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Ensaios-->EDUCAÇÃO HOLÍSTICA: Liberdade no Terceiro Milênio -- 09/04/2000 - 22:12 (Cícero Carlos de Oliveira /Aurora-CE/) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EDUCAÇÃO HOLÍSTICA:Uma solução inteligente para a crise do Paradigma Modernista

1. Panorama atual:a fragmentação do conhecimento;
2. Física Quântica e Psicologia Transpessoal: a libertação da ditadura da razão;
3. Educação Holística como solução.

INTRODUÇÃO

No século XVIII, o Iluminismo consolida o rompimento com o modelo de pensamento vigente. Desde a Antiguidade, o conhecimento era baseado na aceitação contemplativa da ciência aristotélica e na submissão ao absolutismo feudal e ao autoritarismo teocrático. Nasce o paradigma da modernidade estabelecendo a razão como bússola norteadora do homem diante do mundo e de si mesmo. Centrado no eixo newtoniano-cartesiano ( a “nova física” do inglês Isaac Newton e o pensamento matemático do francês Renee Descartes), a ciência floresce e se ramifica. Hoje, colhemos os frutos materiais deste progresso. Usufruimos as maravilhas tecnológicas. Mas não estamos felizes. A perplexidade permeia nosso tempo. A incerteza, a falta de rumos, a angústia. A frustração por não termos alcançado “a maioridade do espírito humano” de que nos falava Kant.

Neste trabalho pretendemos mostrar que a própria crise está gerando uma solução inteligente: a educação integral do homem.

1. PANORAMA ATUAL: A FRAGMENTAÇÃO DO CONHECIMENTO

A constatação de que vivemos um momento de crise é generalizada. As explicações são variadas. Todas, porém, convergem para um só ponto: a fragmentação do conhecimento levando a humanidade ao desequilíbrio.

“Nossa tão decantada civilização tecnológica está em crise. Vivemos numa época cuja principal característica está na divisão, algumas delas extremas, de especialidades em diversas áreas, como na Medicina, por exemplo. As promessas de felicidade material do capitalismo cientificista acabou-se por se transformar num pesadelo: de um lado, temos a cruel falta de alimentos e do mínimo de conforto material na maioria dos países do Terceiro Mundo; e do outro lado temos a miséria psicológica e os distúrbios emocionais de toda espécie que acompanham os excessos do consumismo dos países ricos. No Primeiro Mundo, apesar de todo conforto, cresce a solidão, a indiferença, os distúrbios da afetividade, a violência e a sensação da falta de sentido para a vida.” (GUIMARÃES, 1997 - Internet).

A atual crise da modernidade foi muito bem definida pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (in ARANHA, 1996:236): “O paradigma cultural da humanidade constituiu-se antes de o modo de produção capitalista se ter tornado dominante e extinguir-se-á antes de este último deixar de ser dominante. A sua extinção é complexa porque é em parte um processo de superação e em parte um processo de obsolescência. É superação na medida em que a modernidade cumpriu algumas das suas promessas e, de resto, cumpriu-as em excesso. É obsolescência na medida em que a modernidade está irremediavelmente incapacitada de cumprir outras de suas promessas. Tanto o excesso no cumprimento de algumas das promessas como o déficit no cumprimento de outras são responsáveis pela situação presente, que se apresenta superficialmente como de vazio ou de crise, mas que é, no nível mais profundo, uma situação de transição. Como todas as transições são simultaneamente semicegas e semivisíveis, não é possível nomear adequadamente a presente situação. Por esta razão lhe tem sido dado o nome inadequado de pós-modernidade. Mas, à falta de melhor, é um nome autêntico na sua anadequação”.

A racionalidade deificada proporcionou a extrema fragmentação do conhecimento. Vejamos um breve comentário do matemático Ubiratan D’Ambrósio (in ARANHA, 1996:167): “Na história das idéias científicas, o Ocidente se orientou pelo pensamento grego e, hoje, tudo que se refere à ciência ou ao conhecimento científico recorre à quantificação e a uma lógica inferencial, características da matemática grega. O mundo se “racionalizou” a partir do século XVI, tendo como guia e objetivo final a matematização ou o mecanicismo, como é muitas vezes chamado esse estilo de pensamento científico.”

Na página seguinte, o mesmo autor destaca a observação do líder sioux Russel Means, num documento do American Indian Movement: “Newton revolucionou a Física e as chamadas ciências naturais ao reduzir o universo físico a uma equação matemática linear. Descartges fez o mesmo com a cultura. John Locke o fez com a política e Adam Smith com a economia. Cada um desses ‘pensadores” tomou um pedaço da espiritualidade da existência humana e a converteu num código, numa abstração”.


2. FÍSICA QUÂNTICA E PSICOLOGIA TRANSPESSOAL: A LIBERTAÇÃO DA DITADURA DA RAZÃO

A palavra holismo tem raiz grega - hólos - que significa ‘inteiro’, ‘completo’. O adjetivo “holístico” vem da palavra grega “kath holikos” que se refere à totalidade, ao universal. Este termo foi consagrado na expressão “Igreja Católica” que quer dizer “Igreja Universal”.

O movimento holístico é a busca da unidade do conhecimento. É a reação à fragmentação resultante de cinco séculos do império absoluto da razão. Visto pelo Ocidente apenas como um anseio místico ou mais um modismo, hoje se tornou um movimento forte, com grandes defensores, inclusive, dentro da própria comunidade científica. Isto foi possível, principalmente, pelo progresso alcançado no campo de duas novas ciências: a Física Quântica e a Psicologia Transpessoal.

A teoria quântica surge quando o físico dinamarquês Niels Bohr descobre um comportamento intrigante nas partículas subatômicas (menores que o átomo: prótons, elétrons,etc) . Um elétron, por exemplo, só se comporta como partícula (matéria) quando está sendo observado. Se não estiver sendo observado ele se comporta como onda (energia). Para designar essa ambígua manifestação, os cientistas encontraram um termo latino: quanta (plural de quantum) . Daí o nome física quântica.

Esta descoberta asustadora abriu portas fascinantes para a compreensão do universo além da matéria. O mais extraordinário é a íncrível semelhança destas descobertas com as grandes tradições místicas do Oriente e do Ocidente. Há bem pouco tempo seria inimaginável que homens da ciência, respeitados no seu círculo acadêmico, defendessem pontos de vista como os seguintes.

“A relatividade e, o que é ainda mais importante, a mecânica quântica sugeriram com bastante vigor (embora não o tenham provado) que o mundo não pode ser analisado em partes que existem de modo separado e independente. /Além disso, cada parte, de certa forma, envolve todas as outras, contendo-as ou dobrando-as dentro de si. Esse fato sugere que a esfera comum da vida material e a esfera da experiência mística partilham de uma certa ordem e que isso permitirá um relacionamento proveitoso entre elas.”

“A verdadeira condição do mundo materikal é a totalidade. Se nos fragmentamos, a culpa é toda nossa.”
David Bohm (físico)

“Os físicos exploram os níveis da matéria: os místicos exzploram o nível da mente. O que estes têm em comum em suas explorações é que esses níveis , em ambos os casos, situam-se além da percepção sensorial ordinária.”
Fritjof Capra (físico)

A Psicologia Transpessoal, outra ciência emergente, defende que a percepção do universo é função do nível de desenvolvimento espiritual do homem. E vem de encontro ao zen-budismo que diz que, se nosso nível de consciência não está desenvolvido, sistematicamente deformará nossa maneira de ver o universo.
“A visão moderna do mundo afirma que o real pode ser percebido pelos sentidos ou por um instrumento físico. A visão transpessoal do mundo sustenta que existem realidades “não físicas” que podem ou não possuir manifestações físicas”
“Os modernistas exaltam a razão como nossa habilidade mais importante, mas os transpessoalistas conferem à intuição uma atribuiç~]ao igual ou mais importante, especialmente na facilitação de processos criativos.”
“A visão moderna do mundo reduz os seres humanos ao seu organismo físico; para compreender as pessoas, precisamos nos concentrar no corpo, especialmente no cérebro e no sistema nvervoso. Na psicologia transpessoal, o papel do corpo não é subestimado, mas aceita-se que há um componente “não físico” nos seres humanos que pode, de alguma forma, até mesmo sobreviver à morte física.” (Stanley Krippner in BRANDÃO, 1991:20,21).


3. EDUCAÇÃO HOLÍSTICA COMO SOLUÇÃO

Pelo número cada vez maior de argumentos em favor do movimento holístico, muitas comunidades estão implantando espontaneamente em suas escolas, a consciência holística.
Pierre Weil, consultor da ONU em educação para a paz e fundador da Universidade Holística Internacional de Brasília, elaborou um pequeno manual prático (A Arte de Viver em Paz), destinado a formar orientadores na nova visão. Ele propõe um sistema no qual “a educação se integre novamente à vida cotidiana, reencontrando algumas das características da aprendizagem imediata, que a aldeia antiga - sem escolas ou professores - proporcionava a seus jovens”.
A idéia de educação global é compartilhada por muitos educadores como a solução simples e ideal. O professor Jorge Ponciano Ribeiro (in BRANDÃO, 1991,140) tece os seguintes comentários:
“O grande problema da educação moderna é a informação, a instrução sem a consciência de uma resposta vital aos problemas de hoje. Costumo dizer que os cientistas se fazem nos laboratórios, nas bibliotecas, mas o sábio se faz na vida, na rua, nas praças, onde a vida não é escrita, mas vivida, sentida, sofrida..”
“Como fazer para que as pessoas sintam, amem, se toquem, acreditem umas nas outras, sem medo, sem tabus?”
“O homem moderno perde, cada vez mais, o sentido do primitivo, do original e segue as informações da ciência, da tecnologia.”
“A consciência de estar consciente é que distingue a máquina do homem, que torna o homem fenomenologicamente um produtor e não um produzido.”
“Educar é fazer com que se tenha sempre presente não só o “que” das coisas, mas sobretudo, o seu “para que” existencial encarnado. Educar sem modificação interna, sem engajamento, é educar para papéis que pouco ou nada resolvem.”


CONCLUSÃO

O fracasso sucessivo de uma revolução após outra no sistema educacional nos leva a crer que o melhor caminho é a simplicidade. A idéia instintiva de integração do homem com a natureza tende a prevalecer. Não se trata de retroceder. O novo paradigma inclui tudo o que foi construído pelo pensamento racional dentro da nova concepção de totalidade. Devemos apenas dar espaço ao lado direito do cérebro (que responde pelo pensamento subjetivo, intuitivo) e deixá-lo caminhar junto ao seu outro lado gêmeo racional que insiste em reinar absoluto.


BIBLIOGRAFIA

ARANHA, M.L.A . História da Educação. 2.ed. São Paulo: Editora Moderna, 1996.

BRANDÃO, Dênis M. S. e CREMA, Roberto (organização). Visão Holística em Psicologia e
Educação. 1.ed. São Paulo: Summus, 1991.

FERGUSON, Marilyn. A Conspiração Aquariana. 7.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

GUIMARÃES, Carlos Antônio Fragoso. Home page “Holística” na Internet, 1997.

WEIL, Pierre. A Arte de Viver em Paz. 4.ed. SãoPaulo: Editora Gente, 1993.

WILBER, Ken. O paradigma holográfico e outros paradoxos. 10.ed. São Paulo:
Ed. Cultrix,1995.


ALUNO: Cícero Carlos de Oliveira - 87/08065
UnB, Brasília (DF), 12.07.97
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