IMPRESSÃO DIGITAL
A empresa era exigente. Quando o sujeito conseguiu entrar em seus quadros, teve até de fazer juramento sobre a Bíblia (minto, não era bíblia, mas um livrão preto com todas as normas da firma). Era o primeiro emprego. Descendente de alemãos, o cara se largou pra cidadezinha reduto de italianos. Entre as coisas que teve de jurar, constavam itens como: não devo paquerar com as clientes; devo cumprimentar o chefe todos os dias.
Mas o ritual de posse na empresa não se resumia a isso. Efetuado o juramento solene, trouxeram uma enorme almofada, enxarcada de tinta para carimbo. Era o momento de providenciar as impressões digitais.
- Mas já fiz isso, quando preenchi o cadastro de empregados.
- Claro, dos dedos da mão. Agora vamos tirar as impressões do pé. Você será um funcionário importante; se por infelicidade, num acidente, inutilizar as mãos, ainda poderá ser reconhecido.
O argumento não era muito convincente, mas vá lá. O emprego valia o incómodo. Tirou o sapato, arregaçou as calças e afundou o pé naquela carimbeira gigante. Depois, o chefe de cerimónias (tinha até chefe de cerimónias, vejam só!) falou: agora, só mais uma coisinha, simples burocracia. Vá ao toalete, baixe as calças e dê uma sentadinha na almofada. Falta tirar as impressões da...digamos... da parte traseira.
- Que que é isso? - reclamou. Não sou nenhum artista famoso pra deixar gravadas as dimensões do meu bumbum.
Teve que submeter-se. Eram normas da empresa. As normas da empresa previam até o que o empregado deveria pensar quando em serviço. Foi um vexame. Sem falar o que teve de se esfregar para eliminar a tinta.
Dia seguinte, ao chegar na firma, havia uma multidão de colegas rodeando o mural de avisos. Abriram espaço para o novato se aproximar. Viu um cartaz enorme, com as impressões de seu popó, onde estava impresso:
MUSEU DO BUMBUM
Exemplar de No. 17
Bunda Germànica
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