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Ensaios-->A GRAMÁTICA E O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA -- 19/03/2000 - 10:40 (José Cláudio Luiz Nobre) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A GRAMÁTICA E O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
NÃO LEIA, se acredita em pecado.

José Cláudio Luiz Nobre

Todos que nos embrenhamos na arte do ensinar passamos por momentos de êxtase, enquanto professores que se sentiram realizados ao final de uma atividade - ou bloco de atividades. Porém, quem de nós ainda não sentiu a sensação de estar sendo contraproducente, uma, duas, VÁRIAS VEZES, na vida profissional? Quem ainda não culpou o Sistema e se justificou como esmagado por este? Qual profissional ainda não questionou a utilidade daquilo que insistentemente os alunos “têm” que aprender? E mais. Quantas vezes os próprios alunos nos deixaram mudos quando indagaram sobre a funcionalidade do que estava sendo “aprendido”? Mas, depois disso, quantos de nós repensaram a estratégia de trabalho e realmente se propuseram na reestruturação do próprio ato de ENSINAR?

Quero me ater, agora, ao ensino da LÍNGUA-MÃE e, por isso, devo-me dirigir a todos os estudiosos dela, sobretudo a professores e ALUNOS PRE-VESTIBULANDOS da nossa comunidade de ensino.

É comum na vida dos nossos alunos – e nós professores já o sentimos e sabemos disso – aquela sensação de frio na barriga, suor frio, náuseas e outros espasmos similares, por causa de uma prova desta matéria “complicada” que é Português. Lembra? Aqueles trabalhos loucos, nomenclatura “indigesta”, regras muitas vezes contraditórias que o professor passou (e ainda passam!!!!!) (...) Certamente, o aluno procura ajuda dos pais, colegas e, muito provavelmente, outro professor. Qual é a reação dessas pessoas? Uns se fazem de desentendidos; outros se sentem incapazes; os mais valentes tentam, mas não têm certeza absoluta do que estão fazendo; o professor, profissional da área, para não se ver “diminuído”, provavelmente acha uma alternativa. Porém, critica o outro “ ‘professor-louco’ que dá umas coisas dessas pra aluno, ‘pobre coitado’, vítima das garras de um professor tradicional”.

Mas não é estranho? Todas as atividades são retiradas de uma Gramática da Língua Portuguesa (de preferência com respostas para o professor)!!! Não somos todos falantes dessa língua? O professor não é um profissional dessa área?

Então por que a dificuldade? Onde está a complicação?

Será que somos tão incapazes assim, a ponto de não entender nem o nosso português? Ou, a gramática, padronizada nos moldes do português de Portugal, tida como culta, EMBORA VINDA DO LATIM VULGAR, realmente não representa o nosso fluente mundo comunicativo!? Será que essa “coisa-morta”, cheia de regras esquisitas serve realmente de instrumento para o falante da língua se guiar para o sucesso? Já viu algum experto em Gramática RICO? Já viu algum professor conversando fora da sala de aula, utilizando as regras que propaga? Pior: SERÁ QUE O PROFESSOR SABE REALMENTE GRAMÁTICA? Há algum professor (com todo respeito e estima) que seria capaz de, agora, sem consulta prévia, dar uma aula sobre hifenização, com a certeza de que o faria completa e corretamente? O homem quando fala se preocupa com a origem ou classificação da palavra dita? (é do latim? Do grego? Não do hebraico! Aglutinação? Substantivo?....) Quem se lembra de quantas vezes os alunos, durante a vida escolar, vêem sujeito, objeto direto, complementos, colocação pronominal, processo de formação das palavras, pretérito mais-que-perfeito, regras de acentuação e uma série de outras coisas de FONOLOGIA, MORFOLOGIA E SINTAXE (sem considerar o aspecto semântico da língua que é quase sempre esquecido durante as aulas de gramática)? Conseguiram “gravar” muita coisa disso tudo? Saíram depois utilizando no dia-a-dia? Precisaram disso alguma vez na vida que não fosse para a PROVA? Conseguiram se lembrar dessas coisas um mês depois da prova? São retardados, incapazes de aprender?

Definitivamente, NÃO.

ENTÃO PARA QUE INSISTIR, PERDER TEMPO, JOGAR DINHEIRO FORA, Vendo, revendo, intediando-se com estudo de normas, arcaísmos e informações em desuso cujo modelo se deu no ano 120 A.C. e se impregnou no Brasil no século XIX, com a vinda da Família Real para cá? Há alguma razão para se falar “a la Camões” ou “a la Machado de Assis”? Se a resposta for positiva, você conhece alguém que faz isso? Se a reposta continua sendo positiva, certamente você acha essa pessoa indescritivelmente chata, irritadiça, intratável...

ME DÊ (ou você prefere dê-me) três razões para se ensinar ou aprender a “Gramática Normativa” como padrão de língua no Brasil. Se conseguir, prove que isso seja verdade.

Alguém sabe por que foi organizada a primeira Gramática Normativa...

As pessoas mais preocupadas, aquelas que se preparam para ser empregadas, subordinadas na vida, ao lerem este texto, automaticamente pensam nos concursos. É verdade, alguns poucos concursos ultrapassados, de empresas cujos concursados precisam obedecer a regras, ainda exigem gramática. Mas existem estudiosos que afirmam que no próximo século o vínculo empregatício tende a acabar. Prevalecerão os trabalhadores autônomos – dinâmicos e polivalentes. E aqueles que estão preparando-se para conseguir um “emprego fixo e seguro” estarão, certamente, sem espaço no mercado. “E o vestibular?” Outros perguntariam. Os mais atentos já estão percebendo que as melhores universidades já esqueceram as regras em desuso e começam a analisar habilidade de leitura do candidato. E mais. A vida do vestibular tradicional está contada. Num futuro breve, pode não mais existir. Muitas novidades hão de vir. Aguardem!

Diante disso tudo, certamente, o tempo gasto por nós no aprendizado de regras pode ser melhor aproveitado com o DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES DE LEITURA E PERCEPÇÃO DO MUNDO QUE NOS CIRCUNDA. Precisamos, no mínimo, repensar o nosso convívio com a gramática.

Sei, “de cadeira”, que não é fácil. “Colocaram” na nossa cabeça que o professor de português que não ensina gramática não é bom profissional e que um país sem “Gramática Culta” não tem identidade, não progride e fica sujeito à eterna dominação. SERÁ?

Lembre uma nação famosa, hegemônica, cheia de poderes. (EUA?) Você sabia que os aprendizes ianques não usam Gramática Normativa? Melhor, você sabia que não existe Gramática Normativa naquela região? Será que é por isso que produzem tanto? Também não sei. Mas não é uma boa pesquisa?

E o professor Cláudio, aquele que muitas vezes ENSINOU GRAMÁTICA PURA, para onde foi?

Uma boa pergunta! Embora sem sentido agora. Explico usando uma metáfora. Sabe a diferença do açougueiro para o veterinário? O açougueiro é aquele que MATA e esfola reses nos matadouros, carniceiro; não sabe como nada funciona na vaca – e nem está interessado – mas esmiuça pedaço por pedaço da sua estrutura. O veterinário, ao contrário, é aquele que cuida, sabe como funciona, sabe de Anatomia – a Ciência que trata da forma e da estrutura dos seres organizados, em repouso ou em movimento, baseado no conhecimento dos órgãos internos, do esqueleto, dos músculos – sabe “tudo” e por isso mesmo cuida da VIDA dos seres. E tem crédito para isso. Você já deve ter concluído quem, em se tratando de língua, é o professor-carniceiro e quem o veterinário. Eu não quero mais sentir a sensação de açougueiro. Só isso. Que tipo de professor você gostaria de Ter ou ser?

Reflita comigo, passe essa idéia, procure outros professores, fale com os colegas, mande sugestões.

Precisamos fazer alguma coisa!!! o futuro está aí!!!

Conto com você também!!

Leitor, entre nós, você encontrou alguns vacilos nesse texto? Se não, vou-te dar um: 'intediando-se', ou entediando-se? Notou? E nessa frase? 'Vou-te dar', ou vou lhe dar? Procure outros...
P.S. Os vacilos atrapalharam a comunicação? Foram propositais.

INSTRUÇÕES PARA DIFUSÃO DESSA IDÉIA

Este é um momento de avaliação e reflexão. Serão consideradas para tais apenas 03 questões. Na primeira, será avaliado o que você “aprendeu” durante a sua vida escolar; nas outras, serão consideradas as suas habilidades de escrita, de acordo com o objetivo e o destinatário a que ela se propõe. Aceita o convite?

01. Esta carta-documento, modificada para nossa reflexão, foi endereçada a alunos e, com algumas adaptações, a pais, a professores e a demais pessoas de vários lugares, através de alguns jornais, em 1998, 1999 e agora está sendo veiculada na Internet. O que se quer com esse trabalho não é parar de estudar a Língua Portuguesa, pelo contrário, quer-se verdadeiramente estudá-la, compreendê-la e criar mecanismos para poder utilizá-la nas suas diversas modalidades. Resolveu-se então começar por esta avaliação inicial. Para isso, preciso contar agora com o seu poder de concentração e escrita: tente lembrar-se de tudo o que foi estudado, nas aulas de português, durante sua vida escolar e faça um registro detalhado daquilo que conseguir lembrar. Se preferir pode fazer um esquema. Você estará provando o que realmente aprendeu. O que se aprende não se esquece. Confie.
P.S. Não se assuste se não conseguir lembrar muita coisa. Isso é normal.

02. Escreva uma carta a um(a) colega, convidando-o(a) a refletir sobre o estudo da gramática normativa. Use a sua criatividade, argumente e convença. Lembre-se: a carta é para um(a) colega; não para o Presidente.

03. Escreva (para o professor Cláudio) as suas opinião e sugestão a respeito do texto que acabou de ler. Use os seguintes e-mails: claudionobre@hotmail.com ou reggiani@gcsnet.com.br

“Na leitura de um livro, não te atenhas à escrita. O livro é o espelho em que refletes a tua vida. Ao leres um livro estás lendo a tua vida. Quem lê a escrita em vez da vida, é aquele que vê a película metálica do espelho em vez de sua imagem refletida”
Masaharu Taniguchi
Bom trabalho,
claudionobre@hotmail.com
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