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Ensaios-->Redescobrindo Bob Marley -- 12/02/2000 - 00:11 (Ciro Inácio Marcondes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ouvir os riffs e os cantos iniciais de “Stir it Up” é certamente o melhor calmante que existe. Hoje (Sexta-feira, isso mesmo, Sexta-feira, dia de sair para a night à procura de alguém do sexo oposto que lhe agrade, dia 11 de Fevereiro de 2000), por volta das dez da noite, tive a oportunidade de assistir a um programa especial sobre Bob Marley que me levou a reflexões importantes sobre minha própria vida e me deu ânimo para também escrever este texto. A mágica da fala de Marley me impressionou mais do que tudo. Sua voz, um poderoso instrumento dotado de um encanto capaz de seduzir multidões, tornou-me um fanático expontâneo. Me senti feliz por poder ouvir aqueles sons reggae que nada mais são do que a própria transcrição do significado da paz. Bob Marley me fez abrir os olhos para Bob Marley. Para esclarecer: nunca fui fã de Marley, e na verdade nunca conheci direito o repertório de músicas dele. Conhecia apenas aquelas canções clássicas, que você sabe serem famosas mas nunca dá bola direito. Mas hoje corrijo meu erro: menosprezar ou dirigir qualquer tipo de insulto a Marley ou às suas canções é um crime inafiançável. E eu explico porquê.
Nunca fui fã de Marley, mas tenho um disco dele, uma coletânea recente (assim como o disco, que foi comprado recentemente), Twentief Century Music Collection, que, por algum motivo de direitos autorais por parte da gravadora dele, não possui seus maiores sucessos. Na verdade, a maioria das músicas são canções que eu nunca tinha ouvido na vida. Mesmo assim, ouço-o agora com louvor, e percebo o valor deste disco. O especial da MTV me mostrou não apenas um grande cantor, mas sobretudo um grande homem. Um grandicíssimo homem, cujos valores dificilmente verei serem expressados de forma tão pura novamente. Explico: Bob Marley não era um grande orador, como Hitler ou tantos outros que seduziram os homens durante o curso de nossa história. Não, ele era apenas um homem simples, comum, e falava as coisas como um homem simples, comum. Marley dizia as coisas com o coração. “Não sou um anjo, sou um filho da vida”, dizia. Pode alguém amar mais a vida do que alguém que se denomine o próprio filho dela? Marley parecia dispensar sentimentos mesquinhos, isso definitivamente não parecia existir dentro dele. Antes de tudo, ele se preocupava com seu povo, que não são apenas as pessoas da Jamaica (um lugar desgraçado onde viver é uma luta constante), mas toda a humanidade. Marley falava como um messias, dizia coisas a respeito dos outros homens e dos erros deles como um pai fala dos erros de seus filhos, compreensivamente. Ele parecia acreditar na união dos homens, na irmandade entre todos eles, parecia livre de qualquer preconceito. E, por mais que eu tenha lido coisas sobre atos violentos praticados por ele, entendo que ele foi um ser humano, e que sucumbia a todas as fraquezas dos seres humanos. Um homem simples e comum, com sentimentos verdadeiros. Suas músicas agora me parecem hinos de amor, seu olhar a reflexão da sabedoria. Muitas vezes, seus dizeres nem me pareceram tão profundos, mas eu conseguia perceber a profundidade deles na forma com que ele falava, na forma com que ele olhava. Ao falar a respeito de maconha (remédio do qual também sou adepto e favorável), ele dizia: “Se você olhar bem, ela é uma planta!” Coloco esta planta em itálico para tentar transmitir o lirismo com que ele disse a palavra plant. Aquilo me tocou profundamente.
Não irei descrever aqui passo a passo o programa (parabéns, MTV), nem as músicas que tocaram (em sua maioria, músicas não tão famosas, também). O que eu quero é apenas relatar um momento de felicidade extrema por poder finalmente entender algo sobre alguém que eu já conhecia há tanto tempo, mas que nunca pude apurar direito. A batida lenta e arrastada do reggae, qualquer que seja ele, tem um novo significado para mim. O reggae agora sempre me lembrará as palavras de alguém que era ao mesmo tempo um visionário, um gênio que pregou o amor de uma das formas mais belas possíveis, e um homem comum com defeitos como todos nós. Alguém para quem o “lar não é um lugar físico, uma casa, ou uma cidade, e sim minha mente e meus pensamentos”. Para finalizar, eu apenas peço a todos que lerem este artigo que ouçam “Redemption Songs”, assim como mostrado na MTV, o mais rápido possível, e que se tornem também fanáticos expontâneos. E paz no coração.

Ciro Inácio Marcondes
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