça. A calça era arregaçada até o meio da canela e não tinha cinto, era uma palha de pindoba que a segurava, a camisa ficava sempre aberta, deixando a barriga de fora. Chinelos? Nem pensar!
— Não macustumo quesses diabo! — dizia ele.
Falou no diabo apareceu o rabo e Brasilino foi chegando na casa-de-farinha e contando:
—– Meu irimão, não te conto! A semana passada precisei drumi na casa da nossa irimã Justina, lá na Estança. Ah, meu irimão me vi aperriado nesse dia! Da hora que cheguei inté a hora de drumi fiquei querendo guardar na cabeça aonde era a privada. Pois bem, chegou a hora de drumi, todo mundo foi pro seus quarto e eu fui pro meu. Lá pela meia noite, me alevantei querendo mijá. Quando abri os zóio, vi que a casa tava toda no escuro. Aí foi adonde a porca troceu o rabo! Fiquei todo atrapaiado e não sabia aonde tava o botão pra acender a luz. Cuma não achei aquele diabo, arresorvi passar a mão debaixo da cama pra ver se tinha argum penico, e nada! Saí pra fora do quarto e tatiei pra lá, tatiei pra cá e nada! Matutei, matutei, e num cunsegui me alembrá aonde ficava a desgraçada da privada. Aí é que a vontade de mijar apertava e eu mais atrapaiado ficava.
Ontonssi, pedi a meu Padim Pade Ciço que me desse um adjitoro nessa hora de tanto supriço. Mijá no chão num pudia pois, no outurdia, adepois que o povo se acordasse e visse a poça de mijo correndo no chão, ia ser a maior recramação. Eu, um home véio desse, num ia querer ouvir recramação nas casa dos zouto. Como eu já tava nas úrtima, quase mijando no chão, fiquei segurando a pinta, quase sem respirar, suando frio e correndo pra lá e pra cá... Aí meu irimão, nessa afrição, acabei arriando as carça!
Tava cada vez mais apertado e arrezorvi o pobrema logo. Sortava o mijo um pouquinho numa mão, com a outra apertava a pinta, e aí dava um sartinho pro arto e junia nas parede, fazia um pouquinho na mão e junia nas parede inté o mijo acabar... e aí, fui drumi aliviado!
No outurdia ninguém deu fé de nada, nem o fedor do mijo sentiram, tombém ele foi bem ispaiadinho.

GLOSSÁRIO
Adjitoro - ajuda, auxílio.
Carça - calça
Malhadinha - pequeno sítio.
Muculanduba - nome do sítio - palavra de origem africana
Outurdia - outro dia
Ontossi - então
Pindoba - palha de palmeira , usada na região, para fazer amarrações.
Penico - urinol
Privada - latrina, vaso sanitário
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