Alguns dias após a concepção de Jesus em pleno deserto e sem qualquer conforto, recursos materiais e médicos, a jovem Mãe Maria levou seu menino ao Templo Sagrado a fim de apresentá-lo ao Pai Eterno e Dele receber sua graça e aceitação.
Inconscientemente ou não repetimos o comportamento de Maria quando nos tornamos Mães direta ou indiretamente, pedindo com fervor pela presença do espírito de Deus na vida de nossas crianças através da lavagem do corpo e da purificação da alma, o batismo. Assim como Maria o nosso único desejo é que o Pai Celestial seja a Esfera Máxima, a Redoma Resistente, o Manto Sagrado, a Casca Protetora da Semente, o Pastor dos pequenos. Entregamos, como fez Maria, a vida de nossas crianças nas mãos de Deus e ao mesmo tempo aproveitamos para renovarmos a vida que Ele nos presenteou.
Desta forma o Templo do Senhor passa a ser o Verdadeiro Lar, o lugar onde temos todo o amparo necessário independente do conforto material que a toda hora nos convida ao vazio interior. Na Casa do Pai o alimento e o conforto de nossos corpos são a paz e o mais sublime amor. Dentro dela tudo fica mais fácil, a vida parece ser tão leve quanto um punhado de algodão bailando no ar ou uma rosa banhando-se nas águas tranqüilas do mar.
Com Ele podemos conversar, abraçar, receber e dar carinhos, chorar quando aflitos ou imbuídos de comoção. Podemos sorrir e dizer sem preconceitos ou limitações: 'Pai, eu te amo!', porque fica fácil pronunciar a palavra amor sem que ela aprisione nossas verdades ou que seja razão de olhares desconfiados. A Casa do Pai é abençoada. Ela é o nosso refúgio e o nosso encontro. Está constantemente de braços e portas abertas para nos acolher, proteger e nos dar alento como um lenço secando-nos as lágrimas, como uma brisa de coqueiro em pleno verão.
Quando Maria entregou Jesus-Menino aos cuidados de Deus ela na verdade conduzia confiante o filho por um caminho sadio de valor humano e espiritual incomparáveis aos que se pode percorrer. Quando levamos nossos pequenos ao batismo, ou quando nossos pais nos batizaram, acreditamos nesta promessa. Nossa crença é tão forte que nem damos conta deste poder, do significado imerso neste ritual.
Assim, aprendemos com Maria a intensidade da transparência e da entrega. Daquilo que chamamos de AMOR.
Hoje, vejo Maria em todas as Mães e em todas as Mulheres. Vejo hoje Maria mais próxima de mim. Vejo-me Maria, em alguns insights solitários e aos poucos compreendo que ser Mãe está muito além de um parto, de uma maternidade, de uma placenta ou de tecidos responsáveis pela formação do cordão umbilical. É possível sentir-se Mãe sem nunca se ter gerado filhos. Maria? Quem terá a pretensão de se igualar a ela? Mulheres casadas, mães solteiras? Para ser como Maria o mundo deveria renascer. E isso eu espero muito que um dia venha a acontecer, Mãe, Mulher, Maria e Eu (Nós).
Em 16/09/00
Andréa Abdala
Revisto gentilmente por Vânia Moreira Diniz - A Amiga de Verdade