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Artigos-->CLAMOR MORIBUNDO. -- 03/01/2011 - 19:00 (Ana Zélia da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CLAMOR MORIBUNDO.



Ana Zélia



MEU DEUS!



SANTA LUZIA- Devolve a minha visão para que eu possa pela última vez olhar nos olhos da sobrinha que criei como filha.



Quero ver em seus olhos a mentira.



Vendeu minha casa, destruiu tudo o que eu tinha móveis, fogão, geladeira, guarda-roupa, cama, sofá, mesa, minha televisão para assistir as novelas. Não satisfeita destruiu minha vida.

Quero penetrar no fundo de sua alma, se é que tem e perguntar:



_O que eu lhe fiz? Cobra Sucuriju, você foi me sufocando tal qual a serpente que engoliu meu irmãozinho há quase cem anos.



Não lhe pedi nada, tinha minha casa paga com o suor da minha aposentadoria. Quebrava, classificava as castanhas, foram mais de 30 anos nas usinas Alegria, Vitória e outras tantas.

Ao contrário, criei tantos sobrinhos e nunca casei, tive filhos. Minha casa era a “Casa das Crianças”, enquanto as mães trabalhavam.



Assim, vi morto, enforcado dentro do banheiro de minha casa, o filho adotivo de outra sobrinha, que também criei, aos quinze anos de idade, um jovem estudante, enquanto a mãe se divertia...



SANTA LUZIA devolve a minha vista com a permissão Divina.



Meu Deus! Clamo a SÃO SEBASTIÃO, Santo Guerreiro, que morreu amarrado, flechado, ossos quebrados. Acuda-me.



Estou sem forças, num leito de hospital alimentada por sondas. Sem casa, sem visão, fêmur quebrado, nem me levanto, andar não posso mais, fiquei à mercê da misericórdia destes Anjos de Branco, Médicos, enfermeiros, pessoas que nem conheço me tratam melhor que os “meus”.



Com carinho, me dão banho, tratam as feridas provocadas por fraldas não trocadas, por falta de asseio corporal, me deixavam horas a fio num quarto escuro, sem conforto, isto era para os que ainda eram pagos pra me olharem, me dar atenção. Pobre de mim. Só Deus!



CÁRITAS, Espírito de Luz, me dá forças com teus passes sagrados para que eu resista mais um pouco, cheguei aos noventa e três, ainda tenho uns anos até que Deus me leve, missão cumprida. Antes quero que me seja devolvido a DIGNIDADE que me foi roubada.



Prometi dar a casa quando eu morresse à filha desta sobrinha, mas como não morro, devo ter ainda dívidas nesta terra, sei lá como, assinei uma procuração dando poderes a ela pra vender minha casa, destruir meus bens e me jogar na sarjeta. Uma velhinha com esta idade não responde por si.



MALDITA seja para sempre, porque não merece perdão pela maldade praticada, você não é a sobrinha querida que eu criei, é um espírito maligno.



Clamo a São Cosme e Damião, médicos, Santa Terezinha, enfermeira para que me assistam nesta aflição. Preciso viver mais uns dias, preciso ver esta moça implorando perdão por tantas maldades, não foi esta a educação dada a ela.



Vendeu minha casa e fugiu pra bem longe, ouço falar que está no Rio de Janeiro, já esteve em Belo Horizonte, fugindo, endereço desconhecido, mas fácil vê-los no Cristo Redentor.



Não morri ainda, quem sabe seja hoje o dia, clamo em silêncio a SÃO JORGE, Guerreiro montado em seu cavalo branco, tendo a seus pés, Sua Excelência, Seu Saci ou Exu Laló do Sol e da Lua, Advogado em nome da gratidão, Advogado dos oprimidos, necessitados que com a força do Pai Maior e o poder de Ogum (Velho Jorge) seja meu Advogado enquanto eu estiver na terra.



Que breve muito breve eu possa ter um lugar decente onde eu possa voltar a ser tratada como um ser humano digno, não como entrave, entulho, odiada por não morrer.



Como dizia minha saudosa mãezinha, falecida em 1958:



“Tenho aqui um pé de cá-te-espera” O que for errado aos olhos de Deus, será cobrado até o último centavo.



Aos olhos dos homens, a Lei dará a pena e a JUSTIÇA QUE TARDA MAS NÃO FALHA, CONDENA.



Manaus, 03 de janeiro de 2011, às 9.10h da manhã.

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Nota da autora- O caso é verídico, os dois artigos Venderam minha casa e agora? Declina fatos reais que acontecem não só com Lulu, mas com tantas pessoas aposentadas ou com idades avançadas, estão sendo saqueadas, viraram sacos de pancada, roubam cartões magnéticos, fazem empréstimos, obrigam no silêncio a assinarem documentos, não podem pedir Justiça porque as ameaças não deixam e eles não possuem a proteção do Governo, não existem Asilos pra estas pessoas, o Brasil virou o País dos Velhos, fico a pensar como será o tempo deles quando a velhice chegar, com a formação, a impunidade vamos ver coisas amedrontadoras. Teremos medo das sombras... Quem sabe hoje, Lulu faça sua partida, cumpriu sua missão, cabe a mim dar voz a ela no leito de morte, porque fiz parte de sua vida, ela amava tanto esta sobrinha que me pediu afastamento deles. Quando soube da história o fato estava consumado e eles foragidos. Ana Zélia











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