Usina de Letras
Usina de Letras
148 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62178 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50582)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->DONA BETA E O PEDREIRO -- 22/11/1999 - 10:35 (Jefferson Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dona Beta era uma mulher dos seus quarenta para cinqüenta anos. Digo assim porque ninguém, a não ser ela mesma, sabia ao certo o número deles; e isso ela fazia questão de guardar consigo mesma. Mulher bem aparentada, muito gabava-se de suas curvas que, apesar dos anos, a natureza insistia-lhe em conservar. Dona Beta orgulhava-se ao perceber os olhares dos homens sendo lançados em seu corpinho de menina quando passava na rua e, por isso, sempre usava roupas justas, numa espécie de provocação velada.

Cansada de morar em prédio de apartamentos, dona Beta um dia resolveu morar em uma casa. Comprou um terreno em um condomínio de casas um pouco afastado da cidade. Feito isso, mandou elaborar a planta da casa. Comprou todos os materiais de construção, e estocou tudo. Contratou a equipe de mestre de obras, pedreiros e serventes para a construção. E assim, deu-se início à obra.

Já com sua casa sendo levantada, dona Beta sempre comentava com suas colegas de repartição o quanto estava feliz. Suas amigas lhe sorriam um tanto invejosas com tais comentários. Porém, dona Beta estava mesmo feliz com a realização daquele sonho.

Passado algum tempo, uma boa parte da casa já havia sido levantada. Dona Beta, não podendo mais esperar, mudou-se para lá. Morava numa parte da casa, enquanto outra parte era trabalhada pelos pões. Todos os dias, ao sair para o trabalho, dona Beta acenava para os peões, que, com os olhos em cima dela, respondiam em coro:
- Bom trabalho, dona Beta.

Todas as manhãs um aroma espalhava-se pelo ar. Era o cafezinho que dona Beta sempre preparava, com pão, bolo, torradas e biscoitos. Colocava tudo na mesa e chamava os peões para tomar o café da manhã. Aquilo já tinha virado rotina, pois, todos os dias aquele cafezinho era certo. De tanto já estarem acostumados, os peões não começavam o trabalho enquanto não tomassem o café da manhã de dona Beta. E Zé, o mestre de obras, era sempre o primeiro que se apresentava para o café.
- Que delícia de café, dona Beta, dizia sempre o Zé. Não existe café tão gostoso como o da senhora.
 Obrigada, senhor Zé. Bondade sua. Respondia dona Beta.

Dona Beta notava os olhares de soslaio que o Zé lhe lançava. Orgulhava-se de que, na sua idade, despertasse assim o interesse dos homens. O Zé sempre vinha até à cozinha com a desculpa de que estava com sede:
- Dona Beta, me dê um copo d’água para tomar?
Dona Beta pensava: é só desculpa que o Zé arranja para me olhar. O Zé já estava tão achegado com dona Beta que pela casa a dentro já entrava sem qualquer cerimônia. E assim o tempo foi passando com a obra da casa sendo feita.

Um dia, dona Beta comprou uma bela televisão: Grande, boa e colorida. A televisão de vinte e oito polegadas serviria para ela ver sua novela preferida. No dia da chegada da televisão, o Zé ajudou a carregá-la para dentro da casa. Efetuou as conexões dos fios; sintonizou os canais; estendeu a antena ; fez a primeira ligação e ficou ali, passando a mão na televisão, admirando sua imagem colorida, seus botões e sua tela. Como esse Zé é prestativo! Que bom moço que ele é!. Os pensamentos de dona Beta eram só carinho e compaixão para o pedreiro.

Passados alguns dias, a obra terminou. Ficara pronta a tão sonhada casa de dona Beta. Ela, então, efetuou o pagamento dos trabalhadores e, com certa dor, despediu-se de todos, agradecendo pela obra bem feita. E assim, foram embora iniciar nova construção em outro lugar qualquer.

Dois dias depois, dona Beta foi para seu trabalho e ao retornar para casa, ficou surpresa ao entrar na sala e perceber que sua bela televisão havia sumido. Dona Beta ficou enlouquecida. Procurou em toda parte. Perguntou na vizinhança, mas ninguém deu notícia da televisão. Por fim, conformou-se com o furto. Aquilo, concluiu ela, não haveria de ser nada; mais tem Deus a dar.

O mestre de obra, três dias depois, apareceu na casa de dona Beta para fazer-lhe uma visita. Ela, então, narrou-lhe o ocorrido com a televisão. Este, ficou consternado com o fato.
- Não é possível, dona Beta, uma televisão tão boa como aquela! A senhora não sabe quem foi que fez uma coisa dessas?
- Deve ter sido algum salafrário que ronda o condomínio à espreita das casas aqui da região.
- E a senhora deu queixa na polícia?
- Não, Zé. Deixa para lá. Não vou apoquentar-me com coisas de somenos importância, nem envolver-me com polícia.
Os dois, então, tomaram algum tempo de prosa na varanda da casa. Dona Beta elogiando Zé e sua equipe pelo belo trabalho que fizeram em sua construção.
- Bom, dona Beta. A prosa está boa, mas eu tenho que ir andando. Disse o Zé olhando para o relógio. E assim, o Zé despediu-se de dona Beta prometendo fazer-lhe outra visita futuramente.

O Zé, então, foi embora para casa. E, confortavelmente, instalou-se no sofá de sua sala para ver seu programa predileto na sua nova televisão, boa, grande, colorida e de vinte e oito polegadas.






Jefferson Carvalho
bsbab345@zaz.com.br


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui