Aqui em casa mesmo, finalzinho de maio/2000.
Oi...Pai,
Timidamente, pois não estamos nos falando... confesso que acho que nos falávamos melhor quando eu não morava em casa, trabalhava em outra cidade, e com imensa saudade ligava quase todos os dias... bons tempos aqueles...
Sinto falta de suas palavras encorajadoras...
(Vou parar um pouco... tive vontade de chorar)
(De volta:)
Olha, estive pensando... não tem seis meses que retornei para casa e já estamos brigados... mãe diz que devo pedir-lhe a benção quando vou pro trabalho, mas engulo seco e não consigo... nos magoamos muito, não é??? E eu, cabeça dura que sou, e como mãe diz: 'Nossa como você se parece com seu pai!!', continuo aqui, não dou o braço a torcer...
Acho que é por isso que nós ainda não estamos nos falando... cheguei a me arrepender de ter voltado para casa... mas, agora é tarde,e me dói pensar assim, que já é tarde.
Estava com muitas esperanças antes de vir pra casa...de voltarmos a ser companheiros como éramos, de conversarmos horas e horas, como conversávamos, de... tanta coisa!!!
Peço a Deus que nos coloque frente-à-frente, mas quando me vejo assim me calo... não sei por onde começar...
Sinto sua falta...muito mesmo. Acho que você não vai ler, talvez nem saber da existência desta carta, pois não vou ter coragem de mostrar-lhe...
Ah, como isso me enforca. Sei lá... era a distância, acho que agora, no nosso caso é a proximidade.
Chego a acreditar que se eu for embora de novo voltaremos a nos dar bem...
Outro dia nos falamos mais... tchau.
Sua filha. |