Ligo o computador para acessar a internet. De repente sinto um cheiro de queimado. Uma faisca repentina torna a tela confusa. O ruído e uma fumaça preta decretam o fim trágico do meu monitor. A tela escureceu. São 18:00h de quinta-feira. Não consegui entrar na rede. Percebo que tirarei férias da minha realidade virtual. Talvez um descanso merecido.
Confesso a minha submissão ao word e à internet, afinal ninguém é perfeito.
Naquela Quinta-feira, sem computador, vaguei pela casa, errante sem ter muito o que fazer. Procuro canais na net. Descobri vários programas interessantes: na TVE do RS, um polêmico programa de debates com debatedores exaltados. Naquele dia estavam discutindo "As eleições e a democracia".
Entretanto, o que mais me fez falta foi o Microsoft Word. Para satisfazer as necessidades diárias de "colocar no papel" as minhas reminiscências, ressuscitei minha caneta tinteiro. Coloquei o "preto no branco". Escrevi no papel. Hábito há muito esquecido depois de aprender o manejo da informática. Estou deslumbrado. Penso em dar uma folga ao word, pelo menos na primeira versão do texto.
Em cima da escrivaninha apenas o papel, a caneta e um cálice de vinho tinto de uma reserva especial da Anticuário 99. Uma luz de mesa ilumina o texto e o quarto fica na penumbra. Lá fora, na noite densa, os latidos de um cão e uma brisa leve que umedece a vidraça.
Nesses infindáveis dias de ausência da internet e da "Usina" atualizei algumas leituras. Consegui, após semanas, terminar a leitura de Portões de Fogo.
No Sábado descobri que tinha pátio e que um pé de pitangueira estava da minha altura. Percebi que estava na hora de podar a parreira, se quisesse saborear uvas em dezembro. Até peguei no cabo da enxada no final da tarde e rocei umas ervas daninhas no quintal.
Descobri que minha vizinha... deixa pra lá.
A internet é uma maravilha da mundo moderno. Inseparável companheira de entretenimento e informação. Entretanto, pretendo policiar-me e regrara-me quanto ao seu uso. Continuarei um amante dessa tecnologia, mas não serei mais seu escravo.