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Ensaios-->MALDOROR DEXNAMORADOS -- 29/08/2000 - 18:51 (Ayra on) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
(((Explosão (silêncio)) gênesis)nada) ...

CALIGARRÉ

Constantemente os dois se entreolhavam. Era ritualístico aquele olhar, ou criado pelo diabo do clima, que parecida dar vida as possibilidades, ou forjado por uma saudade latente... não! Era somente o costume de já ter aqueles olhos nos seus. Afinal de contas, brilhavam nos olhos o púrpura de um passado e uma pergunta que geralmente servia pouso seguro para a mosca na sopa. Ah, “uma pergunta”! (o som anasalado da frase é o ralo onde a pergunta e a mosca adentram). E me desculpe o ar de deboche com que é tratada a idéia, mostro-me assim talvez por achar banal o que digo, pois há nessas coisas de passado, sempre a pergunta que causa desconforto, como o desenterrar de ossos... exumação! É que acho graça de perguntas sem respostas, são o meu objetivo, geralmente. São vazias como a vida. Perguntar é fazer tudo girar em nossas cabeças. Há uma necessidade humana de estar livre do pensar, uma necessidade de morte. Mas exite a dita EXUMAÇÃO... exumação... exumação... (essa palavra é como pedra de gelo, levemente passada no pescoço, ou como uma estocada de adaga nas costas por alguém de confiança?). Tinham olhos de exumação, olhares de desterro de ossos. Os fogos daquele olhar traziam um “mais” de peçonha. Um mesquinho e repugnante desejo de posse, como um gado marcado. (No tempo de olhar, os ratos que transitavam por debaixo da mesa estavam congelados como pedras... passava-se então o entreato de um segundo.) A vergonha ruboriza o rosto, sobe uma queimação que brota sem mais lugar de nascer. Um copo cai... os olhos buscam outro rumo como um náufrago que busca louco respirar realidade. Faz que dissimula rindo e fazendo um gracejo inoportuno. Afinal, já nasceram inoportunos.

Ela era do tipo humana, possivelmente por se obrigar ao social, coisa que fazia como um faminto por suicídio a se jogar ao precipício. Facilmente ficava sentida com o que lhe era dito de mal jeito, mas ao longo do dia era um só sorriso. Essa faceirice lhe custou caro no passado, hoje se veste de confusa. (Passado... passado... passado... passado passou, ora, e não me perturbe “outro-eu”!!!! Não sei te responder o que é passado não!!! Deixe-me em paz!!! Só sei que ele faz mal, pois eu vivo comendo passado e vomitando lembrança... me cria esperança por todo o corpo, até no coro cabeludo... passo mal com essa comida de passado.)

Bem, já ele era o tipinho descentrado. Tinha emprego e era um fulano até, por que não dizer, organizado... mas era descentrado! Sabia exatamente onde colocar suas incertezas. Ele facilmente trabalharia como administrador ou matemático, pois era bastante inteligente... (deixo essas reticências para que os grilos toquem suas rabecas e perturbem a soberania do silêncio da noite.)

N o i t e

M a d r u g a d a

D i a

Aqui estou, cheio de olhar para o espelho que é o papeu. Branco, vazio, frio, espacial e morto... Duro e sincero. Chega de amenidades. Serei cru. Amenizar faz parte da falsidade humana. (Não que o pobre homem tenha culpa de ser assim, mas é que esse já nasceu com o loco gênico da mentira. A primeira ameba, ou sabe-se lá o que antes dela apareceu, na verdade não era... era feita de mentira e nos passou todo o seu mal.) Cortesia e típica das coisas que não são sérias. Eu prefiro os livros, (e o café que preparo, amargo sem delicadeza) São retos e diretos em seus assuntos. Não me pergunta o que acho, simplesmente fala o que tem que falar e fala para qualquer um sempre a mesma coisa (entendam como quiser). Ele é doa a quem doer, é bate e pronto... não passa a mão na cabeça. Eu sou agora cada caracter, que forma cada palavra, que forma cada frase, que forma o texto que sou (isso que disse você pode pensar, mas falar não se atreveria). Sem beijos. A verdade é feita pra doer, mesmo ele sendo um caco miserável aos pés da porta do poeta.

Ela o amava, ponto. Ponto não, vírgula... Bem... reticências! Ao menos era o que parecia... (as gota que caem dão uma idéia de tédio, pois estou vazio do parágrafo anterior).
Ele a amava, ponto. Ponto uma vírgula... ao menos parecia-lhe bastante apropriado no momento...

Os dois podiam ser mensurados a partir de seus tempos. Ela poderia se esticar por horas em uma boa conversa, tinha dias de alegria e minutos de tristeza... que escondia no por do sol. Ele era inabalável, na sua própria opinião (na minha ele era um nada que persistia em querer ser... mas eu já limpei, de minha roupa, a poeira que ele é). Oscilava em ternura e secura. Hora de beijar, hora de trabalhar, hora e hora... parecia-lhe tudo cronometrado.
Viam-se sempre, mas como senhora fofoqueira que olha por um olho mágico de porta. Estavam sempre pensando em si na terceira pessoa do plural, e até achavam estranho quando pensavam assim. Acho que a lembrança é como um filme ou foto onde paralisamos a imagem... mas eu prefiro pensar no papel e o papel de ser papel.

O relógio da vida batia agora 54 meses e ainda se perguntam onde foi que erraram. Eu sei, mas me calo para ver no que dará tal desencontro. Eu vejo por fora, e é bem verdade que o observador que apenas analisa tem uma visão viciada pelo ópio de achar-se Deus, mas eu estou também na história desse dois... afogado até o pescoço. Eles estão impregnados em mim como o cheiro do cigarro.

São eles, um carinho um para o outro. Uma bondade que fizeram um para o outro. São eles ex-namorados, os maiores aliados e também o pior dos inimigos (é com parcas palavras que eu deposito em meus registro esse apito da rotina... pois me dá asco de mim escrever repetidamente o que tantos outros já escreveram. Tinha um sonho de ser um alguma coisa para um alguém, ou, até mesmo, um algo mais).
Nasce nesses que já não namoram sentimentos tortos. Passa a dar prazer certas coisinhas que não deram certo para o outro. ( Tocam, num violino, uma melodia pesada e dura que corrompe o texto). Mas olhar o ex-amor nos encantos de outro ser é atear fogo ao ciúmes, que incomoda mais que o cheiro dos ratos que agora já estão mortos. É inconstante o tempo para os ex-namorados. (Abro agora um parêntese que não irei fechar, provocando uma ação em cadeia que ira derrubar todos os outros parênteses que eu irei abrir ao longo de minha vida, como a saudosa brincadeira de dominó. Isso me trará felicidade ao lembrar que fui criança.

Ex-namorados... Exumação... De repente (arranha o quadro com a unha e me arrepia com o som que causa desconforto) “Eu quero voltar!” Isso, no ouvido daquele que ex namora é como surtar... o rosto se ruboriza, o coração bate mais forte, os olhos geralmente procuram o chão e bate, lá no fundo aquele sentimento vil de vitória, como se o inimigo baixasse a guarda e o que se seguiria então era uma golpe profundo no coração causando-lhe a morte... morte do orgulho... a morte do orgulho, do brio... a vergonha eterna, a pior das mortes... “EU QUERO VOLTAR.!” Ficou louco?!? Voltar pra onde?!? O amor é uma linha reta que se encontrará no infinito, já disse Antônio Bartolo. Acham que essas coisas do quanta não são regras para ex-namorados? Pensas assim mesmo? Pois eu digo que não. Não se pode voltar ao passado. E digo mais, o presente que bebe do passado é envenenado. Retornar poderia ser possível, se eles fossem eu (essas cordas desafinaram-se), pois crio vida. Eu os criei e portanto sou Deus, mas para eles é impossível. Não os escrevi assim.
Um dito popular diz, “Namorados agora... ex-namorados para sempre...” Ele não a quer, mas sim seu ego. Ela não o quer, mas o deseja como coisas que guardamos na gaveta, mas que nunca usamos, temos apenas pelo prazer de ter.
(As violas tocam Noel Rosa...)

Por fim, pois já os detesto pelo que são, e chego até ao ciúme pois sou ex-namorado dos dois agora que os amo e odeio no mesmo termo. Tudo que relatei até então é passado e, como os dois, mortos em seus lamentos... nem percebemos quando o presente vira passado, um dia acordamos e nos damos conta que algo simplesmente passou, aí temos saudades... Assim é o amor e os namoros, e os casamentos e as amizades, não se percebe quando se é ex-algo até que um dia a sangria da ferida que nunca fecha se abre em flor de saudade.

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