Amália cantou-me um Fado ao ouvido com outra voz. Olhos cerrados, alma desprendida, Luz e movimento (pouco). Esta Amália de hoje não se chama Amália-que-já-morreu e que teve uma vida parva de sofrimento e gozo e viagens e solidão e tristeza..., mas Fadista-que-dá-voz-a-Amália e que apesar de a admirar como uma fadista maior que foi, hoje É-o, como pensávamos só ela poderia ser, mas sob o nome de Alexandra. Um grande aplauso de pé e a admiração pela entrega, pelo valor e o talento, pela criatividade e a humildade. Fazer de Diva sem a querer ser é ser-se sem os louros de o ser ou de igual valor.
A diferença está no criar - Diria eu também.
Cantar é criar sempre que a voz ocupa o silêncio.
Os espectáculos populares ou populistas deviam vender mais a imagem de quem está vivo e sabe fazer bem, do que explorar o sentimento dos mitos.
O Presente é sempre o melhor dos tempos e a nossa memória faz-se sempre sobre o tempo Presente de cada momento.
O Tempo.
O Tempo passa e ficou gravado no Tempo.
A Memória que fica e o Tempo que não pára.
Vive-se o Tempo, arquiva-se a Memória.
A Ilusão ajuda... mas o Tempo não volta para trás.
Saudade é a ilusão do Tempo.