As primaveras despojam sua nudez
Nas praças e calçadas dessa cidade
E dentro de toda nossa verdade,
Esquecemos um pouco nossa própria rudez.
O caminho se abre, desliza,
De pouquinho, se faz infinito.
Na busca dos olhos bonitos,
O coração de coragem se enverniza.
O capítulo único e perdido,
Deitado no jardim da casa celeste,
Conta histórias e investe
Nos dias de nossos beijos ardidos.
Um pouco triste, com música me curo,
Sendo um tanto saudosista
E outro tanto futurista,
Lembrando passado, presente, futuro.
E se eu pudesse agora, novamente,
Deitar todos meus cansaços
No oceano moreno de seus braços,
Estaria muito mais contente.
Vejo as almas do espaço.
Vêm, batem à minha janela,
Penso: “Que faço?”.
Dizem: “Vá até ela!”.
Se eu pudesse, se eu pudesse...
Se eu pudesse não estaria aqui,
Embebido em choro e prece,
Voltaria para faze-la sorrir.
Ah, minhas muralhas internas,
Sintam o calor do meu sangue,
Vejam a forma mais terna
De amar em todo instante.
Com olhos vidrados no céu,
Vendo-o negro e branco,
Sinto dor e dela sou réu,
Ajoelho-me em meu pranto.
Mas o tempo é um forte,
Que guarda o senhor da distância,
Que vê um plebeu em sua corte,
Querendo voltar à infância.
No abraço mais aconchegante,
Da mais perfeita mulher,
Pois sabe que mesmo distante,
O que deseja, é o que ela quer.
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