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Ensaios-->Pai Nosso Aeroespacial -- 01/04/2000 - 22:03 (Francisco Leme Galvão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


PAI NOSSO AEROESPACIAL




... E quando rezardes, não imiteis os hipócritas!

Estes para fazerem suas preces adoram se colocar nas esquinas e nas aglomerações das igrejas para que sejam vistos.

Em verdade vos digo, estes já obtiveram sua recompensa.

Mas tu, quando rezares, retira-te para o teu quarto e reza a teu pai que lá está, e em segredo; e teu pai que vê
até no segredo, te atenderá (Mat. VI-5,6).

... E em vossas preces, não sejais prolixos como são os pagãos; eles imaginam que falando muito far-se-ão escutar melhor.

Não façais como eles porque o vosso Pai sabe bem o que vos é necessário, antes mesmo que peçais...

E quando orardes dizei assim (Mat. VI-7,8):......



PAI NOSSO ...

Todos nós temos um pai, que é aquele que nos gerou no ventre de nossa mãe.
Talvez, você não o tenha conhecido, seja porque faleceu antes mesmo que você tenha adquirido consciência ou seja porque as vicissitudes da vida, tenham afastado a ele ou a você de uma convivência.
Talvez mesmo em sua certidão de nascimento nada conste, e você não saiba quem ele foi.
Não se envergonhe, pois o único que deveria se envergonhar disto seria ele próprio, por não haver sabido assumir a responsabilidade de um momento de afeto e ternura de sua mãe.
Talvez, o que é muito mais doloroso, você o tenha conhecido, amado, e depois... tenha deixado de amá-lo, envergonhado-se dele ou quem sabe, o odiado!
Talvez, você tenha simplesmente o esquecido.
Talvez ainda, você esteja entre os privilegiados, que tiveram ou tem um pai formidável mas não o sabem reconhecer, ou então, entre os felizes que o reconhecem, respeitam-no e com eles convivem, ou conviveram...
Não importa, entretanto, como seja ou como tenha sido o nosso pai, uma 'verdade' existe: ele nos concedeu o dom da vida e nos gerou.
Ele foi a nossa origem e dele herdamos a metade de nossos caracteres fisiológicos e metade da parcela fisiológica de nossa personalidade.
Se isto não for ainda muito aparente em nós, irá renascer em nossos filhos ou em nossos netos! São as leis da genética e estão representadas por vinte e quatro cromossomos em todas as células de nosso corpo; em todas elas!
Mas e o pai de nosso pai? E o avô de nosso avô? E... e o primeiro homem? Foi um ou foram muitos?
A ciência tenta nos traçar a evolução dos seres vivos na terra desde as primeiras células ou aglomerados vivos surgidos através de milênios e eras, até os nossos dias.
Exatamente como descrito no primeiro capítulo da Bíblia, o 'Gênesis', no início a terra ainda muito quente era envolvida por uma espessa atmosfera onde predominava o vapor de água, nitrogênio, o gás carbônico e as cinzas escaldantes dos vulcões.
Sendo estes gases transparentes, sobre sua atmosfera havia apenas a luz do sol durante o dia, e a escuridão

durante a noite (primeiro dia).
Com o resfriamento paulatino da atmosfera, iniciou-se a condensação do vapor d’água formando uma espessa camada de nuvens envolvendo todo o planeta tal como existem hoje em Vênus e em Titã, satélite do planeta Saturno, e as primeiras chuvas formaram os primeiros lagos e mares sobre as regiões mais profundas ou frias. (segundo dia)
Com o resfriamento em ritmo mais rápido, houve a precipitação de quase que a totalidade do vapor d’água, dividindo a terra em oceanos, mares e continentes.
O elevado teor de umidade e de gás carbônico da atmosfera, os raios infravermelhos da luz solar filtrada pelas nuvens e as descargas elétricas das tempestades incessantes fizeram com que se formassem nos lagos e espelhos de água existentes sobre os continentes os primeiros aglomerados de vida vegetal unicelular.
Aos poucos, todos os continentes foram sendo recobertos por imensas florestas de vegetais primitivos. (terceiro dia)
Entretanto, foi somente após milênios, com o maior resfriamento e a liberação de oxigênio pelos vegetais que a atmosfera tornou-se novamente

suficientemente clara como hoje a vemos, deixando então aparecer o sol, a lua e as estrelas. (quarto dia)
Foi então com o oxigênio abundante que nas águas dos oceanos surgiram as primeiras formas de vida animal, destas surgiram os peixes, destes os répteis e anfíbios e finalmente destes as aves, que como demonstra a paleontologia, vieram completar o povoamento das biosferas terrestre, marítima e aéreas de nosso planeta. (quinto dia)
Novas mudanças climáticas, .e geológicas, ao que tudo indica resultantes do impacto de um cometa, fazem desaparecer os répteis que dominavam a terra,

A estes sucederam então os mamíferos, destes os primata e ... e então apareceu ... o homem (sexto dia).
Como?? A ciência pesquisa procurando ansiosamente retraçar através de estudos de esqueletos, ossos, artefatos, etc., o caminho que a vida traçou durante estes últimos 50.000 anos, mas convenhamos que não é fácil.
Macacos evoluídos, hominóides, pitecantropus, neanderthalenses, etc., fervilham ao longo deste enorme período. Mas seriam HOMENS de verdade, ou seja, capazes de sentimentos, decisões e idealizações?
Finalmente e então de modo inconteste, a cerca de aproxima-damente 6.000 anos, aparece na região mesopotâmica da Ásia Central a primeira civilização, e aqui a ciência e a Bíblia mais uma vez estão acordes. Indubitavelmente já são HOMENS como nós, são 'homo sapiens' e com eles temos pela primeira vez: a escrita, as artes, as cidades e tudo mais como

hoje, apenas de forma bem mais rudimentar...
São seres conscientes do bem e do mal e já capazes de opção e decisão próprias, muito superiores às de uma simples programação animal e instintiva.
Infelizmente são mortais e matam e guerreiam entre si, não apenas para sobreviver, mas também movidos por sentimentos como o ódio e a inveja (Caim e Abel). Já seriam capazes de amar e perdoar? (de modo limitado). Como surgiram?
Talvez, você seja daqueles que prefere aceitar que vieram naturalmente pela evolução e sobrevivência do mais apto dos hominóides e antropóides como a antropologia física tenta demonstrar.
Talvez você prefira acreditar literalmente no texto bíblico e que o 'sopro divino' sobre o barro gerou o primeiro homem.
Talvez ainda, você ache mais razoável acreditar em algo como uma manipulação genética feita por seres extraterrestres.
Assim, o homem teria sido criado de uma molécula de DNA sintetizada a partir de matéria inorgânica (barro), e a eguir posto em estado de hibernação
(sono).
Dele se teria extraído uma parcela (da costela) obtendo-se assim numa segunda geração em proveta uma fêmea (Eva) gerada a partir do cromossomo doador tendo o sexo sido modificado também por manipulação do DNA.
Com os avanços atuais da engenharia genética, é altamente provável que tudo isso possa a vir a acontecer um dia no século XXX, numa versão em 'science fiction' do gênesis.
Não importa, o que é necessário é que quando falarmos em PAI NOSSO estejamos nos dirigindo não a um pai no sentido humano, origem da nossa vida presente; mas ao 'Pai', ORIGEM de nossas origens:
A aquele que existiu antes de tudo e do qual tudo adveio; seja o sopro divino, sejam os astronautas e o DNA, seja o fator gerador do universo que gerou a terra, seja, .....não importa exatamente o que... mas aquele de quem disse o apóstolo João:
'No princípio era o verbo... e o verbo estava em Deus e o verbo era Deus'. (João I-1)

Obs.: Lendo o 'Gênesis' é de se perguntar: como um povo de pastores nômades e bárbaros pôde a 6.000 anos atrás ter uma versão tão correta da gênese do planeta terra como a que só recentemente a ciência atingiu?

. . . . . . QUE ESTAIS NO CÉU .

Nós, quando pequenos aprendemos que o céu é aquela coisa azul, cheia de nuvens ou preto cheio de estrelas que fica lá em cima.
Os antigos imaginavam o céu como uma abóbora sustentada por pilares e na qual as estrelas estavam pregadas.
Desde que Galileu inventou o telescópio é que começamos a ter a idéia de que a Terra não é o centro do que hoje denominamos Universo.
A Terra, este pequeno satélite do
sol, em que vivemos, tem apenas 40.000 Km de circunferência, uma distância que a pé podemos percorrer em 3 anos, e que os jatos percorrem em apenas 2 dias.
O Sol, que fica a 149.000.000 Km da Terra é uma modesta estrela de 1.000.000 Km de diâmetro e sua luz que viaja a uma velocidade de 300.000 Km/s leva apenas 8 minutos e 17 segundos para chegar até nós.
Em compensação, para viajar da estrela mais próxima (Próxima Centauri) até a Terra, estima-se que a luz leva cerca de 5 anos.
O Sol faz parte de um grande aglomerado de 100 milhões de estrelas que chamamos de Galáxia cuja forma lembra a de um 'ovo frito' em cuja gema concentrar-se-ia o maior número de estrelas sendo que muitas, chegam a ser 10 vezes maiores (em massa) que o nosso próprio Sol.

A posição do sol é mais ou menos na 'clara' junto a gema do 'ovo frito' galáctico. O diâmetro da Galáxia é tal que se estima que um raio de luz leva 100.000 anos para atravessá-lo, mas já na direção de sua espessura, levaria apenas 1.500 anos (ver Ref. 2).
Mas fora desta nossa Galáxia, os astrônomos já detectaram milhares e milhares de outras, cada uma delas com milhões e milhões de estrelas, cada uma contendo provavelmente planetas.
E muito provavelmente em alguns destes planetas existiram, existem ou irão existir vidas, semelhantes ou não, às que conhecemos na Terra e quem sabe, seres inteligentes mais evoluídos

ou menos evoluídos que nós.
Nem por isso é de se dar crédito a todos estes relatos fantásticos de Ovnis, discos voadores e de encontros, pois se a existência de outros seres inteligentes
no universo é altamente provável, a probabilidade de um encontro entre estes no tempo e no espaço embora não nula, é extremamente baixa (um evento raro e de enorme importância para ambos).
Num universo deste tamanho, evidentemente ainda que Deus esteja
'no céu, na Terra e em toda parte' ele estará muito mais no céu do que em uma migalhazinha do Universo que chamamos de Terra, evidentemente sem a excluir também a sua presença nela!

. . . SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME, . . .

Os maometanos O chamam de Allah, e os gregos chamavam de Zeus ao pai de todos os deuses. Já para os Brahmanes é Brahma o princípio de tudo, e o deus único adorado pelos egípcios era Aton.
Na América pré-colombiana encontramos Quetzacoal, etc....
Alguns não O chamam, mas sempre encontraremos alguma coisa postulada na base de seus raciocínios e a qual denominam: causa primeira, mãe natureza, leis do acaso, 'big bang', etc.
Esta necessidade humana de denominação aparece sempre que se constata a existência de algo, como se à constatação devesse-se seguir a denominação.
Assim constatamos e deno-minamos: 'princípio da conservação da energia', 'lei da entropia crescente', etc., as constatações de realidades científicas evidentes e mensuráveis, mas cujas causas e explicações últimas não o são.
E se Deus existe, como denominá-lo?
'Eu sou aquele que é', disse o Senhor em seu primeiro encontro com Moisés, na sarça ardente em meio ao deserto.
Posteriormente em meio a nuvens e trovões no topo do monte Sinai lhe entregou gravado em pedra num
'contato imediato do primeiro grau”: 'Não pronunciarás o meu nome em vão'.
Na Bíblia o nome do Senhor pode ser Adonai, Sedaih ou quase sempre Jahveh, cuja pronúncia merece todo respeito.

Até hoje, entre os judeus, o povo eleito, (herança geneticamente pura do
primeiro 'homo verus' ?) evitando pronunciá-lo sem o devido respeito preferem a forma Adonai, e só o rabino em cerimônia anual especial, pode murmurar os 'hs' aspirados do tetragrama sagrado 'YHWH', na sinagoga silente.
Este portanto, seria o verdadeiro nome do Senhor?
O próprio Cristo (por ser judeu e Seu filho),no entanto não O chamava pelo nome, mas por Abba (pai) ou por Eli (Mt., 27,46) e Elohin e nos ensinou: ...'Santificado seja o Vosso nome...'
Santificar, significa manter acima do profano, glorificar, elevar, respeitar, honrar, etc. E o que devemos fazer com o nome do Senhor: 'YHWH'

VENHA A NÓS, O VOSSO REINO

'Até João, foram as leis e os profetas, mas depois que o reino foi anunciado, todos querem nele entrar a força!' (Lc. XVI 16).
O que seria este reino que devemos pedir que venha e no qual todos querem entrar a força?
Somente através da leitura das parábolas contadas por Jesus e transcritas pelos apóstolos evangelistas é que poderemos formar uma idéia mais clara sobre o 'Reino'.
'O Reino dos céus é como uma semente de paineira (na Bíblia: mostarda) que um homem plantou em seu quintal. Ainda que seja uma semente muito pequena ela se torna em uma das árvores mais altas e os pássaros vem nela se abrigar em seus ramos frondosos.' (Mt. XIII 31,32).
Ou : 'A que posso comparar o Reino de Deus? Ele é semelhante à pitada de fermento que uma dona de casa coloca em três xícaras de farinha e faz com que toda a massa fermente.' (Mt.XIII 33), e; 'O Reino dos céus é comparável a um tesouro que um homem descobre enterrado em um terreno: ele o enterra novamente, vai todo feliz, vende tudo o que tem e compra este terreno.' (Mt.XIII 45).
Quando apresentaram um bando de crianças a Jesus para que Ele as abençoasse, os discípulos protestaram, mas Jesus os repreendeu e disse: 'Deixai vir a mim as crianças; não as impeçais, porque é aos que são como elas é que pertence o Reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem quer que não acolha o Reino de Deus ainda criança, nele não entrará”. Depois Ele as abençoou, impondo-lhes as mãos.' (Mc. X 13,16).
Disse ainda depois de um diálogo com um moço rico e bom, mas incapaz da renúncia total: 'Como é difícil para aqueles que possuem riquezas, entrar no Reino dos Céus! Será mais fácil um camelo passar pelo furo de uma agulha, do que a um rico entrar no Reino de Deus! ' E os que ouviam então exclamaram: Mas se assim é, quem poderá se salvar ?! E Jesus completou: 'O que é impossível aos homens é possível para Deus.' (Lc. XIII 24,27)
E disse ainda durante o sermão que fez numa montanha para a multidão que o seguia: '... felizes os perseguidos pela causa da justiça porque a eles pertence o Reino dos céus...' (Mt. V 10).
Dos diversos ensinamentos de Jesus sobre o Reino, podemos ainda aprender que:

- O que cada um receberá no Reino é independente do tempo que a ele tenha dedicado, como a recompensa dos trabalhadores da vinha descrita em Mt. XX 1,16.
- Que muitos serão os chamados, mas poucos os escolhidos, como os convidados do banquete descrito em Mt. XXII 1,14.
- Que quem se mantiver preparado, não será surpreendido pelos acontecimen-tos, tal como as virgens prudentes e os empregados zelosos mostrados em Lc. XII 35,48 e em Mt. XXV 1,13.
'O Reino dos céus é ainda comparável a uma rede que se joga no mar e que apanha as coisas mais diversas. Quando ela já está cheia, os pescadores a levam para a praia e recolhem em cestos tudo o que é bom, e rejeitam o que não é. Assim também será o fim do mundo; os anjos virão para separar os maus dos justos.' (Tm. 13,47).
E quando seria este instante final da vida humana sobre a Terra? Da 'colheita'? Da volta do Filho do homem?
Pode-se ter uma idéia lendo-se os trechos de Mt. XXIV, Mc. XIII e Lc. XXI. dos quais se depreende que uma catástrofe de origem cósmica, ou seja, desencadeada por fatores externos ao planeta, deverá acarretar o final das espécies vivas de nossa minúscula esfera terrestre.
Será precedida por grandes terremotos e maremotos bem como por instabilidade social dos povos, que entrarão em guerras generalizadas, além de que, poderão ser observados estranhos fenômenos luminosos na atmosfera e modificação nas trajetórias aparentes do sol, da lua e das estrelas (mudança do eixo de rotação terrestre?).
As erupções vulcânicas escurecerão o céu e mais do que em catástrofes terrestres anteriores (ref. 3), ou o recente choque de um cometa com Júpiter, o efeito sobre esta civilização concentrada em metrópoles, será devastador.
Mas, como não estamos sós no universo os sobreviventes irão presenciar a vinda dos 'anjos' (extraterrestres?) que acorrerão em socorro da humanidade ameaçada de extinção, recolhendo os eleitos de uma extremidade a outra da terra e do céu! Quando isto ocorrerá? ( ver nota )
'Quanto ao dia e a hora ninguém o sabe, nem os anjos do céu, nem Jesus, somente o Pai'; (Mc. XIV, 32) mas quando vires a 'abominação da desolação' de que falou o profeta Daniel, instalada no lugar santo' (Mt. XXIV, 15) '...lá onde ela não deve estar (Mc. XIII, 14)'.
E em Daniel, XII, 11, lemos: 'a partir do momento em que for abolido o sacrifício perpétuo (eucaristia?) e instalada a 'abominação da desolação' decorrerão 1290 dias.'???
A interpretação fica por conta do
leitor.
Felizmente a duração profetizada para estes acontecimentos é de apenas 45 dias pois 'feliz o que sobreviver e chegar a 1335 dias' (Dn. 12,12)
Nota Considerando-se uma provável futura capacidade da engenharia genética vir a recriar corpos a partir de
células ósseas (ressurreição da carne), os 'eleitos' seriam aqueles cujos esqueletos tenham sido preservados: Papas, Faraós, Napoleão, Lenin, etc.... cujos enormes túmulos são testemunho inconteste de sua 'eleição'.
Pobres daqueles que optaram pela cremação ou ficaram insepultos!

SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ...

Qual é a nossa vontade? Qual é a minha vontade? Qual é a vontade do leitor? Os atos dos animais são frutos de uma programação instintiva; e os nossos?
Embora nos denominemos animais conscientes, os nossos atos livres, gratuitos e de vontade própria são extremamente raros. Raros a ponto de serem interpretados como loucura!
Nós, quase sempre agimos conforme nossas necessidades insatisfeitas numa escala ascendente determinada pelos psicólogos e a ciência do comportamento, a partir de:
- necessidades fisiológicas, como a fome, a sede, o sono,...
- necessidades de segurança, como as de defesa, estabilidade,...
- necessidades sociais, como convívio, participação, diálogo,...
- necessidades de auto-estima, como fama, reconhecimento,...
- necessidades de auto-realização, como conhecer, superar-se, criar,...
Nós também agimos movidos por aprendizados e condicionamentos de comportamentos que nos foram impostos pelo que denominamos educação, formação, etc. ou ainda hábitos e maneiras que aprendemos pelo exemplo de outros.
Nós também agimos de acordo com um 'enredo de vida' ou roteiro que estabelecemos ainda crianças e também de acordo com padrões emocionais que na mesma primeira infância estabelecemos em função das iterações que o mundo em nossa volta forneceu.
Como nessa tenra idade o mundo a nossa volta é constituído principal-mente pelos pais e de modo especial pela nossa mãe é dela e deles e de suas reações, que estabelecemos nosso padrão emocional.
Talvez não tenhamos consciência, mas nesse 'roteiro' básico ficou estabelecido em linhas gerais como deveríamos viver, casar, educar os filhos e até morrer! (ver ref. 4)
É nesse período remoto e esquecido de nossas vidas que estabelecemos também se nos consideramos melhor, iguais ou piores que os outros... OS OUTROS.

Estes outros que por sua vez também tem suas necessidades insatisfeitas, seus comportamentos aprendidos, suas programações de vida, suas características herdadas e suas vontades próprias.
E então? Qual destas vontades deve prevalecer?
Entre a 'vontade' da lagartixa que quer comer a mosca para se alimentar e a da mosca que quer voar para viver, qual é a mais certa?
E entre a 'vontade' de alguém que quer continuar vendo a lua e a da nuvem que passa escondendo-a ou a da terra que gira e a faz sumir, qual deve prevalecer? Entre a 'vontade' universal da morte e a da mãe que quer que seu filho doente continue vivo?
Mas se estes são exemplos mal colocados de 'vontades' ou determinações imutáveis que independem da nossa, há por outro lado vontades razoáveis e nobres, como por exemplo a de nosso filhos quando pedem para que lhe ensinemos algo, etc.
Disse o Cristo: 'Pedi e recebereis, batei e se vos abrirá, porque quem pede recebe, quem procura encontra e quem bate será atendido.
Pois qual dentre vós, quando um filho lhe pede um pão lhe dará uma pedra ou quando pedir um peixe lhe dará um escorpião?
Se vós que sois falhos, sabeis dar boas coisas a vossos filhos quem dirá que o Pai que está nos céus não dará boas coisas a quem lhe pedir em oração?' (Mt. VII 7,11)... o Espírito Santo a quem lhe pedir (Lc. XI 9,13).'
E sabemos nós o dia de amanhã, ou se o que é bom hoje continuará a sê-lo amanhã? Sabemos nós se o que é bom ou mau para mim não será mau ou bom para os outros?
Seja feita portanto a VOSSA vontade e não a NOSSA!
E como podemos saber qual é a vontade do pai?
Para Moisés, no alto do monte Sinai Ele ditou e entregou gravado em pedra tudo aquilo que não correspondia a Sua vontade.
'Sou eu Iahvéh teu Deus que te libertou do Egito e não terás outros deuses que eu próprio.
Não farás imagens esculpidas de nada que está no céu, ou na terra, ou nas águas, para não te prostrares diante destas imagens para as adorar e servir porque eu Yahvéh, teu Deus, eu sou um Deus ciumento, que pune toda falta dos pais em seus filhos, seus netos e seus bisnetos daqueles que me traem,
mas que distribuo milhares de graças para aqueles que me amam e guardam meus preceitos.
Não pronunciarás o nome de Yahvéh teu Deus em falso, ou em vão porque não deixarei sem punição aquele que pronunciar meu nome em vão.
Lembrai do dia de sábado para o santificar. Trabalharás durante seis dias e farás todo o teu serviço, porém o sétimo dia será um dia para Yahvéh teu Deus. Tu não farás nenhuma obra, nem ti, nem teu filho, nem tua filha, nem teu empregado, nem tua empregada, nem teus animais e nem teu hóspede estrangeiro.
Honra teu pai e tua mãe para que tenhas vida longa sobre a terra que Yahvéh te deu. (único preceito positivo)
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não furtarás
Não darás testemunho mentiroso contra o teu próximo
Não cobiçarás (invejarás) a casa de teu próximo, não cobiçarás a mulher de teu próximo, nem os empregados de teu próximo, nem suas empregadas, nem seus animais, nem suas posses, enfim, nada que é dele.' (Ex. XX 1,17).
E quando o povo hebreu agarrou-se a estas leis negativas e proibições para em seu nome, até mesmo apedrejar seus semelhantes, o Pai mandou Isaías um profeta para ensinar-lhe:
'Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. É vão o culto que me rendem; as doutrinas que ensinam nada mais são que preceitos HUMANOS.' (Mt. XV 8,9)
Mas todos os profetas não bastaram e foram apedrejados e mortos. Então o Pai enviou o seu próprio Filho à terra para ensinar que o único mandamento, a 'VOSSA VONTADE', nada mais era que:
'Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito e amarás ao teu próximo como a ti mesmo.' (Mt. XXII 37,39)
E como amarmos ao próximo como a nós mesmos, se não amarmos as nossas próprias vidas, os nossos comportamentos e o que somos? Se não nos transformarmos em algo que nós possamos amar?
Assim jamais saberemos amar e

não seremos amados.
E no entanto, é esta a vontade do Pai, contada e vivida pelo Filho, para quem esta mesma vontade chegou a ser terrivelmente difícil; 'Pai se esta taça não pode deixar de ser bebida, que seja feita a tua vontade.' (Mt. XXVI
42) E no instante de desespero final, até mesmo incompreendida: 'Meu Deus, meu Deus; porque me abandonastes?' (Mt. XXVII 46)
Não é pois de admirar que nós dificilmente a compreendamos e mais raramente ainda a vivamos...
ASSIM NA TERRA, COMO NO CÉU ...


Hoje o homem iniciou a conquista do espaço sideral e parece que só agora começa a ter sentido humano esta parte da prece ensinada a 2000 anos.
O cosmos aí está a nossa espera, para a colonização e se tanto a religião como a ciência nos mostram que a vida na terra está fadada a um fim, nem a religião nem a ciência indicam um fim necessário para a espécie humana ou para o universo.
De onde viria esta inconformação humana pelo solo que habita? O 'Gênesis' nos conta que já depois do dilúvio, os homens, inconformados com a terra, tentaram construir uma torre para chegar aos céus! A torre de Babel. (gen. XXI 1,9)
Como explicar este impulso e este entusiasmo que levaram o homem desde o tempo de Da Vincci ou antes como Ovidio, escrevendo 'Dédalo e Ícaro' , a pensar em voar como os pássaros?

De onde viria esta emoção gerada

entre todos os povos da terra, pelo primeiro vôo humano, pelos grandes feitos aeronáuticos, pelo primeiro satélite artificial (o Sputnick) e pelo primeiro passo dado por um homem na lua?
Talvez, sem o saber, Da Vincci, Dumont, Lindenbergh, Gagarin e Neil Armstrong sejam os que mais nos tenham feito caminhar no sentido de levar a vontade do Pai além da terra ... (como no céu) o universo está a nossa espera.
Mas enquanto isto, a terra aqui está e é em nosso continente, em nosso país, em nosso estado, em nossa cidade, em nossa rua, em nossa casa e em nosso trabalho é que a vontade do Pai deve ser feita.
Primeiro aqui (na terra) e talvez um dia lá (nos céus), onde os anjos, querubins, serafins e demais seres extraterrenos provavelmente já a executam e muito melhor que nós.

O PÃO NOSSO DE CADA DIA, NOS DAI HOJE ...

A origem do pão remonta as origens do homem e o cultivo do trigo bem como a construção de celeiros para a sua guarda, inicia-se com as primeiras civilizações, sendo o pão um alimento quase que universalmente aceito.
Embora o pão seja um alimento destinado a satisfazer apenas uma de nossas necessidades básicas de sobrevivência e fome, não seria uma extrapolação exagerada, imaginar-se que por 'pão nosso' Cristo estivesse subtendendo todas nossas demais necessidades básicas.
É interessante no entanto, notar-se a ênfase contida na idéia: ...de cada dia...nos dai hoje...ou seja: tudo que foi de ontem ou que será para amanhã, já não nos deve perturbar!
Duas passagens dos evangelhos esclarecem o sentido deste aparente imediatismo exagerado mas cujo objetivo é bem outro, evitar a preocupação em si, pois que esta por si própria nada resolve.
'Não vos inquieteis em vossa vida sobre o que comereis ou o que vestireis. A vida não vale, ela mesma, mais do que o alimento e o corpo mais que as vestes? Olhai as aves no céu, elas não semeiam nem colhem e nem guardam em celeiros e o Pai celeste as alimentam. Não valeis vós, muito mais do que elas?

Quem portanto pode, através da inquietação, aumentar de uma só medida ao comprimento de sua vida?
E do que vestir, porque se inquietar? Olhai os lírios do campo como eles crescem, não pintam nem tecem. Ora e eu vos digo que nem Salomão, com toda a sua grandeza se vestiu como eles.' (Mt. VI 26-29)
E concluiu: 'Procurai antes o Reino e sua justiça e tudo isto vos será dado por acréscimo; não vos inquieteis portanto pelo amanhã: o amanhã se inquietará dele próprio. A cada dia basta a sua própria pena.'
Inventou-se recentemente uma palavra nova para denominar uma nova doença que encontramos na raiz de todos enfartes, colapsos, etc....
É o 'stress'.
Não se vive mais o instante que passa, mas apenas o que está por vir.
E se o melhor da festa é esperar por ela, o que seria o pior da desgraça? É a insegurança e a ansiedade que pontificam na trepidante vida moderna
atreladas às prestações intermináveis, à incerteza do amanhã... a falta de esperança.
Quem achar que Jesus, pregando como pregou, convidava à imprevidência e a irresponsabilidade não entendeu o verdadeiro sentido da mensagem, que se assim fosse, seria incoerente com o da parábola do homem sábio que edificou sobre a rocha e do estulto que construiu a sua

sobre a areia.
Pode-se perfeitamente, ser previdente e responsável sem se entregar as preocupações como pode-se, ser imprevidente e irresponsável e... preocupado!
É evidente que a primeira atitude só pode alongar e alegrar os anos de uma existência, enquanto que a segunda somente tenderá a encurtá-la e desgraça-la: Qual devemos adotar?
Os filhos(as) de pais (mães) preocupados tendem a ser também preocupados pois os pais de mesmo sexo tendem a influir fortemente em como somos enquanto que os pais de sexo oposto exercem grande influência sobre o que almejamos ser em nossas vidas.
É pois, de grande importância que nos libertemos de qualquer herança de preocupações que tenhamos recebido e
evitemos transmiti-las a nossos filhos (ref. 4).
Quando procurado por alguém, preocupado em como haveria de repartir a herança paterna entre seus irmãos, Jesus alertou: 'Guardai-vos de toda cupidez, porque a vida de um homem mesmo na maior abundância não é assegurada pelos seus haveres'; e contou:
'Havia um homem rico cujas terras haviam produzido muito e ele se preocupava em o que fazer com a colheita; depois de meditar sobre o assunto concluiu:
Já sei, derrubarei os meus celeiros, construirei outros ainda maiores, aí guardarei todo o meu trigo e meus haveres e então direi à minha alma: Minha alma, tu tens muitos bens de reserva para muitos anos; repousa, come, bebe e festeja!
Mas Deus lhe disse: Insensato! Esta noite mesmo a tua alma será chamada”.
. . . PERDOAI AS NOSSAS DÍVIDAS . .

Teremos nós dívidas para com o nosso Criador?
Pedimos nós para nascer? dirão alguns. E que dívidas são estas? Indagarão outros.
Façamos no entanto uma análise consciente de nossas qualidades e talentos que de um tipo ou de outro certamente possuímos.
Saúde, força, destreza, beleza e outros atributos físicos.
Inteligência, vivacidade, memória e demais atributos mentais.
Calma, tenacidade, alegria, etc., atributos emocionais.
Fé, esperança e caridade, atributos espirituais. E etc., etc.
Todos nós, fomos agraciados em maior ou menor quantidade e qualidade com alguns destes atributos e para os quais muito pouco dependemos de esforço próprio para obtê-los.
Pergunto: Será que durante nossas vidas chegamos a aplicar, investir, desenvolver e frutificar uma porcentagem razoável destes bens e potencialidades que recebemos ao nascer?
Ora, até pelos 'princípios contábeis geralmente aceitos' a porcentagem faltante seria certamente jogada à coluna de 'débito', ou seja, dívida.
E se por felicidade conseguimos chegar perto dos 100% no desenvolvimento de um atributo (do que certamente muito nos orgulhamos) é quase certo que pela lei das compensações mal tenhamos saído da estaca zero em outro!
Talento enterrado.
O pagamento para um talento enterrado é descrito na parábola dos talentos que Mateus e Lucas registraram. (Mt XXV, 14,30 e Lc XIX,12,27). Ele nos será tirado e entregue a aquele que já o possui em abundância e soube aplicá-lo.
E, ainda que, não tenhamos talentos enterrados e que os tenhamos feito frutificar a serviço dos irmãos será que, ainda assim, seremos daqueles a quem no final dos tempos o filho do homem poderá dizer:
'Venham, benditos de meu Pai, recebei o reino que vos está preparado desde a fundação da terra; porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era estrangeiro e me acolhestes, estava nu e me vestistes, doente e me visitastes, estava na prisão e me viestes ver.'
E os justos perguntarão: Senhor, quando foi que aconteceu que Te vimos com fome e Te alimentamos, com sede e Te saciamos, estrangeiro e Te acolhemos, nu e Te vestimos, doente e prisioneiro e Te fomos ver?
E o Rei lhes dará esta resposta: 'Na verdade Eu vos digo; na medida em que o fizestes a um dos menores de meus irmãos foi a mim que o haveis
feito.' (Mt XXV 34,40)
Será portanto que não devemos nada ao Pai e a nossos irmãos? Nem aquele sorriso que não demos ou aquela recusa gratuita para quem nos pediu algo que lhe era necessário?
Perdoai Senhor as nossas dívidas. Pois nós, nos já nos perdoamos......
Será ???
Há certas dívidas que jamais teremos condições de perdoar-nos a nós
mesmos!
Só quem perdeu alguém querido a quem devia um favor, uma retribuição, um carinho, um pedido de desculpas, etc. pode avaliar o quanto somos impotentes para nos perdoarmos quando aquele que poderia fazê-lo já se foi!
Aqui mais uma vez a ciência (no caso a psiquiatria) e a religião dão-se as mãos;
Sendo incapazes de nos auto-perdoarmos quase sempre nós nos neurotizamos com nossos sentimentos de culpa e remorsos que chegamos mesmo a somatizar em males físicos:
Ulceras, palpitações, enxaquecas e as vezes até mesmo paralisias!
Por isto Cristo antes de curar os males físicos dos doentes, para escândalo dos fariseus, sempre dizia: 'Os seus pecados estão perdoados.'
E os católicos romanos muito sabiamente souberam preservar pelo sacramento da penitência a ordem deixada aos apóstolos: 'Como o Pai me enviou Eu também vos envio. Recebei o Espírito Santo; (soprando sobre eles) aqueles a quem retirardes os pecados eles serão retirados e aqueles a quem os retiverdes eles serão retidos.' (Jo. XX 21,24)
Entretanto, ainda que assim possamos imaginar, não basta apenas que alguém nos perdoe, esta seria uma condição necessária, mas não suficiente, pois a condição de perdão segue-se muito claramente exposta como veremos na continuação da prece.

ASSIM COMO NÓS, PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES ...

Certa vez, Pedro indignado com seu irmão perguntou a Jesus: Senhor, quantas vezes precisarei perdoar as ofensas que me fizer meu irmão?
Devo ir até sete vezes? E Jesus respondeu: Eu não te digo sete, mas setenta vezes sete. (Mt. XVIII 21,22)
E isto aí, não nos iludamos, ninguém será perdoado daquilo que não perdoar igualmente em seu semelhante, o que sem dúvida é um truismo psicológico.
Como aceitaremos em nós o que não aceitamos em outrem? É sempre o defeito que temos, o que mais nos incomoda nos outros.
'Dois bicudos não se beijam' diz a sabedoria popular.
Quais os defeitos que mais criticamos e quais as atitudes que nunca deixamos passar sem um comentário crítico?
Cuidado, examinemo-nos com cuidado e nos veremos freqüentemente neles retratados, se não em ações, muito certamente em intenções!
Aquele(a) desgraçado(a) é um(a) ' $?@*$ ' pode ser a frase que
normalmente denuncia o fato de que no fundo gostaríamos de sê-lo também, mas que por medo, pelas circunstâncias, etc. não o somos.
Para deixar ainda mais clara esta condição da reciprocidade necessária ao perdão, Cristo contou uma parábola logo após a pergunta feita por Pedro.
...' a este respeito, o reino dos céus é como um rei que desejava acertar as contas com seus servidores.
Logo no início lhe trouxeram um que lhe devia cerca de 10000 talentos. (o talento era uma moeda judaica, cunhada em ouro e de grande valor).
Não tendo como pagar, o Senhor ordenou que o vendessem como escravo juntamente com sua mulher, filhos e todos os seus bens para assim saldar a dívida. O servo então jogou-se a seus pés implorando: Dá-me um prazo que eu lhe pagarei tudo que devo.
Compadecido o Senhor o deixou ir-se e o tornou livre de suas dívidas. Saindo de lá o servo encontrou um seu companheiro que lhe devia apenas cem denários (moeda judaica de pequeno valor).
Ele o pegou pelo pescoço tentando esganá-lo gritando: entregue tudo o que me deves.
Seu companheiro então jogou-se a seus pés em súplicas dizendo: Dai-me um prazo que eu te pagarei.
Mas o outro não o atendeu, pelo contrário, fez com que o conduzissem à prisão para que assim pagasse sua dívida.
Vendo o que estava acontecendo seus companheiros correram a contar ao Senhor o que o fez vir imediatamente a sua presença e disse: Servo mau, eu te perdoei toda a quantia que me devias porque suplicaste; não devias tu também apiedar-te de teu companheiro como eu tive piedade de ti? E o Senhor o entregou a seus carrascos para que o torturassem até que pagasse toda a sua dívida.

Assim também tratará o meu Pai celeste se cada um de vocês não perdoar seu irmão do fundo do coração!' (Mt. XVIII 23,25)
E o fundo do coração tem que ser algo autêntico e próprio de nós mesmos do contrário.... haverá rejeição.
Mas a aceitação e perdão dos defeitos e dívidas do irmão não significa que devamos concordar, anuir e aprovar os seus erros, pois do contrário estaremos errando juntos.
E claro que é preciso muito bom senso e autocontrole para que possamos separar ambas as coisas pois a nossa tendência é ligar invariavelmente a ofensa ou disputa a quem nos ofende ou litiga.
Com calma e reflexão no entanto é possível perdoar o ofensor sem nem por isso apoiar a ofensa ou aceitar uma injustiça.
Jesus na cruz bradou: 'Pai, perdoai-lhes; eles não sabem o que fazem!' Condenava o crime, o absurdo e a injustiça de sua crucificação mas perdoava os seus autores, incapazes de compreender a extensão dos mesmos. Seríamos nós capazes de tanto?
A terra escureceu e um terremoto sacudiu a Judéia partindo ao meio a pesada cortina do templo de Salomão, revirando sepulturas, partindo rochedos.
As aparições de pessoas mortas levaram ao pânico muitos habitantes de Jerusalém numa demonstração clara e inconteste da condenação ao crime sendo perpetrado no Calvário!
No entanto, não houve vítimas e ninguém foi atingido pois estavam perdoados! Só então reconheceram exclamando: 'Na verdade, este era o filho de Deus!' (Mt. XXVII 51,54)
Nós que estamos muito longe de ter a capacidade de Jesus para perdoar e que por muito menos, se pudéssemos faríamos a terra engolir a muitos, podemos no entanto seguir o seu conselho dado aos apóstolos:...
'Se teu irmão te ofender vá encontrá-lo e o repreenda particular-mente e a sós.
Se ele te escutar terás ganho o te irmão. Se ele não te escutar leva então contigo outros dois para que a polêmica seja decidida pela opinião de duas ou três testemunhas. Se ele se recusa a escutá-las torne pública a disputa e se ele mesmo assim persistir, que se torne ele para você como um pagão ou um publicano! (cobrador de impostos judeu a serviço dos romanos).
Duro? Talvez! Resta saber se Mateus ao descrever esta passagem não foi influenciado pela sua própria ex-condição de publicano, adulterando-a a seu feitio, pois Lucas a descreve de modo bem mais coerente com o perdão demonstrado no alto da cruz. (Mt XVIII 15,17) :
'E se sete vezes por dia ele peca contra ti e sete vezes ele retornar dizendo: Estou arrependido, você o perdoará' . E isto aí... (Lc XVII 3,4)

...NÃO DEIXEIS QUE SEJAMOS SUBMETIDOS A TENTAÇÃO


O ascetismo típico dos religiosos levou a caracterização da tentação quase que somente em algo que é vulgarmente representado por uma mulher voluptuosa de lábios carmim ou de um 'cavalheiro' de palavreado eloqüente.
Parece que a humanidade é incapaz de manter a sexualidade dentro de um contexto adequado à sua função e importância
Descamba, ora para tabus e proibições descabidas, ora para permissividades e licensiosidades igualmente exageradas, o que vem justificar portanto esta aparente primazia do sexo em matéria de tentação.
No entanto, quais seriam realmente as mais terríveis tentações a que estamos sujeitos e indefesos sem o amparo e proteção do Pai?
Vejamos: O próprio Cristo foi tentado pelo Demônio; e como? Pela tentação do amor próprio, pela tentação do poder e pela tentação da glória, riquezas e dinheiro.
Só isto?
Tão simples e aparentemente inofensivas todas as três!!! Sim, mas terrivelmente poderosas devido à nossa incapacidade humana para resistir aos seus apelos e pelas devastadoras conseqüências de suas ações.
As grandes desgraças da humanidade não tiveram outra origem que não a somatória dos constantes resvalos que cada um de nós, no dia a dia e em pequenas concessões, faz a estas três ferramentas eficientíssimas na motivação do ser humano.
Dúvida?
Faça um teste, duvide da capacidade de alguém executar algo, provoque o seu amor próprio. Se a fé não remover uma montanha pode-se facilmente removê-la com alguém desafiado a fazê-lo.
Vemos na primeira tentação o demônio propor muito ardilosamente: 'Se és realmente filho de Deus, transforme esta pedra em pão.' Ou seja: mostre o que você é. Faça se for capaz........
E nós, somos capazes das maiores barbaridades, nos maiores desamores, dos maiores crimes para mostrar a nós mesmos e aos outros, do que somos capazes ou daquilo que julgamos sermos capazes.
Transformar pedra em pão!
Esta aí toda a humanidade a sofrer os efeitos nefastos do perigo atômico, da poluição desmedida e do rompimento do equilíbrio ecológico global de nossa 'astronave terra'.
Por que? Porque quase sempre a ciência como conhecimento é suplantada pela tentação de transformarmos tudo, tudo fazer, executar e descobrir.
Não com uma finalidade, mas para uma simples demonstração de capacidade e de tecnologia sem limitações.
Nem cientistas, nem governantes e nem povos resistem a capacidade modificante espicaçada pelo amor próprio posto a prova.
Sofra quem sofrer, doa a quem doer, mas vamos conseguir e demonstrar ao 'resto do mundo' o que somos e do que somos capazes.
Milhões e gerações foram, são e serão sacrificados pelos séculos.
Mas Cristo resistiu e apesar de quarenta dias de jejum retrucou: 'Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor'.
E quem de nós, quando uma de nossas necessidades básicas de sobrevivência como a fome, a sede, o sono, a segurança, etc. esta insatisfeita é capaz de manter intacto os sentimentos nobres e altruísticos?
Os testemunhos de náufragos e de cenas de guerra aí estão a demonstrar o que é capaz a fera humana quando acuada.
E o demônio, profundo conhecedor da natureza humana, apelou então para a sua segunda e infalível grande arma, atentação do poder.
Sugeriu ao Mestre colocado sobre a torre do templo: Pule e ordene aos teus anjos que te amparem!
Reis, imperadores, déspotas, ditadores, potentados, presidentes, superintendentes, chefes e autoridades de qualquer espécie: Ordenem que será cumprido.
Só eles? Pais, maridos, esposas e nos dias que correm, até filhos!
Quem não abusa ou não abusou ainda que ligeiramente do poder pequeno ou grande que exerça sobre outro ou outros?
Isto para não falar dos que lutam, futricam, caluniam, tramam, traem, compram, se vendem e às vezes matam para atingir os postos de mando. Crimes, tragédias, guerras, 'Watergates', CIAs, SNIs, etc.
E Cristo retrucou, não com uma ordem aos anjos, mas lembrando ao demônio uma ordem superior a sua: a palavra do Pai: 'Está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus'.
Aí, o demônio imprudentemente apelou para a sua última e terrível arma: - as glórias e riquezas do mundo.
E de uma montanha muito alta, mostrou-as ao Mestre oferecendo: 'Tudo isto te darei se prostrado me adorares'.
Hitler, Napoleão, Alexandre e os Césares romanos, frutos de épocas e povos inteiramente contaminados pelo desejo de glória a qualquer preço.
Só eles? Absolutamente não.
Quanta futilidade, desperdício e “futricas” para aparecer numa coluna social podemos presenciar?
E quanto suor, desesperos e brigas para ser campeão de um torneio esportivo, na busca da glória pela glória e não a vitória como fruto da busca da perfeição de um esporte praticado por ideal.
Isto para não falarmos nos esportes mercenários, nos quais se arrisca a vida! A vida, esta chance de 1/1000000000 que recebemos após milhões de anos de evolução, em troca de apenas alguns milhões em moeda...
O poder e a glória, (título de um
livro de Graham Greene) a fama, o estrelato, todos como um fim em si mesmo e não como decorrência de um estado superior atingido, como no caso de José Arantes do Nascimento (Pelé), Este, que aos dezesseis anos certamente nem imaginava o que era ser ídolo ou milionário mas queria, isto sim , jogar uma “bolona”, e mais nada!
E podemos ver até mesmo as igrejas e os religiosos também incapazes de resistir, a cultuar as 'pompas de satanás'. A inquisição e a reforma estão aí na história para demonstrá-lo.
É preciso portanto que reconhecendo humildemente nossas fraquezas peçamos insistentemente ao Pai o seu auxílio:
E Cristo encerrou:
Retira-te satanás, só ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele prestarás culto. E os anjos se aproximaram e o serviram! (Mt. IV 1,11)
Aqueles que negam a divindade de Cristo deveriam refletir mais sobre esta passagem evangélica, pois qual filho terreno de mulher teria passado incólume por estas três provas?

. . . . . . . . . . . . MAS LIVRAI-NOS DO MAL.

Primeiro, de nossos próprios males, depois, dos males causados pelos nossos irmãos; da desgraça, das doenças e da pobreza, todos eles quase sempre, frutos e conseqüências dos males que descrevevemos a seguir:
Do mal da IRA... desde aquela pequena perda de 'esportiva' frente a uma opinião divergente da nossa e quiçá mais acertada, desde um desabafo descortês com quem perturba o nosso tempo, até dos grandes ódios rancorosos e acessos de fúria. Mantém no entanto Senhor a nossa indignação contra as injustiças e opressões ou contra as profanações e comercializações de vosso templo que é o nosso corpo ou o do corpo de nosso irmão.
Que como Vós, indignados com os vendilhões do templo, tenhamos a coragem de 'virar a mesa' na hora oportuna.
Do mal da INVEJA, 'do olho gordo' na casa do vizinho.
Que saibamos reconhecer a fama de quem a mereceu com seu talento.
Que saibamos aceitar a fortuna de quem a obteve por esforços próprios. Que aceitemos o poder dos que o detém em justiça.

Do mal da GULA, que acumula gorduras e celulites em nossos corpos sedenentários e colesterol esclerosante em nossas veias.
Que saibamos ser sóbrios, no comer, no beber e no fumar, sem deixarmos nunca de apreciar o carinho de quem nos preparou um bom prato, que nos regala com um bom vinho ou até mesmo com um ...charuto...
Do mal da PREGUIÇA, que nos afunda no assento de um carro para rodar só 500 m, ou nos prega na poltrona em frente da TV durante horas a fio. Da terrível preguiça mental que nos faz acomodados e satisfeitos com as idéias prontas que nos despejam os meios de comunicação, sem procurar as fontes diretas de informação, quando nescessário.
Mas, fazei-nos ativos física e mentalmente, sempre aptos ao trabalho, ao estudo, as novas idéias, as mudanças de ser, de pensar e de agir e ao tão necessário lazer construtivo e social nas horas do descanso merecido.
Do mal da AVAREZA, e da riqueza acumulada sem aplicação ou uso. Abri nossas mãos para que de graça possamos doar aquilo que, de graça tantas outras mãos já nos ofereceram.
Abri nossos corações para retribuirmos de graça o amor que já recebemos ao longo de nossas vidas e abri nossas cabeças para que disponhamos de graça nossas capacidades e talentos que de graça recebemos da vida.
Do mal da LUXURIA, da vida sem sacrifícios e esforços. Que não procuremos só o que é mais agradável e o que nos dê maior prazer.
Mas dai-nos o prazer da dificuldade superada e o agradável descanso da tarefa bem cumprida. Livrai-nos da licensiosidade, do deboche e do erotismo além daquele necessário para dar felicidade para a nossa outra metade (esposo ou esposa).
E do mal do ORGULHO, de nossa pretensão ou excesso de amor próprio. O que seríamos nós se não fossem os nossos pais, os nossos professores, os autores dos livros que lemos e as coisas mais elementares que alguém nos ensinou, pois sabendo é que não nascemos.
Que tenhamos a sabedoria de reconhecer nossas limitações e humildade para aceitá-las e que não sejamos demasiadamente exibidos de nossos dons, humilhando o próximo.
O que seríamos nós não fossem nossos amigos, nossa família, nossos chefes, nossos subordinados, etc. ?
Somos por acaso auto-suficientes e capazes de sobreviver a sós fabricando a comida que comemos, a roupa que vestimos e a casa que habitamos?
Isto, para não falar de tudo mais que nos rodeia que muitas vezes mal sabemos explicar como funciona ou mesmo reparar em caso de enguiço?

De que então nos orgulhamos?
O que conseguimos realizar única e exclusivamente por nós mesmos?
Dai-nos portanto Senhor a humildade para reconhecermos a nossa verdadeira dimensão e agradecermos o que nos destes de melhor.
Que nosso único e verdadeiro orgulho seja nos considerarmos objetos do amor do Pai que nos enviou seu Filho para nos ensinar esta oração maravilhosa... 'O Pai Nosso....'.

AMÉM (Assim seja).

São José dos Campos, Janeiro de 1999, revisão de texto original de Agosto de 1977



REFERÊNCIAS:

1) Mateus, Lucas, Marcos, João & outros; cf. tradução de “La Bible de Jerusalem”, Desclée de Brouwer, Paris, 1975
2) Criciumas, K. e Yenne, B.; Pictorial Atlas of the Universe, Bison Books, London, 1989.
3) Welikowski, I.; “Mundos em Colisão”, Ed. Melhoramentos, São Paulo, 1981
4) Berne, E.; “What do you say, after you say hallo?”, Grove Press, New York, 1972


DEDICATÓRIA:

Estas linhas, que escreví para minhas filhas Ana Laura, Rosana e Izabela, motivado por minha esposa Luiza Irene que sempre nos estimulou a refletir sobre o que se reza, e a tentar viver o que se pensa, dedico à memória daquela que me trouxe ao mundo, lavou minhas fraldas, tratou da minha bronquite, e que me ensinou a rezar até nos seus últimos dias, quando repetia, mesmo sofrendo: “Como Deus é bom!”: minha mãe Maria Luiza.
eng. Francisco Leme Galvão
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