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Poesias-->Meu Pai, minha eterna lembrança -- 03/01/2003 - 04:09 (Neli Neto) |
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Meu Pai...
Meu primeiro amor
Meu príncipe encantado
Meu rei
Pouco te conheci é um fato
Já que partiste bem cedo...
As lembranças mesmo distantes
Pela ação contínua do tempo
Se encontram presentes bem vivas
Firmes em meu pensamento.
Jamais consegui te esquecer...
Suas ações, suas palavras, seus trejeitos
Ensinamentos preciosos de vida
Ainda vibram como música dos anjos
Aqui, bem dentro de mim.
Seu amor, seu carinho, seu sorriso amigo,
Atua como bálsamo em minhas lembranças
Quando a saudade aperta em meu coração.
Um dia, você de joelhos no chão,
Com os braços estendidos,
Me deu sua primeira lição
Confiante me disse bem firme,
Anda, vem pra mim, não te deixo cair
E sorrindo, caminhando trôpega,
Cambaleando, bem desajeitada,
Cheguei, e me aninhei entre seus braços.
Com você dei os meus primeiros passos.
Ainda te lembro comigo em seu colo
Ou sentada em seus ombros
Ou brincando de cavalinho.
Jogando bola na vila,
Soltando pipa, bola de gude
Carrinho de rolimã e trenzinho.
Brincadeiras de menino
Brincadas junto com você.
Das balas escondidas no bolso
Toffe, frumelo e de bonequinhos
Do me ensinar o aeiou
Ler, escrever e a tabuada
Do me ensinar a dançar o tango, sua paixão
Com apenas 8 anos de idade.
Do escutar no cair das tardes de domingos
A vitrola tocando, seus discos 78 rotações,
Óperas, Valsas, Fados e Carlos Gardel
Sentado comigo em seu colo
Na cadeira de balanço na varanda.
Dos passeios das tardes de sábado
Do circo, Passeio Público, aeroclube,
Das idas em festas de aniversário
Me obrigando a comer Sacanagem
E a gostar de pimentão.
De dar farelo de pão aos pombos
Domingo de manhã no Largo do Machado
Da nossa ida ao Para-Todos
Todo primeiro domingo do mês
Matinê de desenho animado
Vendo juntos Tom e Jerry dublado
Onde ninguém distinguia quem era quem
Nas risadas soltas, escandalosas
Que juntos soltávamos no cinema.
Da nossa cumplicidade
Das gargalhadas gostosas
Que soltávamos ao acaso
Quando sentados no chão
Víamos Rin-tin-tin, Lassie,
Vigilante Rodoviário, Papai Sabe tudo,
Mutt e Jeff, Pafúncio e os Sobrinhos do Capitão,
Na nossa primeira televisão.
Das implicâncias inocentes
Que sempre fazia ao me acordar
A pena passada em meu nariz
Até me fazer espirrar
Risadas sonoras soltas aos vento
As cócegas, com a gente rolando no chão.
A segurança encontrada
Sua mão tão grande e macia
Cobrindo totalmente a minha.
Papai, como é bom falar contigo!
Você me ensinou tantas coisas boas
A sentir a natureza com os pés no chão
A não temer o tamanho das ondas do mar
A respeitar os mais velhos e as crianças
Não brigar à toa, ser sempre amiga de todos
A saber ouvir, prestar atenção
Cumprimentar sorrindo o vizinho do lado
Dar Bom dia, Boa tarde, Boa noite
Dizer sempre Muito obrigado
E quando preciso pedir Perdão
O valor e o poder supremo que tinha
As três palavrinhas mágicas
Licença, Desculpas e Obrigado,
Como fazem bem ao coração.
Me fez ver que quando o Sol morria,
e com lindas cores, desaparecia.
Era preciso e um ensinamento de vida
Pois sempre dizia bem firme
O Sol vai ter que morrer,
para um novo dia nascer.
Não chorar nunca o que eu tivesse perdido
Pois no dia seguinte algo de bom surgiria
E me faria ser bem mais feliz.
Enfim se hoje sou o que sou
Muito devo a você
Pelo muito que me ensinou
Em tão pouco tempo de convivência.
Você não me viu crescer
Não acompanhou meu desenvolvimento
Minha puberdade, adolescência de perto
Nem pude te apresentar ao meu primeiro namorado.
Não me levou ao altar no casamento
Nem meus filhos nascerem, seus netos
Como era o seu desejo.
Se eu pudesse, contar tudo, o que você fez, por mim,
Nunca mais, teria fim, de tantos os ensinamentos
Que você me deu para o meu futuro.
Esse foi o verdadeiro tesouro
Que você me deixou como herança
E que passei para os meus filhos.
E só posso te dizer muito obrigado.
Sei que de onde estás me olhas
Você hoje é um anjo iluminado
Que se encontra bem perto de Deus
Continuas me zelando, protegendo
No meu caminhar pela vida.
Você se encontra ao meu lado constante
Nas flores que nascem, na natureza, no mar.
Nos pássaros, nas borboletas
Que voam prazeirosas no ar.
Você estará sempre ao meu lado que eu sei
Sempre em qualquer que seja o lugar.
Te amo Papai!
Hoje é o teu dia
E esta é a minha homenagem a você
Meu amigo e companheiro
Que tanto me fez feliz na infância.
Mesmo não podendo me ver crescer.
Mas hoje crescida ainda lembro
De tudo com tamanha nitidez
E isso me deixa mais perto ainda
De você, que eu sei.
Beijos Meu rei, na sua alma
Da sua eterna Princesa.
©Neli Neto
13.08.2000
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