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Ensaios-->Agradecimento -- 25/08/2000 - 17:27 (Ayra on) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por que não plagiar em estilo, os agradecimentos de Clarice, logo ela que me deu tanta dor de cabeça ao lembrar da nordestina que sou, pequeno burguês com fome de errar (pelo mundo ou na própria vida). Então agradecido começo pela dor de cabeça que é existir, pois penso que não existe dor de cabeça nessas coisas inexistentes. Não agradeço, todavia à Clarice pela dor de cabeça da existência, mas ao que somada a ela, (o esperma da existência e o óvulo da dor de cabeça de existir) dei a luz a essa bolha de sangue que chamo de arte ou desordem ou ordem ou caos.
Pensar também nas formas é estar grato por elas. Á toda magia do mundo sou grato. Da lambida de fogo ao capotar do carro, de forma suicida ou até mesmo com amor, entregando como todo homem ou mulher, a vida à morte.
Aos bruxos e a bruxa pelo que me tornei após os encantamentos, também a magia de olhar, pois tudo que vi e me causou espanto e encanto... (algumas coisas invisíveis como o próprio encanto, que também chamo de mágico). Agradeço à uma solidão que jamais existiu e que me deixa atordoado de frio e medo do escuro.
O amor que se mostra com vários figurinos, ator atormentado de minhas estâncias. Skerspeareano tragicômico e Carmem Miranda.

O futuro eu não agradeço não! Nunca chegarei a vê-lo e, para falar a verdade, eu estarei sempre imaginando o futuro, mas para esse eu apenas estarei olhando com olhos de presente. Bem da verdade, nem à verdade eu irei agradecer, pois essa eu também morrerei sem nem mesmo vir a tocar no rosto.
À todas as palavras de ordem, de medo e de fé. Aos mendigos sujos da rodoviária, meus amigos de miséria, sendo que a minha própria eles sentem pena de mim. Agradeço a prostituta que me inaugurou em histórias, ao cafetão que não cobrou e a linda casa rosa e de luzir vermelho onde, em um quarto cheirando a gente despudorada, num lençol sujo e azul desbotado eu deixei o meu dinheiro, lugar lindo onde nunca entrei.
Agradeço à traição ordinária que me torna lixo e ao lixo que nunca se ofende ao me ver vestir seu nome.
As cores que não vejo, ao beijo que não beijo, ao desejo que desejo, ao flamengo e Nelson e Oto.
Todos os comensais, palavra que a pouco descobri, mas que já é minha... Vê lá... Na verdade tenho pouco. Dos caquinho de verdade, que junto com os famintos recolhi perto da porta quebrada de um poeta, aos dinheiros que me faltam, mas obrigado ao pouco que tenho.
Obrigado, obrigado... me perco sempre em agradecimento e obrigação, por isso não irei agradecer a você que lê, pois iria parecer bajulador e o que tenho a lhe ofertar, depois de um “obrigado” poderia parecer vazio, mas esta cheio de... cheio de... cheio de algo... cheio de coisas do subjetivo e do objetivo, e da filosofia, e da ciência, e da gestante. Agradecer: “obrigado, obrigado!” me remete a Deus, então agradeço a ele ou eles ou a ausência dele.
À amada pelo qual terei sempre cautela e amor, o mesquinho, dolorido, mas amado amor que eu criei e que existe, portanto sou Deus, mas não me atrevo...
Ao grito lá em cima da cerra para atrapalhar os cânticos dos anjos chegando a ser também expulso do paraíso.
Aos bons infernos e aos bares onde perdi minha alma em baixo de alguma mesa e algum garçon, de nome Herodes, deve ter aparado para si.
À mãe pela criação e ao pai por não brincar comigo. Nunca a mim nem ao meu suor, porque esses tem valor secundário, pois antes de ser isso, sou Homem, bibliotecário, deus e lixo. Aproveito o ensejo para pedir desculpar aos personagens que criei e que criarei depois que aprendi a escrever (e criar), por partilhar minha agonia de ser somente o que sempre sonhei ser: algo.
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