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Cronicas-->Ciúmes -- 06/08/2002 - 14:33 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Hamilton Lima - jornalista - Rondónia

O funcionário chegou cedo na prefeitura. Precisava estar lá quinze minutos antes do expediente começar. Assim teria chance de ver se o vigia estava dormindo para contar ao prefeito e aos secretários.
Seria o quinto vigia despedido. Era um dos grandes orgulhos de João Traíra. Indicar companheiros que estivessem falhando para ver a punição.
O outro orgulho era adivinhar as necessidades do prefeito e dos secretários, tendo sempre um cigarro, um isqueiro, uma bala, um lenço, um elogio para que o dia do superior tivesse um sentido maior.
E nos momentos de raiva dos superiores uma chamada de atenção, de preferência bem ofensiva, seguida de uma servida de cafezinho para mostrar que não guardava mágoas.
João Traíra se esforçava para ser o melhor alcaguete, além de adular a chefia com maestria.
Gastava seu salário em cartões de aniversário para todos os familiares do prefeito e secretariado. Pedia desculpas com os olhos cheios de lágrima quando o salário minguado não permitia uma bajulada caprichada.
Até que o prefeito, para resolver o problema dos vigias, comprou alguns cães. Para vigiar um pastor belga, ameaçador. O bicho odiava o puxa-saco, que tremia de ódio ao ver o cão que nunca dormia.
O prefeito também comprou um vira-lata para seus desaforos ocasionais, não raro desancando o animal com um pontapé.
Doía o amor-próprio do João Traíra um animal receber mais impropérios e ainda por cima pontapés em seu lugar. Aquilo não era justo.
João quase adoeceu com tamanha ofensa. Todos os secretários arranjaram cachorros.
Certa ocasião viu o cachorro prestes a receber um pontapé do prefeito. Pulou na frente do animal para absorver o impacto. Valeu a pena, mas quebrou o maxilar, o que o fez ficar numa enfermaria durante alguns dias, tornando sua vida um suplício. Não havia a quem bajular no hospital, cheio de mulheres com remédios e injeções, que invertiam a ordem natural das coisas, tornando-se agradáveis, roubando seu lugar.
Mas conseguiu dedurar uma enfermeira que viu sonolenta através de um bilhete. Quase delirou ao imaginar a moça demitida.
Mas a vida é injusta, e o homem foi deslocado para trabalhar na pedreira da prefeitura, só com um chefe e malcriado. Batia em João Traíra por qualquer coisa.
Num dia terrível, o homem chegou com um cachorro de estimação. João não resistiu.
Morreu de ciúmes ao imaginar que o cão poderia tomar seu lugar, levando porrada e lambendo os pés do chefe.
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