A sensualidade visceral
nascia do nada
como pequenos estalos
perdidos na madrugada.
Gemia na horizontalidade do ser.
Fazia como sempre
todo um ritual
meticulosamente planejado.
Seus movimentos
se cadenciavam e intensificavam.
Abastava-se,
ou assim parecia,
com o líquido seminal
da tua presa
a qual expelia,
sem controle,
nervosamente.
Abastava-se
tal qual jardineira
que colhe rosas
de seu campo florido.
Sorvia a última gota
em glória
sempre e sempre
em espera da seguinte.
Só quando ele
adormecia quase sem vida,
desfalecido e concluído,
desgrudava a boca
e saboreava
toda sua busca ensandecida
garganta adentro.
Mas nem assim dormia.
Reanimava a vítima
para quem sabe
ainda ter
a última gota na boca.
E se sentisse
algum suspiro
viril inconsciente
de vida
seduzia a outra dança
como que querendo
esgotar por completo
teu desejo insaciável
de dama da cama.