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Contos-->O Quadro ( II ) -- 18/10/2002 - 00:25 (cumpadri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Continuação do conto: O Quadro


Carlos e Ana eram jovens pintores, digamos jovens candidatos a pintores de ideias contraditórias, Ana era uma revolucionária que sonhava mudar o Mundo com as suas obras, Carlos um jovem conservador Cristão que desejava apenas ser notado por Ana. Ambos tinham participado num concurso de pintura da sua escola, ela com um quadro revolucionário ele com um mais sentimentalista daqueles que qualquer bom partidário das revoluções chama um quadro maldito, anti-revolucionário; a rapariga foi declarada vencedora, mas Carlos foi considerado a grande revelação do concurso.


Carlos ao ver a sua mais que todas a contemplar a sua obra resolveu ir receber os prémios que mais desejava: a admiração e o amor de Ana.
- Parabéns Ana! Foste a justa vencedora este teu quadro – o rapaz virou-se na direcção da tela de Ana - como todos os outros que tens pintado é deslumbrante, genial!
- O teu também não está nada mal, mereceste bem aquilo que ganhaste!
Respondeu Ana com uma certa ironia e desilusão, pois ver um quadro anti-revolucionário como o era aquele ser aclamado em público torturava-a, essa aclamação conduzia à negação de tudo aquilo em que acreditava e transformava em Utopia todos os seus mais secretos desejos!


O rapaz cego de amor não reparou no olhar desiludido da sua amada nem no tom hipócrita e continuou esperançado na obtenção dos seus mais que desejados prémios.
- Escuta Ana! Talvez... Sei lá... Será que poderias ajudar-me a melhorar a minha técnica... Não!, não era isto queria dizer!...
- Será impressão minha ou estás-te a fazer a mim?
- ...
- Queres convidar-me para sair? Sei lá para irmos até um jardim sentarmo-nos num banco e olhar o crepúsculo; para estarmos suficientemente próximos que dê para ouvirmos o bater dos nossos corações patetas enquanto olhamos o infinito, é isso que queres Carlos, se é diz logo porque não tenho o resto da noite para te ouvir, tenho mais que fazer?!
Carlos ficou um pouco baralhado, sem saber o que dizer, mas a sua inocência interveio e saiu dos seus lábios uma solitária palavra:
- Sim...
- Sim? Sim o quê? – Disse Ana brusca e agressivamente.
- Sim!, sim é isso. – Retorquiu o rapaz baixinho e atabalhoadamente, não fazia a mínima ideia do que se passava na cabeça nem no coração de Ana.
- ...
- Patetas?...
Perguntou Carlos após alguns segundos de introspecção e com uma voz desiludida e triste, não entendia porque chamava Ana patetas a dois corações que amavam, que se amavam!
- Sim patetas e não faças essa cara de parvo, como se não estivesses a entender as minhas palavras!
- E não estou!


Carlos depois de proferir estas palavras desviou o seu olhar do de Ana e ao fixar um dos cantos da sala viu um céu cinzento escuro reflectido num mar zangado onde flutuava um navio enorme e negro que se afastava cada vez mais de Carlos, no porão desse navio maldito estavam expostos num pedestal também ele negro como a noite mais cerrada os dois diamantes mais cintilantes do mundo, um era um coração o outro uma taça. Ana continuava a discursar mas não era ouvida, Carlos olhava obstinadamente para o navio do seu desespero que a cada segundo estava mais afastado dele, no momento em que a distancia era tal que mal se notava o brilho dos diamantes outros diamantes nasceram de seus olhos.
- Fraco! O que julgas conseguir com as tuas lágrimas a minha pena? Para quem me desejava por inteiro, neste momento contentas-te com muito pouco! Eu sabia!, és incapaz de jogar por tudo ou por nada! És como muitos outros: um FRACO!


Ana que não era tão forte nem tão fria quanto os seus últimos actos e as suas ultimas palavras dão a entender voltou-se repentinamente de costas para Carlos e da mesma forma se encaminhou para a porta de saída mais próxima, pois temia não ter força suficiente para resistir aos apelos do seu coração, apelos que a levariam a atirar-se para os braços do rapaz! Quando a rapariga pensava nesta possibilidade o seu coração alegrava-se saindo do negrume e da tristeza habitual, mas a sua razão levava-a sentir nojo de tal acontecimento sentimentalista lembrando-lhe que uma união com um rapaz conservador e crente em Deus até se pode tolerar, mas uma união com um pintor do calibre de Carlos é imperdoável, pois os artistas como ele são um dos principais obstáculos às revoluções.


Continua no conto de título: O Quadro ( III )

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