O Marx barbudo é bastante popular e já foi devidamente estudado. Já o Marx glabro, hegeliano, com o rosto liso, barbeado, é menos divulgado. Aos 24 anos de idade, com um PhD pela Universidade de Iena, a cabeça cheia de idéias liberais e a cara limpa ( sem barba ), o Dr. Karl Marx resolveu começar a vida como jornalista na redação da Gazeta Renana. Competente, logo se tornou editor-chefe em menos de um ano e elevou a quantidade de assinantes de 800 para 3400 em poucos meses. O Jornal era contra o Governo da época e a luta de Marx contra os censores e membros deste governo veio a findar em 1843, quando resolveu tomar o trem de Colonia para Paris, onde deixaria crescer a barba e escrever todos os textos revolucionários que conhecemos.
Essa primeira encarnação de Karl Marx como jornalista sem barba é pouco conhecida, sobretudo porque neste tempo o jovem pensador tentou mudar a sociedade por dentro, esgrimindo muito mais como um liberal reformador e moralista do que como um radical. São desta época seus escritos sobre a liberdade de imprensa, seus primeiros ensaios políticos. Marx apontou, por exemplo, que, “na terra da Censura, certamente, o Estado não tem liberdade de Imprensa, mas um membro do Estado, o governo, a tem”; outro momento aponta que, “nenhuma pessoa luta contra a liberdade; no máximo, luta-se contra a liberdade dos outros”. Já processado pelo Governo, o jornalista afirma que, “o primeiro dever da Imprensa é minar todas as bases do sistema político existente” e, neste momento, percebe-se um retrato da evolução do autor em direções mais radicais.
Incapaz de migrar, Marx emigrou! O resto já sabemos.
Texto original : Denison Borges
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